Rebeca Andrade, a maior de nós
Conquista da ginasta brasileira, que se torna a maior atleta olímpica da história do País, é vivenciada, sentida e compartilhada por milhares
21:49 | Ago. 05, 2024
A medalha de ouro de Rebeca Andrade na final individual do solo foi o adereço perfeito para coroar a ginasta como a maior atleta olímpica da história do esporte brasileiro. Na galeria dos gigantes, está lá uma mulher de 1,55m, capaz de acrobacias nas alturas que muita gente grande não é capaz de fazer.
A Arena Bercy, em Paris, novamente tremeu com a conquista da brasileira. Desta vez, sem separação entre brasileiros e norte-americanos. Todos, sem exceção. Até a própria medalhista de prata, Simone Biles, juntamente com a compatriota e medalha de bronze, Jordan Chiles, reverenciou Rebeca Andrade.
Emocionados, os torcedores brasileiros presentes à arena contemplavam o momento histórico que haviam acabado de testemunhar. “Inacreditável você ver o ouro olímpico da maior mulher, do maior ser humano brasileiro de todas as olimpíadas. É, assim, algo surreal”, tentou descrever o baiano Gabriel Magalhães, que celebrava a conquista do País ao lado de três irmãos e do pai.
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O entusiasmo é tão grande que a frustração por Rebeca ter ficado de fora do pódio na final da trave, uma hora antes, virou apenas um detalhe que engrandeceu ainda mais o feito da ginasta. “Nossa, foi um sofrimento até chegar lá. Jesus, como eu rezei! Mas, valeu cada minuto, foi muito bom. Parabéns para a Rebeca e parabéns para a gente também”, frisa Consuelo Genes, mãe de Gabriel, que se sente parte desta conquista, como todos os brasileiros.
Na final da trave, por ser a última, a apresentação da ginasta brasileira era aguardada como protocolar, apenas para selar a vitória, depois da queda surpreendente de Simone Biles. A execução perfeita, sem desequilíbrio, sendo uma das duas únicas que não caíram, aos olhos dos leigos, sacramentou: o ouro vem na certa. Não veio.
A torcida brasileira vaiou em uníssono o anúncio da nota que deu a Rebeca o quarto lugar no ranking. No entanto, dali a uma hora, o grito que estava engasgado sairia com muito mais força.
Desta vez, a emoção foi diferente. Em vez de última, Rebeca foi a segunda a performar, cravando os saltos e um carisma que levou a plateia ao delírio. Depois, vieram outras sete. Uma a uma, à medida que erravam pisando fora dos limites do solo, a torcida brasileira respirava aliviada.
Simone Biles pisou fora duas vezes. A esperança estava mais do que acesa. Era palpável. Atenção para a nota, silêncio absoluto. Biles em segundo. Faltavam duas. A medalha histórica já era certa, faltava apenas saber a cor. Seria ouro, prata ou bronze?
Primeiro, a romena Ana Barbosu sofreu penalidade e ficou abaixo de Rebeca. Torcedores se entreolhavam e era possível ouvir um “no mínimo, uma prata”. A norte-americana Jordan Chiles fez uma boa execução, o que aumentou o nível de tensão para a nota. Os muitos segundos que se passaram até o anúncio foram de um silêncio ainda mais absoluto.
“Nosso coração foi na boca. Fomos com toda a emoção junto de Rebeca para que ela conquistasse este ouro, meu coração explodiu. Foi épico, foi histórico. Vamos levar para os nossos filhos, netos, justamente no dia do aniversário da minha filha”, relatou a irmã mais velha de Gabriel, Flávia Magalhães, mãe da pequena Cecília, de agora 8 anos.
A conquista de Rebeca Andrade, compartilhada e vivida por todos os brasileiros que, minimamente, gostem de esportes, é histórica para todos, cada um a sua maneira. Para Rebeca, a maior atleta olímpica do Brasil. Para a família Magalhães, "uma experiência fantástica”, como descreveu o patriarca Fernando, ao vivenciar este momento com a esposa, os quatro filhos, genros e noras.
*Correspondente O POVO nas Olimpíadas de Paris 2024