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Os EUA e o protagonismo dos filhos do presidente
Opinião

Os EUA e o protagonismo dos filhos do presidente

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O encontro de Jair Bolsonaro com o ídolo Donald Trump, nos Estados Unidos, colocou os filhos do presidente brasileiro em papel de inquestionável protagonismo. Mesmo sem ocuparem qualquer cargo no Executivo federal, os irmãos Eduardo e Carlos Bolsonaro assumiram postura ativa, como se fossem parte do Governo - e como se não houvesse agentes nomeados, encarregados para tais funções.

Parte da comitiva que foi aos Estados Unidos, o deputado federal Eduardo Bolsonaro esteve ao lado do presidente no Salão Oval, ontem, rompendo protocolos e ofuscando o chanceler Ernesto Araújo, que sequer entrou na sala. Após a reunião na Casa Branca, Eduardo tentou minimizar repercussão afirmando, via Twitter, que não está "numa competição" com Araújo. Acrescentou que tem os passos controlados pelo ministro. Nos bastidores, contudo, circula que Eduardo vem atuando como chanceler informal do governo. Outro exemplo de como as atribuições se confundem: foi por meio do microblog do deputado federal que se tornou pública a visita do presidente à CIA, a Agência de Inteligência Americana, na segunda-feira. A atividade não constava na agenda oficial do chefe de Estado brasileiro.

Já o vereador pelo Rio de Janeiro, Carlos, assumiu o papel de articulador do pai em Brasília. Como ele próprio descreveu, no Twitter, "desenvolvendo linhas de produção solicitadas pelo presidente Jair Bolsonaro". Carlos transitou pelos corredores do Congresso, onde travou diálogos com "amigos deputados federais". A iniciativa levanta questões sobre qual seria então o papel de Hamilton Mourão, que é o vice-presidente, ou mesmo de articuladores do Governo, caso do ministro Onyx Lorenzoni. Ainda na segunda, a assessoria da Presidência foi levada a afirmar que "desconhece" que Carlos tenha ido ao Planalto.

Fica demonstrado, portanto, que os limites entre os assuntos de família e os da Presidência da República ainda não estão bem demarcados. Não se passaram nem 100 dias de governo e foram vários os desgastes gerados pelas interferências dos filhos em questões do Planalto - um deles resultou na queda do ministro Gustavo Bebianno. O assunto preocupa ainda mais agora, momento em que o Governo precisa se blindar de polêmicas para avançar em pautas cruciais, como a reforma da Previdência. n

 

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