MP francês investiga ciberbullying contra campeã olímpica Imane Khelif

O serviço francês de combate ao discurso de ódio online abriu uma investigação por "ciberbullying com base no gênero e provocação pública à discriminação"

As autoridades francesas iniciaram uma investigação após uma denúncia de ciberbullying agravado apresentada pela boxeadora argelina Imane Khelif, medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Paris-2024, vítima de uma polêmica de gênero, informou o Ministério Público da capital francesa nesta quarta-feira, 14.

Conforme declarou o Ministério Público à AFP, o serviço nacional francês de combate ao discurso de ódio online abriu uma investigação por:

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  • "ciberbullying com base no gênero;
  • insulto público devido ao gênero;
  • provocação pública à discriminação e
  • insulto público devido à origem [de Imane]"

"A boxeadora Imane Khelif, que acaba de conquistar a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Paris-2024, decidiu travar uma nova luta: a da justiça, da dignidade e da honra", afirmou o seu advogado Nabil Boudi em um comunicado no sábado, 10, anunciando que apresentou a queixa no dia anterior.

O MP confirmou ter recebido a denúncia na segunda-feira, 12, e informou que a investigação será realizada pelo gabinete central de combate aos crimes contra a humanidade e aos crimes de ódio. 

"A investigação criminal determinará quem esteve à frente desta campanha misógina, racista e sexista, mas também se concentrará naquelas e naqueles que alimentaram este linchamento digital", acrescentou o advogado.

Imane Khelif é "um exemplo de mulher argelina", diz pai da boxeadora; VEJA

Segundo a revista americana Variety, o bilionário Elon Musk, proprietário da rede social X (antigo Twitter), e a escritora britânica JK Rowling, autora da saga "Harry Potter", são citados na denúncia.

Para o advogado, "o assédio iníquo sofrido pela campeã de boxe continuará sendo a maior mancha destes Jogos Olímpicos".

Khelif venceu a final da categoria peso meio-médio (até 66 kg) em Roland Garros na sexta-feira, 9.

Imane Khelif: como começou a polêmica?

Após competir sem alarde em Tóquio-2020, Khelif se viu envolvida em Paris em uma controvérsia sobre gênero liderada por círculos conservadores, com o Comitê Olímpico Internacional (COI) e a Federação Internacional de Boxe (IBA) em conflito sobre o tema.

A polêmica começou no ano passado, quando Khelif e a boxeadora taiwanesa Lin Yu-Ting, também no centro das atenções pelo mesmo motivo, foram desclassificadas do Mundial feminino em Nova Délhi.

Segundo a IBA, Imane Khelif não passou em um exame destinado a estabelecer seu gênero. A Federação se recusou a especificar que tipo de exame havia realizado. 

O COI afirmou que a argelina poderia participar dos Jogos Olímpicos na categoria feminina. 

A polêmica ressurgiu em Paris quando sua adversária na primeira fase, a italiana Angela Carini, abandonou a luta logo no minuto inicial do primeiro round.

Nas redes sociais, a boxeadora foi vítima de uma campanha de ódio e desinformação, que a apresentava como "um homem que luta contra mulheres". 

"Sou uma mulher forte com poderes especiais. Do ringue, enviei uma mensagem para aqueles que estavam contra mim", declarou Khelif à imprensa na sexta-feira após conquistar o ouro.

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