Sonho realizado: a medalha de prata de Isaquias e de Sebastian
Canoísta baiano faz arrancada eletrizante nos 250m finais da prova, sai de quinto para segundo e faz história mais uma vez na canoagem
22:51 | Ago. 09, 2024
Enquanto o campeão olímpico Isaías Queiroz se preparava para sua terceira Olimpíada, o filho mais velho, Sebastian, como quase todo filho, fez um pedido nada simples: uma medalha.
Como quase todo pai, o baiano de Ubaitaba não poderia jamais ignorar o pedido do pequeno. Quando a largada foi dada na prova C1 1000m da canoagem, nesta sexta-feira, 9, muita coisa estava em jogo, como defender o título olímpico conquistado em 2021, em Tóquio, e até mesmo aumentar a coleção de medalhas para se aproximar da ginasta Rebeca Andrade, hoje, a maior atleta olímpica do país.
No entanto, apenas uma coisa passava na cabeça do Isaías: Sebastian. Não o alemão, de sobrenome Brendel, maior rival na modalidade, que o deixou com a prata no Rio, em 2016. Mas o Queiroz mesmo, de 7 anos, que estava nas arquibancadas do Estádio Náutico de Vaires-sur-Marne com um mascote dos Jogos, o Phryges, em formato de chapéu na cabeça, torcendo muito pelo pai.
“Eu tirei gás de onde não tinha ali”, foi a forma que Isaquias conseguiu explicar a arrancada no sprint final, os últimos 250 metros, em que saiu da quinta colocação para conquistar a medalha de prata, o quinto pódio olímpico na carreira dele.
Talvez, o gás tenha saído do grito do pequeno Sebastian, que não conteve a emoção e repetia algumas vezes a frase “Em nome de Jesus amado, ganhou a medalha!”, juntando as mãos em formato de agradecimento, daquele jeito de criança que acabou de ganhar o tão aguardado presente.
Enquanto caía, literalmente, nos braços da torcida brasileira presente no estádio, tirando fotos com os torcedores e sendo ovacionado, a esposa Laiana segurava o filho caçula do casal, Luigi, mas não conseguia conter a emoção. “A gente estava torcendo por medalha. Qualquer uma”, disse, radiante.
Assim que o canoísta foi “libertado” pelos torcedores, aí veio uma comemoração particular, um abraço quádruplo. Sebastian, por sua vez, não quis perder tempo e logo pediu o objeto tão desejado.
Isaquias, já experiente no assunto medalha e paternidade, não pestanejou. Tratou logo de tirar do próprio pescoço e entregá-la ao filho. Estava concretizado os sonhos.
Do canoísta de Ubaitaba, de conquistar mais uma medalha e igualar os velejadores Torben Grael e Robert Scheidt e fechar um ciclo olímpico que, nem de longe, foi fácil para o baiano.
De Sebastian, que, como toda criança com brinquedo novo, não queria saber de outra coisa, senão expor a todos ao redor, posando até para foto com "marra" de atleta, mostrando que tem um dedinho dele nesta conquista.
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Da família Queiroz, que percebeu que todo o esforço e a árdua dedicação dos três últimos anos, com sacrifícios, terapias, tratamentos para a saúde mental e até um ano sabático, tudo isto foi coroado com esta conquista.
Restam quatro anos para Los Angeles, Isaquias já garantiu que estará lá, sedento pelo ouro. Mas não antes de desfrutar da prata de Sebastian.
*Correspondente O POVO em Paris