Eleição: não haverá substituto
O cenário político brasileiro sofreu um “freio de arrumação” com a decisão tomada pelo ex-presidente Lula de levar sua candidatura até o fim, seja qual for o resultado do seu registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no próximo dia 15 de agosto. O pedido de registro será testemunhado por milhares de apoiadores em Brasília. Se vetado, ele lançará mão de todos os recursos legais a que tem direito, inclusive depois de 17 de setembro, último prazo dado pela Justiça Eleitoral para mudar o candidato de uma chapa eleitoral. Isso significa que não haverá mais a estratégia ambígua, defendida por alguns, de indicar um substituto de última hora para receber eventual transferência de votos do dirigente petista. Toda a estratégia de correligionários e aliados deverá estar, daqui para frente, subordinada à diretiva: “é Lula ou Lula”.
BASE LEGAL
Base legal para isso – concorrer mesmo de dentro da cadeia - existe, de acordo com o advogado Luiz Fernando Casagrande Pereira, um dos responsáveis pela defesa do ex-presidente, em entrevista concedida à TV Estadão. A recusa, pela ministra Rosa Weber, do STF, de antecipar a impugnação da candidatura do petista, como foi pedido pelo Movimento Brasil Livre (MBL) é um indicativo disso. Aliás, concorrer a uma eleição, ainda que na condição de prisioneiro, não é inédito e já ocorreu em vários países. Um dos casos mais famosos foi o de Bobby Sands, líder do movimento pela autonomia da Irlanda do Norte, eleito em 1981, mesmo estando preso e condenado. Nos Estados Unidos, em 1920, o candidato do Partido Socialista, Eugene Debs, líder sindicalista, disputou a presidência da República de dentro de um presídio – e ficou em 3º lugar, obtendo cerca de um milhão de votos, dentre 26 milhões de eleitores.PRECEDENTES BRASILEIROS
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IMPERATIVO
O entendimento crescente é o de que votar, ou não, em Lula é uma opção legítima, segundo a própria consciência política, mas, defender o seu direito constitucional de concorrer é um dever incontornável para qualquer democrata verdadeiro (seja da direita ou da esquerda), mesmo discordando das ideias do candidato e não votando nele. Pois se trata de defender a ordem jurídica constitucional, o Estado Democrático de Direito, e assim evitar, segundo os críticos, a naturalização de um regime de exceção em andamento, comandado pelo arbítrio de juízes, procuradores e delegados de polícia.“NÃO SOU TRAIDOR”
Lula diz que não trairá os que confiam nele para reverter a crise que afunda o País. Segundo a Vox Populi, ele tem 41% das preferências, enquanto os demais pré-candidatos somam 29% - significando que seria eleito, em primeiro turno, com 58% dos votos válidos. Para ele, caberá à Justiça a responsabilidade de “sujar as mãos”. Quanto a si, acaba de receber a solidariedade de um grupo de 29 congressistas americanos, liderados pelo senador Bernie Sanders (pré-candidato à presidência dos Estados Unidos em 2016 e o mais prestigiado político do país). Outro que o visitou, em Curitiba, foi o deputado Roberto Gualtieri, do Parlamento Europeu, que ficou horrorizado com as ilegalidades do processo contra Lula: https://bit.do/esGgc