Júlia Soares nas Olimpíadas: conheça caçula da ginástica brasileira

Caçula da ginástica artística brasileira, a paranaense especialista em trave e solo é um dos grandes destaques das Olimpíadas. Conheça Júlia Soares

Caçula da seleção brasileira de ginástica artística, a ginasta paranaense Júlia Soares, de 18 anos de idade, estreou ao lado da equipe feminina do Brasil nas Olimpíadas de Paris 2024 neste domingo, 28. Especialista em trave e solo, Júlia fez a Arena Bercy tremer ao som de Raça Negra e se revelou um dos grandes destaques da competição.

No solo, Júlia Soares chamou atenção por misturar o clássico brasileiro "Cheia de Manias" com canções de Edith Piaf (1915-1963), considerada a maior voz da França.

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O time, também composto por Rebeca Andrade, Flávia Saraiva, Jade Barbosa e Lorrane Oliveira, que são referências e melhores amigas da jovem ginasta, se classificou em 4º lugar geral para as finais da modalidade — uma das principais apostas de medalha para a torcida brasileira.

Com emoção e técnica, Júlia Soares conquistou o público em sua primeira olimpíada e já alcançou mais de 300 mil seguidores no perfil do Instagram desde a execução da série, considerada "impecável". Antes de os Jogos começarem, a conta era seguida por 17 mil pessoas.

Depois de entrar com o Soares, elemento que leva seu nome, a atleta emendou com um triplo giro cossaco perfeito. Com 13.800 pontos, ficou com a última vaga entre as finalistas de trave de equilíbrio — disputa que acontecerá no dia 5 de agosto.

A chegada promissora da ginasta, que dá passos largos em direção ao pódio mundial, não foi assim à toa: Júlia treina desde criança e sonhava em disputar os Jogos Olímpicos.

"Desde novinha, meu sonho é ir para as Olimpíadas. Eu decidi me focar totalmente nos treinos desde aquela época. Mesmo indo para a escola, com os amigos chamando para sair. A gente acaba abdicando de certas coisas para treinar. Mas isso é importante para chegar onde eu quero chegar, que é estar nas Olimpíadas e ouvir o Hino Nacional", disse ao Olympics.com.

Júlia afirma que a Olimpíada que mais a marcou foi a Rio 2016, na qual Simone Biles ganhou cinco medalhas, quatro de ouro. A americana está entre suas principais referências.

"A Daiane dos Santos foi muito importante para a ginástica, assim como a Rebeca, a Flávia, a Lorrane e a Jade. Acho a Simone Biles surreal, ela tem uma explosão incrível e faz coisas que deixam todo mundo chocada. Todas elas me inspiram muito", contou.

"Futuro da ginástica": quem é Júlia Soares

Nascida em Curitiba, a jovem ginasta Júlia Soares começou sua trajetória esportiva ainda criança, influenciada por sua família. Com um pai amante de esportes, Júlia foi incentivada desde cedo a praticar atividades físicas, e encontrou na irmã mais velha, Giovanna Soares, a inspiração para seguir o caminho da ginástica artística.

"Percebi que a ginástica não era só uma brincadeira para mim, mas algo que eu poderia levar para frente, chegar em competições internacionais, até as Olimpíadas, que são o meu sonho e meu foco", contou ao Olympics.com.

Júlia deu seus primeiros passos nos ginásios com apenas quatro anos e logo chamou a atenção. O local dos treinos até o hoje é o Centro de Excelência em Ginástica do Paraná (Cegin) — casa de nomes como Daiane dos Santos.

Foi lá que o talento da jovem atleta chamou a atenção da treinadora ucraniana Iryna Ilyashenko, atual técnica da seleção brasileira feminina de ginástica. Após testes de força e agilidade, ela foi aprovada e iniciou sua jornada no esporte de alto rendimento.

Com o apoio do Programa de Incentivo ao Esporte da Prefeitura de Curitiba, treinos intensivos no Cegin e sob a orientação de Iryna Ilyashenko, Júlia Soares se destaca em competições nacionais e internacionais, consolidando-se como uma das promessas da ginástica artística brasileira.

Júlia Soares: especialista em trave e solo

Desde que chegou à categoria adulta, Júlia Soares tem se especializado na trave de equilíbrio e no solo.

Jovem promessa da ginástica brasileira, Júlia Soares homologou um novo elemento com seu nome no código da Federação Internacional de Ginástica (FIG) quando tinha apenas 15 anos. Trata-se de uma nova entrada na trave em que faz uma versão do “candle mount” (entrada em vela).

Nessa forma de entrada, a atleta utiliza um trampolim para saltar em direção à lateral da trave em uma posição esticada. A inovação apresentada pela brasileira é uma meia pirueta no salto que leva à trave.

"Quando a gente gosta de um certo aparelho, acaba treinando com mais gosto e tendo mais segurança para fazer os elementos", explicou a ginasta a Olympics.com.

Ela lembra que treinou em uma trave improvisada pelo pai e o tio em casa durante a pandemia de Covid-19: "Fiquei muito feliz quando eles construíram. Na pandemia, a gente tinha que continuar a treinar de algum jeito. Se não treinar, perde a resistência, a força".

Durante o período, Júlia entendeu a importância do bem-estar mental: "O mental é muito importante para a gente, assim como o físico. Não adianta ter um e não ter o outro, porque lidamos com muita pressão psicológica e física".

Em 2021, a ginasta finalmente pôde estrear na seleção principal e cravou sua entrada ao homologar um elemento com seu nome. O Soares consiste na adição de uma meia pirueta à entrada em vela na trave (quando a ginasta usa um trampolim para subir pela lateral da trave em posição esticada). ASSISTA ao vídeo.

Apesar de estreante em Paris-2024, Júlia Soares já coleciona medalhas: nos Jogos Sul-americanos de 2022, foi a líder da equipe brasileira e saiu da competição com quatro ouros, no individual geral, no solo, na trave e na disputa por equipes.

Em 2023, a paranaense venceu sua primeira etapa de Copa do Mundo, em Baku, Azerbaijão, e foi ouro no solo. No Mundial de Liverpool, na Inglaterra, primeiro que disputou no adulto, a ginasta fez parte da equipe que conseguiu um resultado histórico: a quarta colocação na final por equipes.

Ela também participou da conquista da inédita medalha de prata no Mundial de Ginástica Artística 2023, que assegurou a vaga do Brasil nos Jogos Olímpicos de Paris 2024.

No mesmo ano, a jovem atleta ainda alcançou medalha de ouro no solo no tradicional DTB Pokal, em Stuttgart, na Alemanha.

Júlia tem importantes conquistas na carreira como nos Campeonatos Pan-Americanos de Ginástica de 2021 e 2022, com medalha de ouro por equipes e em 2021 bronze na trave.

Os primeiros resultados que chamaram atenção foram em 2018, quando foi campeã Sul-Americana Júnior na trave. No ano seguinte, ficou em quinto lugar no individual geral do Campeonato Brasileiro de Aparelhos, e conquistou o bronze na trave e no solo, disputando com ginastas da categoria júnior e sênior.

Com o resultado, foi selecionada para representar o Brasil no Campeonato Mundial Juvenil. Ficou em 15º lugar no individual geral e ajudou a equipe a terminar em sétimo lugar.

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