Há um Ciro que faz e um Ciro que fala
Ciro Gomes é um homem experiente e um político vitorioso. Portanto, seria presunçoso da minha parte oferecer-lhe qualquer lição sobre como se portar para alcançar o sonho de um dia chegar à sonhada presidência da República. É gritante, apesar disso, sua incapacidade de se controlar em nome das próprias estratégias, do interesse que é dele mesmo. Esta crise que acaba de criar com petistas parece inexplicável sob qualquer aspecto racional em que seja analisada.
Imagina-se que lhe seja estratégico, por exemplo, atrair parcelas do PT, e até o partido inteiro, para seu projeto de candidatura presidencial em 2018. As pesquisas mostram que haveria um movimentação normal de parte dos eleitores de Lula em direção à candidatura do cearense, na eventualidade de se confirmar a exclusão do petista do processo dev ido a problemas com a justiça. Este fato, mais a reunião que teve com o ex-prefeito Fernando Haddad, semana passada, sinalizando a abertura de um caminho comum para o futuro, tornam inexplicável o duro ataque de Ciro no final de semana ao PT. Sem discutir o mérito do que ele disse.
O que custaria ao pedetista apenas esperar que a realidade se imponha, mostrando a inviabilidade da candidatura Lula? A língua de Ciro precisa entrar em linha com suas ações pela costura de uma aliança das esquerdas que ficaria muito comprometida sem a participação do PT.
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GUÁLTER GEORGE gualter@opovo.com.br