Futebol feminino: a prata mais dourada do Brasil em Paris

Seleção feminina esbarra outra vez nos EUA e perde por 1 a 0, mas celebra a Rainha Marta, que se despede de Olimpíadas

Muito se comenta nos corredores das arenas e estádios sobre os valores morais das medalhas, para além das suas cores. Para isto, leva-se em consideração a expectativa daquela modalidade antes dos jogos, a performance durante a competição e o resultado final.

Por isto, pode-se dizer, com muita convicção, que a prata que a seleção brasileira de futebol feminino conquistou neste sábado, 10, ao ser derrotada para os Estados Unidos por 1 a 0, no Parque dos Príncipes, em Paris, tem gosto de ouro.

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Primeiro, o Brasil não era esperado nem as quatro melhores seleções do torneio, que contou com times poderosíssimos, como Alemanha, Inglaterra, Suécia e os próprios Estados Unidos, além da França e Espanha, que as mulheres brasileiras surpreendentemente eliminaram nas quartas de final e semifinal, respectivamente.

Não se esperava medalhas, mas, ao mesmo tempo, não se esperava apresentações tão ruins como os três jogos da primeira fase. Até mesmo a vitória por 1 a 0 contra a Nigéria, na estreia, a única da fase de grupos, foi um desempenho muito abaixo do que o grupo poderia apresentar, e as próprias jogadoras e o treinador Arthur Elias admitiram isto.

Em seguida, as derrotas doloridas para o Japão, com uma virada no final do jogo, e Espanha, com o drama da expulsão de Marta, eram consideradas prenúncio para um fiasco aqui em Paris.

No entanto, a partir do momento que as brasileiras eliminam as donas da casa, a França, vencendo por 1 a 0, foi uma virada de chave crucial. A partir dali, com as mudanças de peças e estratégias táticas, era um outro time, um outro espírito, um novo clima, que já acendiam um “quem sabe um bronze?”.

Quando o Brasil dá um show na vitória por 4 a 2 sobre a "favoritaça" e atual campeã do mundo Espanha nas semifinais, garantindo a medalha, a esperança pelo inédito ouro olímpico cresceu muito, afinal, apesar de ainda serem uma grande potência, as norte-americanas já foram mais fortes.

Um primeiro tempo quase impecável do Brasil, no Parque dos Príncipes, fez a torcida já se preparar para a história. “Quase” porque as boas chances claras de gols criadas foram desperdiçadas de forma inacreditável.

O gol de Mallory Swanson, aos 12 minutos do segundo tempo, veio como um balde de água fria e ficou clara a queda de concentração do grupo durante o resto do jogo, sem conseguir reverter a vantagem americana.

“Foi muito emocionante. Estávamos próximos ao gol que o Brasil atacou no primeiro tempo. Gritamos e torcemos muito. Mereciam o título, mas esta prata tem gosto de ouro”, disse o empresário Edson Galvão.

A prata caiu muito bem neste grupo e pode, sim, ter um valor dourado. De quase eliminadas, desacreditadas (até certo ponto, com razão) e enfraquecidas até o pódio.

“No primeiro minuto, quando acaba o jogo, a gente fala: ‘Puxa, perdemos’. Mas, logo em seguida, a gente vê essas meninas maravilhosas, em cima do pódio, levando o nome do Brasil para todo mundo ver que é o país do futebol também”, celebra Valéria Gomes.

Esses motivos já seriam suficientes, mas ainda tem o fator maior de todos: Marta. A Rainha se despede dos Jogos Olímpicos sem uma medalha de ouro, mas com três prateadas. No entanto, o nome de Marta está, para sempre, marcado na história do futebol feminino mundial em letras douradas.

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