Skate: história, onde comprar, os atletas e tudo do esporte das Olimpíadas

Após destaque de Kelvin Hoefler e Rayssa Leal em Tóquio, cresce interesse de brasileiros pelo esporte, que volta às Olimpíadas nesta terça, 3, na modalidade Skate Park

20:46 | Ago. 02, 2021

Por: Carolina Parente
A brasileira Rayssa Leal faturou a medalha de prata na modalidade skate street das Olimpíadas de Tóquio 2021 (foto: LIONEL BONAVENTURE / AFP / AFP)

Com o ineditismo do skate nas olimpíadas e a participação célebre de brasileiros medalhistas nas Olimpíadas de Tóquio 2021, a curiosidade por saber mais sobre o esporte cresce no País. A admiração por Kelvin Hoefler e Rayssa Leal, que garantiram duas medalhas de prata para o Brasil nesta edição dos jogos, vem inspirando uma gama de jovens interessados em aprender sobre a nova modalidade olímpica.

História do skate

Idealizada por surfistas californianos cansados de esperar por boas ondas, o “surfe no concreto” foi criado na década de 1950 nos Estados Unidos. À época, improvisaram a modalidade esportiva que se espalharia pelo mundo ao acoplarem rodinhas de patins a um pedaço de madeira. Assim nasceu o inicialmente chamado “sidewalk surfing” (surf de calçada, em tradução literal).

Nos anos 60, o skate ganhou vida própria. Inspirado na cultura urbana e com adesão de cada vez mais pessoas à prática, desvencilhou-se do surfe, ganhou manobras particulares, pranchas adequadas ao solo citadino e chegou a outros países. Na década de 70, o esporte foi associado ao movimento de contracultura da juventude que tinha na diversão a possibilidade de praticar exercício e cultivar amigos.

No Brasil, foi iniciado por surfistas cariocas que tinham a chance de realizar viagens internacionais e de conhecer sobre a nova onda que despertava interesse nos praticantes da modalidade havaiana, ocorrendo no Rio de Janeiro, em outubro de 1975, o primeiro campeonato de skate do País. Mas foi somente em 1985 que o esporte se tornou febre entre os brasileiros, quando a capital paulista virou o mar dos que não tinham praia por perto.

Inicialmente, ser skatista não era bem visto no Brasil. Em São Paulo, o decreto municipal de número 25.871, de 6 de maio de 1988, editado por Jânio Quadros, então prefeito da cidade, limitava a prática dessa atividade no Parque Ibirapuera, onde estava localizada a sede da prefeitura.

Após protestos de praticantes que reivindicavam mais espaços urbanos para a realização do esporte na metrópole paulistana em 24 de junho de 1988, outro decreto determinou a proibição do skate em todas as partes da que já era a maior cidade do Brasil. Quem desrespeitasse as regras seria detido e os menores de 18 anos encaminhados para o Juizado de Menores.

O skate foi liberado seis meses depois por Luiza Erundina, eleita prefeita de São Paulo no mesmo ano pelo Partido dos Trabalhadores (PT).

Iniciada a década de 1990, começaram a brilhar atletas brasileiros que viriam a ser considerados fenômenos mundiais do esporte, como Bob Burnquist, nomeado melhor skatista do mundo em 1997. Ele foi convidado pela Rede Globo para comentar a performance dos atletas brasileiros nas olimpíadas deste ano na modalidade street.

Ainda nos anos 1990, com o surgimento e sucesso da banda santista de rock Charlie Brown Jr, cujos membros praticavam o esporte, a popularização dessa modalidade ganhou ainda mais fôlego entre os jovens. Chorão, vocalista do grupo, com seus milhares fãs ao redor do País, inspirou uma legião de pessoas a arriscar manobras ao som de suas músicas pelas selvas de pedras brasileiras.

Nos anos 2000, foi criada a Confederação Brasileira de Skate (CBSk) e, com a evidente popularização dessa prática, houve a construção de centenas de pistas para skatistas no Brasil. Na década que se seguiu, uma pesquisa do Datafolha mostrou que já havia mais de 2,7 milhões brasileiros skatistas. Em 2010, segundo o mesmo instituto, esse número subiu para 3,8 milhões e em 2015 para 8,5 milhões.

Skate nas Olimpíadas

Na edição dos jogos olímpicos deste ano, as categorias “Park” e “Street” do skate são contempladas na competição, com um total de 80 atletas, sendo 40 para cada modalidade — 20 no masculino e 20 no feminino. A classificação foi definida pela World Skate, tornando aptos para a viagem ao Japão todos os atletas que estivessem entre os 20 melhores no ranking mundial de cada modalidade.

O Skate Street e os atletas do Brasil

O Skate Street, que já aconteceu e rendeu duas medalhas prateadas ao Brasil, tem elementos inspirados em ruas da cidade. A pista simula obstáculos como escadas, corrimões, rampas, muretas e guias de calçadas. Nas olimpíadas, somente oito atletas disputaram a final.

Nessa categoria, o Brasil foi representado na modalidade masculina por Kelvin Hoefler (4° no ranking mundial), Felipe Gustavo (17º no ranking mundial) e Giovanni Vianna (19º no ranking mundial). O time feminino foi composto por Pamela Rosa (atual líder do ranking mundial), Rayssa Leal, a ‘Fadinha do Skate’ (2ª no ranking mundial) e Letícia Bufoni (4ª no ranking mundial).

O Skate Park e os atletas do Brasil

Já no Skate Park, que começa nesta terça, 3 de agosto (03/08), os competidores disputarão em uma arena com os tradicionais piscinões das pistas. Nessa categoria, os skatistas fazem quatro voltas de 45 segundos cada. Somente a maior nota é usada para a classificação geral. Os oito melhores da primeira fase disputam a final, sendo as notas zeradas na busca pelas três primeiras colocações.

Na categoria masculina, os brasileiros classificados são Luiz Francisco (3º no ranking mundial), Pedro Barros (4º no ranking mundial) e Pedro Quintas (10º no ranking mundial). Entre as mulheres estão Dora Varela (9ª no ranking mundial), Isadora Pacheco (11ª no ranking mundial) e Yndiara Asp (14ª no ranking mundial).

O skate e os benefícios para o corpo

Surgido nos Estados Unidos na década de 1950, o skate é hoje popular no mundo todo. Praticado por 8,5 milhões de brasileiros na atualidade, segundo o Datafolha, o esporte deve conquistar novos adeptos no País após sua estreia como modalidade olímpica nos Jogos de Tóquio 2020.

A popularização dessa atividade se configura como algo positivo quando associado aos benefícios que promove à saúde de seus praticantes. Considerado um estilo de vida, o skate é bom para a saúde do corpo e da mente, melhora a coordenação motora, aumenta a força muscular, auxilia no emagrecimento, alivia estresse e fomenta a socialização.

Muito mais do que uma atividade física ou esporte olímpico, skate é diversão. Portanto, caso haja interesse em começar essa prática, aqui vão algumas dicas para quem deseja comprar o primeiro skate e se aventurar com manobras radicais por aí. 

Onde comprar um skate?

Indica-se buscar uma loja que seja especializada neste nicho de mercado: um skateshop, onde o comprador encontra exatamente o que precisa, bem como pessoas com a experiência necessária para auxiliar no processo de escolha de um bom skate novo.

O ideal é que a pessoa escolha uma loja da sua cidade, pois nela os vendedores provavelmente a informarão sobre a cena do skate local e indicarão bons lugares para se familiarizar com a prática. 

Como comprar um skate bom e barato?

Pesquisar muito é o primeiro passo. Buscar preços em lojas físicas e online é importante para ter noção dos valores de cada peça que compõem o skate, como prancha e rodinhas.

Em média, os skates mais baratos disponíveis em skateshops virtuais estão custando entre R$ 200 e R$ 300. Existem opções mais em conta e mais caras também.

O comprador deve avaliar o objeto de acordo com o que ele procura e buscar a opinião de alguém que entenda de skate, de modo que possa orientar iniciantes que buscam economizar dinheiro. No começo, o aprendiz não precisa comprar o skate da melhor marca, como um da Element ou Plan B, por exemplo, apenas um que seja adequado ao aprendizado.

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