Rebeca Andrade ganha prata que a leva ao topo do esporte nacional
Ginasta brasileira é agora, ao lado de Robert Scheidt e Torben Grael, a maior medalhista olímpica do País. E ainda tem duas chances de se isolar no recorde ainda em Paris-2024Quando a americana Simone Biles executou o seu salto "impossível", o Biles II, a Arena Bercy já sabia que o ouro era dela e só esperava a confirmação, que veio com a boa execução do segundo pulo. Só que a brasileira Rebeca Andrade, mais uma vez, mostrou que é bem maior do que o 1,55m que mede. E se tornou ainda maior.
Primeiro, porque teve as duas notas de execução melhores do que Biles, chegando a ter 2,333 a mais do que a americana, que compensou com nota de dificuldade, sobretudo do salto que leva seu nome, com escala de partida em 6,400.
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Depois, com a confirmação da medalha de prata. Foi a segunda dela nas provas individuais em Paris, terceira ao todo nesta edição. Os pódios, somados ao ouro e à prata conquistadas em Tóquio, fazem com que Rebeca iguale os velejadores Torben Grael e Robert Scheidt. São os únicos três brasileiros com cinco medalhas olímpicas na história.
“Eu acho que as mulheres sempre mostraram a força que elas têm, só que agora está sendo mais destacado. Para mim, é uma honra fazer parte desta porcentagem de mulheres que está crescendo, que está mostrando resultado, mostrando que é capaz”, celebrou Rebeca. Pela primeira vez na história, o Brasil tem, nesta Olimpíada, delegação majoritariamente feminina.
Rebeca ainda tem mais duas finais em Paris, nas disputas individuais na trave e no solo, ambas na próxima segunda-feira, 5, a partir das 7h30min (horário de Fortaleza). São duas chances de reinar sozinha nesta estatística.
Na prática, ela já reina. Com todo o respeito aos dois velejadores que são ícones do esporte olímpico brasileiro, Rebeca Andrade é um fenômeno e, além de toda competência técnica, ainda esbanja um carisma que faz o povo brasileiro se identificar.
A paulista é a representação do povo brasileiro: mulher, negra, da periferia e criada apenas pela mãe que era empregada doméstica.
“É maravilhoso, é um orgulho, uma honra ser mãe da Rebeca, independente do que ela conquistou, mas, com a conquista, a honra aumenta ainda mais. Eu estou muito feliz”, confessou a O POVO, Rosa Santos, após um demorado e emocionado abraço na filha.
A honra que Rosa sente é compartilhada com o país. Assistir a Rebeca competir e exaltar o verde e o amarelo, faz o brasileiro parar e vibrar, em frente à TV ou ao celular. Este é o grande feito da Rebeca Andrade, nestes Jogos Olímpicos: fazer o povo brasileiro se conectar com a ginástica artística e, de certa forma, se reconectar, enquanto nação, com o esporte. “Merci beaucoup”.
Victor Pereira, correspondente do O POVO em Paris
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