Ginástica: por que técnico de Rebeca diz que ouro só sai se Biles errar

As duas ginastas competem no individual geral, no salto, no solo, na trave e na final por equipes. Simone Biles é favorita nas melhores provas de Rebeca

21:55 | Jul. 29, 2024

Por: André Bloc
A nota do salto é uma das maiores disputas entre Rebeca e Biles (foto: Ricardo Bufolin / CBG)

As disputas entre a norte-americana Simone Biles e a brasileira Rebeca Andrade prometem ser o ápice da ginástica artística nos Jogos Olímpicos de Paris-2024. Ambas se classificaram para cinco das seis possíveis finais, ficando de fora apenas das barras assimétricas.

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Apesar do equilíbrio e de ter levado o ouro no salto sobre a mesa em Tóquio-2020, Rebeca não é a favorita nas provas em que é especialista.

Para diminuir o otimismo dos torcedores brasileiros, o técnico de Rebeca Andrade, Francisco Porath, o Xico, disse que mesmo com o aumento da dificuldade dos exercícios da ginasta, a medalha de ouro depende de um eventual erro de Simone Biles. 

"Agora, não tem estratégia nenhuma, a média que a Biles faz só vai acontecer (da Rebeca ganhar) se acontecer como no Mundial, de a Biles poder errar. Ela está saltando cada vez melhor". admitiu.

Simone Biles x Rebeca Andrade: como é calculada a nota na ginástica artística

Há quase 20 anos, o 10 foi parcialmente limado da ginástica artística. Foi-se o tempo em que, em Montreal-1976, a ginasta romena Nadia Comaneci chocou o mundo com a primeira prova perfeita da história.

Atualmente, as notas são calculadas por meio de dois grupos de juízes. O primeiro, avalia os pontos de dificuldade dos vários exercícios que o ginasta vai realizar. Eles discutem entre si e definem a nota de dificuldade. Quanto mais alta ela for, maior o teto da nota que o atleta pode atingir.

O segundo grupo de juízes faz uma avaliação mais tradicional. Checa se os movimentos foram corretos, se houve falhas, e dá uma nota de 0 a 10, de acordo com descontos por problemas de execução. Uma falha leve faz a avaliação cair em 0,1, uma grave pode tirar até 1 ponto da nota.

Ginástica artística: o novo salto de Rebeca Andrade

Às vésperas da Olimpíada, um vídeo e uma informação animaram o público brasileiro. Rebeca Andrade havia homologado um Yurchenko com tripla pirueta (YTT), cuja nota de dificuldade é de 6,0 pontos.

Caso o salto seja executado na final, o exercício vai passar a ser conhecido pelo nome Andrade, já que nunca antes ele foi feito em competições.

Pela complexidade de um mortal de 1080°, o salto tem a segunda maior nota de dificuldade da ginástica. E é aqui que reside o problema: a mais alta é o Biles II, com nota de dificuldade 6,4.

O novo salto de Rebeca aumenta a pressão sobre Simone Biles, que sabe que se errar pode ser ultrapassada pela rival. Mas, como a norte-americana é mais experiente em realizar o Biles II, a brasileira terá de acertar um exercício que nunca fez em competições e ainda "secar" a tetracampeã olímpica.

Ginástica artística: quais provas Rebeca Andrade e Simone Biles competem

As duas ginastas se classificaram para cinco finais: salto, trave, solo, individual geral (em que todas competem em todos os quatro aparelhos) e final por equipes.

As duas são medalhistas de ouro no salto. Rebeca venceu em 2020, depois de Biles desistir da competição por conta da pressão psicológica, enquanto a americana ganhou na Rio-2016. No classificatório, Biles passou em primeiro, seguida pela brasileira.

As duas também têm as melhores notas no individual geral e no solo — com vantagem da norte-americana em ambas. Já na trave, Biles liderou e Rebeca passou em terceiro, ainda atrás da chinesa Yaqin Zhou. 

A única final da qual ambas ficaram de fora foi a das barras assimétricas, a prova que Rebeca Andrade mais gosta de competir. Biles foi a nona melhor, enquanto a brasileira foi a décima. Apenas oito avançaram.

Ginástica artística: em que dias e horários são as finais entre Rebeca e Biles

As finais da ginástica artística feminina começam nesta terça-feira, 30, com a competição por equipes. Simone Biles representa as favoritas dos Estados Unidos e Rebeca Andrade defende o Brasil, com grandes chances de medalha. A prova começa às 13h15min.

Na quinta-feira, 1º de agosto, às 13h15min, as duas duelam no individual geral feminino. Dois dias depois, no sábado, às 11h20min, começam as finais por aparelho — justamente com o aguardado salto sobre a mesa.

No domingo, 4, às 10h40min, a disputa é nas barras assimétricas, sem Biles ou Rebeca. No dia seguinte, segunda-feira, 5, serão duas finais. Às 7h36min, na trave de equilíbrio e às 9h30min, no solo.

  • 30/07: 13h15 (de Brasília) - Competição por equipes feminina - Final
  • 01/08: 13h15 (de Brasília) - Individual geral feminino - Final
  • 03/08: 11h20 (de Brasília) - Salto feminino - Final
  • 04/08: 10h40 (de Brasília) - Barras assimétricas feminino - Final
  • 05/08: 7h36 (de Brasília) - Barra de equilíbrio feminino - Final / 9h30 (de Brasília) - Solo feminino - Final

Ouro, prata e bronze: que medalhas ganharam Rebeca e Biles

A trajetória olímpica meteórica de Simone Biles começou na Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016. Aos 19 anos, ela conquistou quatro ouros e um bronze. Ela subiu ao alto do pódio por equipes, no individual geral, no salto e no solo, enquanto ficou em terceiro na trave.

Cinco anos depois, na Olimpíada de Tóquio, em 2021, ela chegou como favorita, mas acabou deixando a competição em segundo plano para priorizar a saúde mental. Ainda assim, levou a prata por equipes e o novamente o bronze na trave.

Mais nova e tendo enfrentado graves lesões no início de carreira, Rebeca Andrade não conquistou medalhas na Rio-2016. Mas, em Tóquio, foi a primeira brasileira a levar dois pódios na mesma Olimpíada. No fim, foi um ouro (salto) e uma prata (individual geral, atrás de Sunisa Lee.

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