Olimpíadas 2024: superstições curiosas dos atletas em busca de medalha
Entenda quais são as superstições mais utilizadas pelos atletas e qual a relação dessas crenças com o sentimento de autoconfiança durante as competições
18:25 | Jul. 19, 2024
A palavra superstição, do latim superstitio, significa profecia ou medo excessivo dos deuses. É um termo pejorativo para crenças ou práticas consideradas irracionais ou sobrenaturais. Durante as Olimpíadas, alguns atletas optam por utilizar esses recursos como símbolos de sorte.
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Olimpíadas 2024: quais são as superstições mais utilizadas pelos atletas?
Amuletos da sorte, cores, roupas de baixo, imagens desenhadas pelo corpo, meias, rituais, alimentos e até gestos com o corpo são algumas das superstições mais comuns no meio esportivo.
Nas Olimpíadas de Paris, que começam no dia 26 de julho de 2024 e vai até 11 de agosto, alguns atletas já contaram que irão repetir os mesmos rituais das edições passadas.
Eileen Gu, atleta do esqui estilo livre, da República Popular da China, afirmou ao Olympics que seus símbolos de sorte ajudam a acalmar a ansiedade e que, se ela conseguir ficar no pódio, irá tatuar o seu “gato da sorte”.
Outro exemplo é o da Francesca Lollobrigida, patinadora de velocidade italiana que escolhe qual será a cor de sua roupa de baixo a partir das cores que deram certo em outras corridas.
“Tenho diferentes cores para cada evento: 1000, 1500 ou 3000 metros. E para evitar conflitos em alguns casos, às vezes coloco meias que não combinam”, contou Francesca ao Olympics.
Já o atleta húngaro Shaolin Sandor Liu tem o hábito de tocar seus cílios direito e esquerdo em sequência e depois piscar com o olho direito e sorrir. Segundo Sandor, essa é a sua “Piscada do Amor”.
“Apenas dei uma piscadinha para a câmera e todo mundo adorou! Ela me deu sorte. Venço muitas corridas com a minha sorte”, explicou o atleta.
Olimpíadas 2024: como essas crenças atuam no cérebro?
Mesmo não havendo comprovações científicas de que as superstições são fatores determinantes para a vitória, elas ainda podem ajudar no desempenho.
Compreende-se que o sucesso depende de diversos fatores, pois é uma consequência das ações tomadas todos os dias. Contudo, mesmo com a certeza de que tudo foi feito da maneira correta, é natural do ser humano ainda “cair” em armadilhas mentais. Isso é comumente chamado de pensamento de auto sabotagem.
Estar diante de um evento importante pode gerar medo e insegurança. É então onde as crenças atuam. Seja na fé religiosa, superstições ou até mesmo músicas alto astral, o hábito de criar “portos seguros” é natural. Esse tipo de imaginação traz a sensação de que tudo vai dar certo e, consequentemente, o corpo tende a atuar nessa direção.
O neurocientista Júlio Santos explica que esse fenômeno é o chamado “efeito placebo”. Segundo ele, a literatura científica apoia a ideia de que a superstição, por meio desse efeito, melhora as habilidades cognitivas. Esse efeito produz um senso de controle e tranquilidade mental no atleta em situações de resultado imprevisível.
Segundo Júlio, a partir de estudos de exame de ressonância magnética funcional (FMRI), existem algumas áreas específicas no cérebro que são o centro de uma grande rede que gera a tomada de decisão pautada na superstição. Isso inclui uma menor atividade dos giros frontais superior e médio do hemisfério direito do cérebro.
Ou seja, “do ponto de vista técnico, as pessoas supersticiosas têm uma menor inibição cognitiva decorrente dessa menor atividade dos giros frontais superior e médio direitos. E isso desemboca na criatividade. Além disso, a literatura nos mostra também que atletas de elite são mais supersticiosos do que atletas não-elite”, explica o neurocientista.
Olimpíadas 2024: de onde vem as superstições?
Na psicologia, a noção de ter amuletos é chamada de Locus de Controle Externo, que significa uma tentativa de controlar as situações.
Para o professor Fernando Costa, especialista em história do Brasil, o atleta que busca ter regras, vícios ou repetição de símbolos como usar a mesma camisa, meias úmidas, boné antigo, rodar o braço três vezes como Michael Phelps, “é uma forma de aliviar internamente sua ansiedade e medos de fracasso ou derrota e externamente de sentir que há algum controle sobre a situação da competição”, explica.
Portanto, ocupar a mente com essas crenças afasta, de certa forma, ideias negativas de derrota e frustração. “Na história, isso tem lastro: na antiga Grécia, os homens que competiam em homenagem a Zeus, o líder do Olimpo, por isso o nome Olimpíadas, se adornavam com flores, óleos, colares, brincos ou mesmo repetiam danças ou comidas antes de competir como forma de se abençoar e conseguir o resultado esperado”, conta o professor Fernando.