Como chega a delegação brasileira de ginástica artística para as Olimpíadas

Com Rebeca Andrade no auge e possibilidade de salto inédito, Brasil deve ter destaque nos Jogos Olímpicos de Paris-2024 na modalidade

23:56 | Jul. 27, 2024

Por: Iara Costa
Flavia Saraiva, Júlia Soares, Rebeca Andrade, Jade Barbosa e Lorrane dos Santos representam o Brasil na ginástica artística das Olimpíadas de Paris-2024. (foto: Gaspar Nobrega/COB)

Entre tablados, barras e traves, o Brasil semeia na ginástica artística as principais chances de medalha das Olimpíadas de Paris-2024. Com dois ouros, três pratas e um bronze conquistados desde o primeiro pódio em Londres-2012, a delegação brasileira cresceu na modalidade a cada torneio desde a primeira participação em Moscou-1980 e chega nos atuais Jogos Olímpicos com a possibilidade de ver o número de medalhas totais conquistadas na modalidade crescer exponencialmente.

As principais chances passam principalmente pelas mãos e pés do elenco feminino, que será composto por Rebeca Andrade, Flávia Saraiva, Jade Barbosa, Julia Soares e Lorrane dos Santos, que estreiam neste domingo, 28, na competição. O elenco masculino é atualmente reduzido a Arthur Nory, precocemente eliminado do torneio após competição na barra, e Diogo Soares, que se apresentou bem no sábado e garantiu vaga para a final.

Desde a disputa entre equipes e passando pelas apresentações individuais, salto sobre a mesa, barras assimétricas, solo e traves, o Brasil possui em tais nomes potencial para concorrer à medalha por diferentes fatores.

Na análise do repórter do portal especializado Surto Olímpico, Carlos Seleme, as principais disputas do Brasil devem ocorrer entre Rebeca Andrade e Simone Biles, dos Estados Unidos. Hoje, as duas ginastas são os principais nomes mundiais da modalidade. O jornalista acentua que é nelas que as brigas por medalha devem ocorrer no feminino, com Flávia Saraiva correndo ‘por fora’.

“Não vejo a Rebeca não ganhando pelo menos uma prata. A Flávia no próprio individual geral deve correr por fora e pode, quem sabe, pegar um bronze. No salto, acho que é um grande mistério, onde está se concentrando essa grande disputa e vai muito de quem se apresentar primeiro. Acho que se a Biles se apresentar primeiro, a Rebeca tenta o salto novo. Se tem um aparelho onde a Rebeca pode ganhar o ouro, é no salto, apesar do salto da Biles ser muito difícil”, frisou ele, que vê com otimismo o cenário brasileiro para as disputas das mulheres que se iniciam no domingo, 28, a partir das 4h30min.

“Acho que será o esporte que mais vai nos dar medalha. Brigaremos muito forte na final de equipes porque algumas adversárias estão bem desfalcadas como a Itália, Japão, Grã-Betanha, e o Brasil deve ser o principal concorrente dos Estados Unidos, que também estão desfalcados. Mas claro que os Estados Unidos é o principal favorito. (...) Não temos um ouro garantido, mas acho que é muito difícil não sairmos com, pelo menos, quatro ou cinco medalhas, independente da cor. Chegamos forte e podemos surpreender”, acentuou.

A opinião da força com a qual o Brasil chega na disputa é compartilhada com o jornalista e colunista de Esportes Olímpicos do O POVO, Marcelo Romano, que avalia que cada atleta brasileira tem potencial para surpreender.

“O Brasil nunca esteve tão forte na ginástica rítmica feminina. Além da Rebeca, tem a Flávia Saraiva que é uma ginasta completa, a Jade Barbosa e duas atletas novas, Julia Soares e Lorrane dos Santos. O Brasil tem chance de brigar por medalha de prata ou bronze por equipes, já que os Estados Unidos é forte pelo ouro”, salientou o jornalista.

Em relação a um dos principais assuntos antes do início dos Jogos, o salto inédito de Rebeca Andrade, Romano avalia que pode ser uma progressão frente à principal oponente do Brasil, Biles.

“A atleta esconde o salto para mostrar na Olimpíada. Se ela tiver bem confiante, pode ser um diferencial, mas se a Simone Biles fizer o melhor dela vai ser bem equilibrado entre as duas”, citou ele, que adotou um discurso de cautela ao falar sobre o principal nome do Brasil pelas lesões desenvolvidas no passado.

“Um ponto que as pessoas esquecem é que a Rebeca passou por três cirurgias. Se as Olimpíadas tivesse seguido em 2020, ela não teria competido. Foi um caso em que a Covid-19 ajudou, pois graças ao adiamento ela pôde competir estando 100% em Tóquio”, lembrou o jornalista.

“Sobre ser carro-chefe, depende da Rebeca. Se ela conquistar três medalhas, tem chance”, completou.

Durante a preparação na França, Rebeca Andrade classificou o ano como muito importante para o Time Brasil e enfatizou que o foco está em alcançar o máximo.

“É um ano muito importante para a gente, então o foco, a determinação e a vontade de fazer o melhor é o mesmo de todos os anos. Independente da forma como eu chego, a forma como eu quero me apresentar é o que mais importa para eu continuar estando no cenário e quero fazer o meu melhor”, realçou.

As disputas de ginástica artística feminina se iniciam neste domingo, 28, a partir das 4h30min (horário de Brasília), se estendendo até o dia 5 de agosto, com as finais de trave de equilíbrio e solo. Já no masculino, a competição se inicia neste sábado, 27, e se estende também até o dia 5 de agosto, com as finais de barras paralelas e fixas.