Pequena ginasta de 10 anos se deslumbra com bronze histórico do Brasil

Extasiada, garota vive o "melhor momento da vida" e demonstra determinação que pode resultar no futuro da ginástica brasileira

Quando Rebeca Andrade se preparava para o último salto, o Brasil ocupava o sexto lugar no ranking geral. Havia uma tensão no ar, um misto de conformismo de que ficaríamos, mais uma vez, sem medalha na disputa por equipes da ginástica artísticas com raspas de esperança de que, daquele salto, poderia sair algo espetacular.

Só que, da arquibancada, se havia uma pessoa 100% confiante era a pequena Manuella Pontes, de 10 anos. Já praticante do esporte, Manu havia chegado à capital francesa no dia anterior, acompanhada pela mãe, Aretuza, e pela avó, Sueli, só para acompanhar, de perto, a final olímpica do esporte que mais ama.

É + que streaming. É arte, cultura e história.

+ filmes, séries e documentários

+ reportagens interativas

+ colunistas exclusivos

“Eu já tinha falado: 'Filha, não dá, né? Está muito longe, acho que vai ser difícil'”, admite a mãe. “Foi a melhor experiência da minha vida até agora. Quando a Rebeca conseguiu a nota mais alta da competição, 15.100, foi uma emoção muito grande”, descreveu a criança, demonstrando dominar o assunto e ter prestado atenção em cada detalhe.

De fato, a Arena Bercy parecia estar dividida entre norte-americanos e brasileiros, que rivalizavam nos gritos de apoio às respectivas equipes. De um lado, a maior de todos os tempos, Simone Biles, que executava movimentos tão incríveis que até o mais patriota dos brasileiros se rendia aos aplausos. A recíproca era verdadeira, com Rebeca Andrade deixando até a própria Biles de queixo caído com a sua performance.

Mas, para Manu, nenhuma das duas desperta nela um brilho nos olhos como uma terceira. Quando perguntada sobre qual ginasta gostava mais, ela não titubeia e afirma: “Flávia, com certeza”. A explicação é ainda mais surpreendente e, diga-se, técnica.

“O principal aparelho dela é a trave e é um aparelho que eu treino muito e que eu quero me sair melhor. Porque se eu der meu melhor na trave, eu consigo uma nota alta e melhorar a equipe. É o que eu mais gosto, de todos os aparelhos”, explica a garota.

A mãe e avó estavam radiantes também. As três voltam para o Brasil na próxima sexta-feira, 2, e este foi o único evento que elas puderam contemplar. “Sempre quis assistir a um evento desse ao vivo. Ver as meninas e esta conquista foi algo fora de série, a gente fica meio perdido, querendo voar em cima”, conta Sueli Rodrigues, que, aos 71 anos, vive a sua primeira Olimpíadas.

“Minha mãe queria muito conhecer o Museu do Louvre, a Manuella queria ver a ginástica e eu amo Olimpíadas. Foi o jeito para realizar o sonho das três ao mesmo tempo”, conta a analista de sistemas Aretuza Pontes.

Na saída da Arena Bercy, ainda tomada pela adrenalina do que acabara de vivenciar, Manuella executava alguns movimentos de ginástica, levando o pé à altura da cabeça.

Autorizado pela mãe, este repórter que vos escreve pediu para gravar um vídeo da menina fazendo algum dos movimentos, simples mesmo, pois estávamos na calçada. Grande foi a surpresa quando, de repente, a pequena Manu se agiganta e manda uma parada de mãos (a famosa estrelinha) com um mortal para trás.

No que depender de Manu e de sua família, esta não será a única acrobacia dela que o público geral poderá conferir. Quem sabe, dentro de alguns anos, Manuella Pontes seja um nome que brilhe igual brilharam nesta terça-feira, 30, Rebeca Andrade, Flávia Saraiva, Jade Barbosa, Lorraine dos Santos e Júlia Soares.

*Correspondente do O POVO nas Olimpíadas de Paris 2024

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente

Os cookies nos ajudam a administrar este site. Ao usar nosso site, você concorda com nosso uso de cookies. Política de privacidade

Aceitar