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CSP tem alta de 75% nas vendas, mas acumula prejuízo de R$ 5,5 milhões
Economia

CSP tem alta de 75% nas vendas, mas acumula prejuízo de R$ 5,5 milhões

Segundo especialistas, saldo negativo já era esperado. Companhia diz que acumulou resultado positivo de R$ 1,2 bilhão em 2018, sem os efeitos financeiros
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Apesar dos R$ 6,3 bilhões em vendas alcançadas no ano passado, alta de 75% ante 2017, a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) acumula prejuízos desde o ano da sua inauguração.

A joint venture formada pela Vale e as sul-coreanas Posco e Dongkuk começou 2017 com saldo negativo de R$ 2.113.178 e encerrou com R$ 3.744.250 em perdas. Em 2018, foi a R$ 1.794.461, totalizando R$ 5.538.711 em prejuízos no fim do ano.

As informações são de balanço financeiro da CSP do fechamento de 2018. Em uma mensagem da administração da companhia voltada aos acionistas do negócio, os números negativos dividem espaço com investimentos e a celebração de trunfos como a produção de 2.937 milhões de toneladas de placas de aço durante o ano passado.

Em nota, a CSP informa que o prejuízo apresentado "refere-se, em 90%, à variação cambial negativa da dívida da empresa em dólar (valor captado para a viabilização do projeto), mas não necessariamente representa impactos financeiros". A empresa também afirma que o saldo inclui gastos pré-operacionais gestados ainda na criação da Companhia, há 11 anos. "As receitas começaram a ser auferidas somente há 2,5 anos, com o início da operação".

O economista Alcântara Macedo argumenta que o prejuízo divulgado não deve ser avaliado com gravidade. Ele acrescenta que o saldo negativo não pode ser analisado como um prenúncio de tempos ruins para a companhia recém-instalada no município de São Gonçalo do Amarante, uma vez que custos de manutenção e maquinário não podem ser esquecidos quando se analisam faturamentos de novos negócios.

"Não fica parecendo que a empresa não tem consistência financeira. Acredito que (esse prejuízo) vai acontecer por alguns anos, pois deve ter origem na depreciação das máquinas e equipamentos. Três ou cinco milhões de prejuízo em comparação a um faturamento alto como o da CSP não é algo que prenuncie que a companhia está dando sinais de que não é um bom negócio", diz.

Em nota ao O POVO, a Companhia Siderúrgica ressalta que o resultado ajustado, que deixa de fora efeitos financeiros e depreciação, com a qual é medida a performance operacional da empresa, demonstra que, por outro lado, a CSP saiu de "um prejuízo de R$ 452 milhões em 2017 para um resultado positivo de R$ 1,2 bilhão em 2018".

os números apresentados pela Companhia contrastam com um cenário internacional árido. Nos últimos anos, barreiras protecionistas europeias e norte-americanas têm impactado na exportação do aço produzido no País, o que exige maior poder de negociação em processos de venda para o Exterior.

Ian Corrêa, vice-presidente do Grupo Aço Cearense, argumenta que a análise do cenário deve levar em conta os altos custos de produção de aço no Brasil. "Nosso custo em relação à infraestrutura, portos, encargos trabalhistas, são altos", avalia. Ele acrescenta que a competição de mercado com outros países é acirrada. "Quando vamos para fora, para competir com o mercado internacional, fica mais difícil. Lá fora você está competindo com a China, você percebe que há excesso de aço no mundo".

Acerca das barreiras impostas ao produto brasileiro no Exterior, Ian argumenta que a permanência de relações com os Estados Unidos, ainda que tenha passado por mudanças, "é um dos casos em que a gente consegue ter entrada". Sobre o assunto, a CSP argumenta que a adoção da Seção 232 feita pelo governo norte-americano ajudou a aumentar a participação da companhia nesse território. Pelo sistema, a exportação é feita em limites de cotas, ao invés de ser tarifada com altos valores.

Números

6 milhões de toneladas de placas de aço, de 200 tipos diferentes, já foram produzidas pela CSP desde a inauguração da Companhia

20 países já receberam as placas de aço produzidas pela CSP

R$ 6,3 bilhões é o total de vendas da CSP em 2018

Ações

A mensagem divulgada pela CSP também traz uma série de ações implementada nos últimos anos:

Certificações - Após a certificação da ISO 9001 em 2016, a CSP passou por auditoria de recertificação em 2018 sem ocorrências de não conformidade. Uma auditoria de recertificação da ISO 14001 (Meio Ambiente) também não constatou nenhuma inconformidade.

Recursos humanos e comunidades - Através de uma parceria com o Senai-CE, foi criado o Programa Jovem Aprendiz, que objetiva capacitar jovens entre 18 e 23 anos, prioritariamente residentes na região onde a CSP está situada, para a ocupação de futuros postos de trabalho na Companhia. Por meio do Programa de Trainee, a CSP busca contratar jovens profissionais cearenses, com até três anos de formados, para desenvolver carreira na empresa.

Meio ambiente - A Companhia também divulgou que manteve o baixo consumo de água no processo produtivo, com um percentual médio de 98% de recirculação. Adicionalmente, obteve melhores indicadores de destinação de resíduos para reciclagem interna e externa.

Segurança do trabalho - As taxas de frequência de acidentes com e sem afastamento caíram para abaixo da metade, quando comparadas com 2017.

Planejamento estratégico - Em outubro, foi lançado oficialmente o Planejamento Estratégico CSP 2023, com foco nos próximos cinco anos. O documento está baseado em cinco principais dimensões: Sustentabilidade, Pessoas, Clientes e Mercado, Processos e Resultados.

 

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