Ex-lateral esquerdo, Caio Bonfim coroa carreira vitoriosa na marcha com medalha olímpica

A marcha atlética não é muito conhecida popularmente no Brasil, mas é algo vivido diariamente por Caio. Ele é filho de Gianetti Sena Bonfim, ex-marchadora, e de João Sena, que foi técnico da esposa

08:07 | Ago. 01, 2024

Por: Gazeta Esportiva
Caio Bonfim conquistou a medalha de prata na marcha atlética na Olimpíada de Paris (foto: Lionel BONAVENTURE / AFP)

Caio Sena Bonfim teve sua dedicação à marcha atlética coroada com a conquista da medalha de prata nesta quinta-feira na prova de 20km dos Jogos Olímpicos de Paris-2024. Foi a quarta participação em Olimpíadas do atleta de 33 anos, que traz diversos títulos conquistados na modalidade - ele tem duas medalhas de bronze em Mundiais e quatro (duas pratas e dois bronzes) em Jogos Pan-Americanos.

A marcha atlética não é muito conhecida popularmente no Brasil, mas é algo vivido diariamente por Caio. Ele é filho de Gianetti Sena Bonfim, ex-marchadora, e de João Sena, que foi técnico da esposa. É um amor que vem de casa.

Toda a família está envolvida com a disciplina, inclusive como equipe – a família Sena Bonfim é a condutora do CASO, Centro de Atletismo de Sobradinho (DF), que trabalha com 200 crianças e jovens como projeto social e também com o alto rendimento, e já formou outros atletas olímpicos, como Gabriela Muniz e Max Batista.

Caio diz que sempre foi um menino ativo, daqueles que não paravam quietos e davam trabalho na escola. Por isso, sempre foi incentivado à prática esportiva, nas diversas modalidades. Sua primeira paixão foi mesmo o futebol, e Caio chegou a atuar nas categorias de base do Brasiliense – era lateral esquerdo. Mas, aos 13 anos, fez testes no atletismo, a pedido do pai.

Em 2007, com 16 anos, decidiu virar atleta da marcha atlética – o futebol já tinha gente demais, concluiu Caio. Ele disputou suas primeiras competições na marcha atlética. Foi campeão brasileiro de menores e vice-campeão brasileiro juvenil. Gianetti, que foi octampeã nacional, medalhista sul-americana e ibero-americana, estava encerrando a carreira. Os pais, então, viraram seus técnicos.

Cinco anos depois de sua estreia no atletismo, Caio já estava disputando sua primeira Olimpíada. Em Londres-2012, aos 21 anos, realizou um sonho, que não era só seu, mas também de Gianetti. A capital inglesa tem significado especial para o marchador. Foi nas ruas de Londres que ele conquistou seu primeiro pódio em Mundiais, na edição de 2017.

A segunda Olimpíada foi em 2016, no Rio. Caio lembra do privilégio de disputar uma edição dos Jogos em casa, e do "quase" na classificação final: o brasileiro foi quarto colocado, a apenas 5 segundos da medalha de bronze.

Mas um dos grandes benefícios por ter marchado no Brasil foi a vitrine que a Olimpíada trouxe para a marcha. A disciplina sempre foi alvo de preconceitos pelo balançar dos quadris. Caio afirma que as palavras ofensivas que ouvia ao treinar na rua diminuíram, e os incentivos aumentaram.

Nos Jogos de Tóquio, realizados em 2021 por causa da pandemia de covid-19, Caio foi o 13º colocado.

Em 2023, no Mundial de Budapeste, a marcha foi responsável pela única medalha do Brasil, a segunda de Caio. Ele também conquistou duas medalhas nos Jogos Pan-Americanos de Santiago – prata nos 20 km e bronze na maratona de revezamento misto. Por fim, venceu o Circuito Mundial de marcha, o que premia a regularidade do atleta.