Atletas trans podem competir nas Olimpíadas? Entenda debate

Entenda o debate e polêmicas envolvendo a boxeadora Imane Khelif e as regras sobre a participação de pessoas trans e intersexo em campeonatos esportivos

O debate sobre a participação de atletas transgênero e intersexo em competições esportivas não é recente, mas ganhou destaque nos últimos dias após as polêmicas em torno da boxeadora argelina Imane Khelif nas Olimpíadas de Paris. Após ganhar de italiana em luta que durou apenas 46 segundos, ela venceu húngara e garantiu a primeira medalha da Argélia em Jogos Olímpicos.

Khelif havia sido impedida de participar de competições mundiais anteriores devido a altos níveis de testosterona. Entenda o debate envolvendo a atleta e as regras sobre a participação de pessoas trans e intersexo em campeonatos esportivos.

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Imane Khelif tem direito a estar nas Olimpíadas 2024?

Pessoas trans são aquelas que nasceram em um gênero e decidiram passar pelo processo de transição. Este não é o caso da boxeadora Khelif, que seria, na realidade, uma atleta intersexo. Ou seja, nasceu com características fisiológicas que não se enquadram nos padrões médicos determinados para os corpos masculinos ou femininos.

No caso da argelina, seu corpo produz mais testosterona do que é considerado "normal" para mulheres. A condição é conhecida como hiperandrogenismo.

A polêmica em torno do caso diz respeito à participação da atleta nas Olimpíadas de Paris, liberada pelo Comitê Olímpico Internacional (COI). 

O COI assumiu a organização do boxe olímpico por falta de transparência da Federação Internacional de Boxe (IBF) e já havia garantido que as boxeadoras Imane Khelif e Yu Ting Lin (de Taiwan) "cumprem as regras de elegibilidade da competição".

"O teste de testosterona não é um teste perfeito. Muitas mulheres podem ter níveis de testosterona iguais ou semelhantes aos dos homens, embora ainda sejam mulheres", disse seu porta-voz, Mark Adam.

Atletas trans nas Olimpíadas: regras para participar

Em suas diretrizes atuais, o COI determina que cada federação esportiva defina seus próprios critérios de elegibilidade para a participação de atletas transgênero e intersexo nas competições. As regras devem ser estabelecidas de acordo com as especificidades de cada modalidade.

No entanto, o Comitê ainda pode interferir, suspendendo ou liberando atletas, como foi o caso de Imane Khelif e Yu Ting Lin nos Jogos Olímpicos deste ano.

As diretrizes olímpicas vêm mudando: até 2003, só eram admitidos atletas trans que tivessem se submetido à cirurgia de mudança de gênero. Essa exigência caiu em 2015, com novo foco no controle dos níveis de testosterona.

Em Paris 2024, puderam competir apenas os esportistas que concluíssem a transição antes de 12 anos, para evitar vantagens que a puberdade poderia gerar em seus corpos, entre outras restrições.

Tal decisão foi acompanhada pelo Conselho Mundial de Atletismo e pela Fina (hoje World Aquatics), que regula a natação. A União Ciclística Internacional (UCI) também vetou a participação de atletas trans que tenham feito a transição após a puberdade, mas abriu uma nova categoria para os que não se adequassem às novas regras.

Dessa forma, as regras ficam ainda indefinidas, no limiar entre a importância da inclusão no esporte e o receio de se envolver em polêmicas.

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