Brasil vive domingo melancólico nos Jogos Olímpicos de Paris

Tal qual as vitórias, as derrotas também ressoam nos diversos locais de competição dos Jogos Olímpicos de Paris-2024

20:32 | Ago. 04, 2024

Por: Victor Pereira
Hugo Calderano, do Brasil, de olho da bola durante a decisão de terceiro lugar do tênis de mesa individual nos Jogos Olímpicos de Paris, na Arena Paris Sul, em Paris, 04/08/2024 (foto: WANG Zhao / AFP)

Desde o início dos Jogos Olímpicos de Paris, a enorme torcida brasileira in loco tem dado um show à parte, acompanhando e apoiando os atletas do Time Brasil. As conquistas dos conterrâneos são celebradas simultaneamente em todas as arenas onde tem brasileiro nas arquibancadas. Este domingo, 4, mostrou que da mesma forma, as derrotas, também repercutem por todos os espaços.

Este dia foi o contrário do que aconteceu quando a Arena La Concorde 1 tremeu, no domingo passado, minutos antes de Rayssa Leal executar a manobra que a confirmou como medalhista de bronze, pois, a 7 quilômetros dali, na Arena Champ-de-Mars, o judoca William Lima conquistava a medalha de prata.

Neste domingo, o dia começou com sinais de que nem tudo sairia como esperado. No tiro com arco, o número 1 do ranking mundial, Marcus D’Almeida, foi eliminado nas oitavas de final. Uma derrota dura, diante do sul-coreano Kim Woo-jin, que acertou 11 das 12 flechas no ponto de maior pontuação. O asiático é dono de cinco ouros olímpicos — inclusive aquele que disputava hoje.

Logo depois, foi a vez de a dupla George e André se despedirem, também nas oitavas, após derrota para os alemães Wickler e Ehlers. Foi um 2 a 0, duplo 21-16, em que os brasileiros praticamente não tiveram chances.

Quase que simultaneamente, a boxeadora Jucielen Romeu sucumbiu diante a turca Yildiz Kahraman nas quartas de final e também se despediu dos Jogos. Com isso, o boxe nacional fechou participação com apenas um bronze (Beatriz Ferreira).

Ao chegar ao Complexo Esportivo Paris Sul, os brasileiros buscavam um alento, com esperança de que a medalha viria com Hugo Calderano, na disputa do bronze no tênis de mesa. O melhor mesatenista da história da América do Sul já acumulava as três melhores campanhas do Brasil no esporte, mas vinha de um dolorido revés na semifinal.

Enquanto entrava e era ovacionado pelo público presente na Arena 4, Calderano estava visivelmente abalado. Ele próprio confirmaria, em seguida, que não conseguiu digerir a derrota nas semifinais para o sueco Truls Moregard, na qual era favorito.

Quando o xodó dos anfitriões, o jovem francês Felix Lebrun, fechou o primeiro set com muita tranquilidade, em apenas seis minutos, ficou claro para todos que a medalha não viria. 

“Sempre fica aquele gostinho amargo porque eu, ele, o Brasil inteiro sabíamos que dava para beliscar medalha. A gente está meio abalado aqui, saindo triste, mas o sentimento é de muito orgulho”, lamenta o torcedor paulista Saulo Vasconcelos, de 34 anos, lembrando que, mesmo sem medalha, Hugo fez história no tênis de mesa brasileiro.

A notícia da classificação de Ana Sátila às quartas de final do caiaque cross veio como uma injeção de ânimo, pois, pela frente, ainda tinha duas duplas brasileiras no vôlei de praia e o vôlei de quadra.

Injeção esta que começou a dar errado quando Bárbara e Carol Solberg perderam para as australianas Mariafe e Clancy por 2 a 0. Do Stade de France, chegava outra notícia ruim: Valdileia Martins, na final do salto em altura, não conseguiu concluir o salto por ter se contundido.

Atônitos, os brasileiros se entreolhavam. As esperanças se voltaram à dupla Evandro e Arthur, no vôlei de praia, e na equipe feminina do vôlei de quadra.

O alento rendeu duas vitórias. A dupla brasileira garantiu vaga nas quartas de final ao vencer van de Velde e Immers até com certa tranquilidade. Na quadra, as mulheres deram show e fecharam a participação na primeira fase como a melhor campanha, ao vencer a Polônia por 3 sets a 0.

Reza a lenda que, em toda edição dos Jogos Olímpicos, o Brasil tem um dia muito ruim. Que este domingo, dia 4 de agosto, seja o único. A ver.