Atleta vitima de Chernobyl está nas Paralimpíadas; saiba quem é

A história inspiradora de Oksana Masters, multicampeã paralímpica, destaca superação e conquistas no remo, paraciclismo, esqui cross-country e parabiatlo

20:31 | Ago. 29, 2024

Por: Caynã Marques
Oksana Masters, embora defenda os EUA nas Paralimpíadas, ela é ucraniana de nascimento (foto: Charly Triballeau/AFP)

Se um estúdio de Hollywood ainda não escolheu a história de vida de Oksana Masters para um filme, então é provável de que em breve o fará. Embora defenda os EUA, ela é ucraniana de nascimento, e sua deficiência decorre da famosa tragédia de Chernobyl.

Após ser abandonada por sua família na Ucrânia, foi adotada e levada para os Estados Unidos. Hoje, ela é multicampeã paralímpica.

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Além de suas conquistas nos Jogos de Verão em duas modalidades diferentes - remo paralímpico e paraciclismo -, ela coleciona conquistas nos Jogos de Inverno no esqui cross-country e no parabiatlo.

Aos 35 anos de idade, ela vai para mais uma edição dos Jogos Paralímpicos, agora em Paris. Em Tóquio 2020, competindo pelo paraciclismo, conseguiu duas medalhas de ouro. Conheça a história de Oksana Masters.

Oksana Masters nas Paralimpíadas: atleta nasceu com múltiplas deficiências

Nascida na Ucrânia logo após o acidente nuclear de Chernobyl, Oksana nasceu com múltiplas deficiências congênitas que afetavam quase todo o seu corpo, incluindo hemimelia tibial.

Ao nascer, suas pernas tinham comprimentos diferentes (e não continham tíbias essenciais para suportar peso), seus pés tinham seis dedos e cada mão tinha cinco dedos palmados — e nenhum polegar.

Pouco depois de seu nascimento, seus pais biológicos a abandonaram, deixando-a à mercê de orfanatos, onde ela suportou várias ocorrências de agressão sexual até os sete anos de idade, de acordo com o The Guardian.

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Não se sabe se a mãe morava na região do desastre ou se ingeriu produtos contaminados, mas Oksana passou por várias instituições até ser adotada por uma professora estadunidense aos 7 anos.

Oksana Masters nas Paralimpíadas: adoção e ida aos Estados Unidos

Oksana foi adotada por uma mulher americana, Gay Masters, e levada para viver nos Estados Unidos. Na época, ela tinha bem menos de um metro de altura e pesava apenas 16 kg.

Vivendo em um novo país, ela foi aprendendo a nova língua e, com o apoio da mãe, superou diversos problemas, como as cirurgias que levaram à amputação de suas pernas.

Em uma tentativa de aliviar suas deficiências, os médicos decidiram amputar primeiro sua perna esquerda, e então, quatro anos depois, a direita. Ela também passou por operações em suas mãos.

Oksana se adaptou bem às suas pernas protéticas. Pouco antes de perder a perna direita, ela descobriu o esporte do remo adaptativo.

"(Por meio do remo) consegui aprender meus pontos fortes e realmente apreciar o que meu corpo podia fazer, em vez de focar no que estava faltando", disse ela à Sports Illustrated em 2020.

Oksana Masters nas Paralimpíadas: carreira vitoriosa

Oksana, em sua aparição nos Jogos Paralímpicos, conquistou uma medalha de bronze ao lado de Augusto Perez em Londres 2012. No entanto, uma lesão nas costas encurtou sua carreira no para-remo, deixando-a sem um esporte para competir, muito menos dominar.

Mas Oksana não deixaria uma lesão nas costas interromper sua carreira olímpica. Como qualquer atleta de elite, Oksana Masters mudou de direção, praticando paraciclismo, biatlo e esqui cross-country, tornando-se uma atleta olímpica tanto nas modalidades de verão quanto de inverno.

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Previsivelmente, ela concentrou sua atenção em treinamento extensivo e técnica para esses esportes 'desconhecidos', resultando em realizações impressionantes, considerando que ela teve que mudar de esporte tão cedo em sua carreira.

Ela detém o recorde de mais medalhas nas Paralimpíadas de Inverno, com 14.

No Rio 2016, ela estreou novamente em uma competição nos Jogos de Verão, dessa vez no ciclismo, e ficou a poucos segundos de conseguir uma medalha de bronze.

Para encerrar seu quadro de conquistas, ela ostentou duas medalhas de ouro no paraciclismo feminino nos Jogos de Tóquio 2020, além do ouro que ganhou no Campeonato Mundial de Estrada de Glasgow 2023.