Agência anti-doping diz que EUA autorizou esquema de atletas dopados

A WADA acusa órgão dos EUA de permitir que atletas americanos violadores das regras antidoping competissem por anos, chamando a agência de "hipócrita"

Nesta quinta-feira, 8 de agosto, em meio às disputas nos Jogos Olímpicos de Paris, a Agência Mundial Antidoping (WADA) publicou uma nota oficial apresentando detalhes de uma série de fraudes cometidas pela Agência Antidoping dos Estados Unidos (USADA).

Em acusação verbal na quarta-feira, 7, a WADA disse que encontrou pelo menos três casos em que atletas americanos cometeram violações graves das regras antidoping e foram autorizados a continuar competindo por anos. O órgão ainda chamou a agência estadunidense de "hipócrita".

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A WADA afirma que a USADA violou o Código Mundial Antidoping — o qual todos os órgãos nacionais antidoping assinam — ao usar esses atletas como "agentes secretos" sem notificar a WADA "e sem que haja qualquer disposição permitindo tal prática sob o Código ou as próprias regras da USADA".

Antidoping nas Olimpíadas: acusações redirecionadas aos atletas

A nota divulgada pela WADA cita ainda um exemplo de um atleta estadunidense — sem especificar nomes — que competiu durante as eliminatórias olímpicas e outros eventos e admitiu ter usado esteroides para aprimorar seu desempenho.

"Em um caso, um atleta de elite, que competiu em eliminatórias olímpicas e eventos internacionais nos Estados Unidos, admitiu ter tomado esteroides e EPO, mas foi autorizado a continuar competindo até a aposentadoria. Seu caso nunca foi publicado, os resultados nunca foram desqualificados, o prêmio em dinheiro nunca foi devolvido e nenhuma suspensão foi cumprida", acusou o órgão mundial.

Antidoping nas Olimpíadas: confronto entre agências dos EUA e China

Erriyon Knighton, medalhista de prata mundial que vai correr na final masculina de 200 metros, testou positivo para trembolona, intensificador de desempenho, durante um teste fora de competição em março. A USADA alegou que a substância em sua amostra veio de carne contaminada e o liberou para competir nos Jogos de Paris.

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As notícias do teste reprovado de Knighton, as quais foram relatadas pela primeira vez em junho, e as alegações de um encobrimento de doping provocaram uma reação furiosa da Chinada. A Agência Antidoping da China lançou um ataque mordaz à sua contraparte americana, acusando-a de padrões duplos e de "encobrir a verdade".

O órgão também apelou à Agência Internacional de Testes (ITA) para aumentar os testes entre os atletas americanos de atletismo.

As relações entre os EUA e a China já tinham se estremecido nos Jogos após a revelação de que 23 nadadores chineses tinham sido liberados para competir nas Olimpíadas de Tóquio em 2021 apesar de terem falhado em um teste anterior.

A disputa diplomática entre os dois países aumentou na quarta-feira após a Reuters relatar que a USADA havia permitido que atletas dopados continuassem competindo, apesar de terem falhado em testes.

Segundo a reportagem, não há nenhum trecho que diga que atletas violadores possam continuar competindo sem serem processados ou sancionados. Em um comunicado enviado, a agência estadunidense antidoping disse que a WADA estava ciente dos casos antes de 2021 e classificou a declaração da agência global como "uma difamação".

Antidoping nas Olimpíadas: "hipocrisia por parte dos EUA"

No final de sua declaração, a WADA ainda teceu críticas de grande teor aos americanos, julgando-os como "irônico e hipócrita que a USADA grite quando suspeita que outras Organizações Antidoping não estão seguindo as regras à risca".

Tudo isso ocorre porque a Agência Antidoping dos EUA é uma das que mais redireciona reclamações quando outras organizações antidoping não estão seguindo as regras, como a China e a Rússia.

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Os Estados Unidos inclusive foram um dos grandes influenciadores da exclusão de atletas da Rússia em um caso de um escândalo envolvendo o antidoping. Atletas da Rússia foram impedidos de participar de grandes eventos esportivos internacionais por quatro anos.

Além disso, a Rússia foi impedida de sediar, participar ou estabelecer lances para eventos esportivos internacionais durante esse período. A WADA ainda permitiu que atletas russos autorizados competissem de maneira neutra, mas não sob a bandeira russa, fato que aconteceu durante os Jogos de Tóquio em 2021.

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