A agricultora Maria Liduína de Castro, 33 anos, deve voltar a ouvir após passar por um implante coclear, realizado pela primeira vez nesta quinta-feira, 25, no Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC). O procedimento é conhecido popularmente como "ouvido biônico".
Aos 21 anos de idade, Maria Liduína foi perdendo a audição. Dois anos depois, já não ouvia. A agricultura chegou a usar um aparelho auditivo, mas ainda tinha muita dificuldade, relata sua irmã, Luciana de Castro Alves. "Agora, com o implante, é como se ela nascesse de novo", comemora.
O chefe do Serviço de Otorrinolaringologista do HUWC, André Alencar Araripe Nunes, explica que o implante estimulará diretamente o nervo auditivo da paciente através da ação de pequenos eletrodos que são colocados na cóclea (estrutura do ouvido interno em forma de caracol que converte a energia mecânica do som em estímulos elétricos). Esse sinais serão levados até o cérebro pelo nervo auditivo.
Conforme André Alencar, o implante possibilita uma melhor qualidade de vida aos pacientes. Em muitos casos, permite que essas pessoas possam reaprender a ouvir e a falar.
O procedimento implanta um feixe composto por eletrodos dentro do ouvido do paciente. Após inserido, esse feixe conecta-se a um receptor, colocado por baixo da pele, atrás da orelha. Unido ao receptor ficam a antena e o imã, que servem para auxiliar o componente externo a captar os sinais elétricos.
Para que seja realizado o implante coclear, é necessário a atuação de uma equipe multiprofissional. Entre as especialidades estão: otorrinolaringologistas, fonoaudiólogos, psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros, técnicos de enfermagem, neurologistas, pediatras, geneticistas e médicos radiologistas. São especialistas que participam desde a triagem dos pacientes aptos ao procedimento, passando pelo ato cirúrgico em si, até o acompanhamento pós-cirúrgico.
De acordo com a fonoaudióloga Alessandra Teixeira Bezerra de Mendonça, no final de maio Maria Liduína retornará ao hospital para ativar o implante, quando será colocado o componente externo (composto de processador de fala, antena transmissora e microfone), que captará o som do ambiente e levá-lo até o nervo auditivo.
O Hospital Universitário Walter Cantídio, gerido pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), tentava desde 2005 o credenciamento junto à Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) para habilitar o programa de implante coclear, que permite que o Sistema Único de Saúde (SUS) cubra os custos. Além do Walter Cantídio, o Hospital Geral de Fortaleza (HGF) realiza o procedimento.
Atualmente, 55 pacientes já atendidos no Hospital Universitário são candidatos ao procedimento, entre crianças, adolescentes e adultos. Só depois de zerada essa fila, será possível receber pacientes encaminhados pela Central de Regulação do Estado.