Paralimpíadas: atriz ex-Chiquititas participará dos Jogos em Paris

Giovanna Boscolo, ex-atriz e campeã de ginástica, convive com doença rara e agora se prepara para brilhar nos Jogos Paralímpicos de Paris

15:47 | Ago. 22, 2024

Por: Caynã Marques
Giovanna Boscolo, após sua participação no seriado Chiquititas, no SBT, foi diagnosticada com Ataxia de Friedreich e anos depois vai disputar as Paralimpíadas (foto: Divulgação/CPB)

Nem no roteiro mais inusitado se poderia escrever uma mudança de vida tão grande quanto a que aconteceu com Giovanna Boscolo. Acostumada com as câmeras desde jovem, ela atuou em diversos meios, chegando a participar da novela Chiquititas.

Em uma reviravolta, um diagnóstico a ensinou a não desistir e hoje ela se prepara para disputar seus primeiros Jogos Paralímpicos, em Paris.

Filha de educadores físicos, na infância, ela chegou a participar de programas como "Conversa de Gente Grande" e "Julie e os Fantasmas", interpretando Thalita quando criança. Seu papel mais lembrado foi em Chiquititas, com a personagem Michelle.

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Além dos trabalhos como modelo e atriz, ela havia iniciado uma prévia carreira como esportista. Giovanna era atleta de ginástica aeróbica, representando a equipe do Palmeiras e chegando a ser campeã brasileira em 2014.

No entanto, aos 15 anos, após lesões recorrentes e incomuns, ela realizou uma bateria de exames e foi diagnosticada com Ataxia de Friedreich, uma doença que, segundo a Rede D'Or São Luiz, pode "desencadear dificuldades motoras nas pernas, causando dificuldades para andar e manter a coluna ereta". Outros sintomas incluem a lentidão nos reflexos e a perda de sensibilidade.

Giovanna Boscolo: biomédica e paratleta

Logo após o diagnóstico, Giovanna, carinhosamente chamada de Gi, focou na carreira universitária e cursou Biomedicina. Foi durante o curso que ela conheceu o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), onde começou um estágio em Ciência do Esporte. Foi nesse período que ela decidiu retornar à prática esportiva.

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Responsável por analisar os dados dos atletas e sugerir possíveis mudanças nos treinos, ela foi posteriormente convidada a fazer testes para a equipe de atletismo — especificamente na modalidade de lançamento de club.

O esporte é praticado com um instrumento semelhante aos bastões utilizados na ginástica rítmica, e o paratleta deve ficar sentado em uma cadeira com altura máxima de 75 cm.

Giovanna Boscolo nas Paralimpíadas: realização do sonho

Com muito treinamento e dedicação ao esporte, ela participou da sua primeira competição na classe F32 (para pessoas com lesões cerebrais): o Grand Prix de Dubai, em fevereiro de 2024.

Na disputa, conquistou a primeira colocação — não apenas vencendo o ouro, mas também batendo o recorde das Américas ao atingir a marca de 26,25 metros.

Com o sucesso em outras competições, Giovanna entrou de vez no radar dos Jogos Paralímpicos.

Na disputa do Mundial de Atletismo que aconteceu em Kobe, no Japão, ela conquistou a medalha de bronze, o que garantiu sua vaga em Paris.

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Giovanna Boscolo nas Paralimpíadas: TCC sobre Ataxia de Friedreich e vontade de se aprofundar no assunto

Em entrevista ao UOL, a paratleta revelou que seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) foi justamente sobre a Ataxia de Friedreich.

"Pude entender, a partir da fisiologia, da genética, de tudo, a minha doença, e esse foi o tema do meu TCC. Tratei de métodos biotecnológicos para correção da alteração da Ataxia de Friedreich", explicou.

Atualmente, a doença é registrada em 700 brasileiros. Gi planeja compartilhar conteúdos durante os Jogos em prol do esporte paralímpico, além de falar mais sobre seu diagnóstico.