Conheça a história das primeiras medalhas de ouro do Brasil em Olimpíadas

Primeiro ouro olímpico foi conquistado há 100 anos pelo atleta de tiro esportivo Guilherme Paraense. Brasileiras só subiram no lugar mais alto do pódio na Olimpíada de Atlanta, em 1996.

19:25 | Mai. 04, 2021

Por: Martonio Carvalho
Vista aérea da estátua do Cristo Redentor iluminada com as cores da bandeira brasileira para marcar de para comemorar contagem regressiva para Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, no Rio de Janeiro (foto: Mauro Pimentel / AFP)

O militar Guilherme Paraense (1884–1968) foi o primeiro brasileiro a conquistar uma medalha de ouro em Olimpíadas. O feito veio na categoria de tiro esportivo, nos Jogos da Antuérpia, na Bélgica, no dia 3 de agosto de 1920. Tenente do exército brasileiro, Paraense venceu o americano Raymond Bracken na prova de desempate da modalidade de tiro rápido. As mulheres brasileiras só subiram ao posto mais alto do pódio 76 anos depois, em Atlanta, nos Estados Unidos.

Na véspera do ouro, o time de tiro esportivo já havia conquistado as primeiras medalhas olímpicas do Brasil. O País recebeu uma prata na pistola livre individual, com Afrânio da Costa; e uma de bronze, na pistola livre por equipes, com o grupo formado por Fernando Soledade, Sebastião Wolf e Dario Barbosa, além do próprio Afrânio e de Guilherme Paraense.

As conquistas vieram durante a estreia do Brasil nas Olimpíadas, mas estiveram perto de não acontecer. Como o Comitê Olímpico do Brasil (COB) não organizou a viagem da delegação brasileira, um grupo de 20 atletas de modalidades diferentes (natação, polo aquático, saltos ornamentais, remo e tiro esportivo) viajou para a Antuérpia por conta própria.

O trajeto foi precário e durou 26 dias. Os brasileiros viajaram de navio, em camarotes de 3ª classe. Quando chegaram à Ilha da Madeira, em Portugal, a equipe de tiro descobriu que o navio não chegaria à Antuérpia a tempo e optou por realizar o restante do caminho em um trem de vagões abertos, expostos ao sol durante o percurso.

Os atiradores desembarcaram na Antuérpia a tempo, mas descobriram que boa parte das armas e das munições havia sido roubada no caminho. Os brasileiros contaram com a solidariedade da delegação dos Estados Unidos, que doou o equipamento necessário para a equipe de tiro participar da competição. Curiosamente, a medalha de ouro conquistada por Paraense foi sobre um atleta da equipe americana.

Primeiro ouro feminino só veio na Olimpíada de Atlanta, em 1996


Apesar dos bons resultados obtidos em modalidades femininas nas últimas Olimpíadas, a estreia das brasileiras no pódio só aconteceu nos Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996. Na final entre duas duplas brasileiras no vôlei de praia, Jackeline Silva e Sandra Pires conquistaram a medalha de ouro ao vencerem Adriana Samuel e Mônica Rodrigues, que ficaram com a prata.

Na mesma edição, as seleções femininas de basquete e de vôlei de quadra ainda conquistaram, respectivamente, as medalhas de prata e bronze, consagrando a melhor participação feminina do Brasil nos Jogos até aquele momento.

Já o primeiro ouro feminino em modalidades individuais foi conquistado no atletismo, durante as Olimpíadas de Pequim, em 2008. Maurren Maggi ficou em primeiro lugar na modalidade de salto em distância, após alcançar a marca de 7,04 metros e desbancar a nigeriana Blessing Okagbare (6,91 metros) e a jamaicana Chelsea Hammond (6,79 metros) na final. Alguns dias antes, Ketleyn Quadros recebeu a primeira medalha em esportes individuais, ao ficar em 3º lugar na categoria para até 57 Kg no Judô.

O longo período entre as medalhas de ouro conquistadas por Guilherme Paraense e pela dupla Jackeline Silva e Sandra Pires pode ser explicado, em parte, pela baixa presença de brasileiras nos Jogos Olímpicos até então. De acordo com o COB, nos Jogos de Atlanta-1996, a delegação brasileira tinha 225 atletas, sendo 159 homens e apenas 66 mulheres.

A primeira participação feminina do Brasil na competição só ocorreu em 1932, nos Jogos Olímpicos de Los Angeles. Maria Lenk, da natação, foi a única mulher a competir pelo Brasil naquela edição, situação que se repetiu em outros anos, como em 1956, quando a saltadora Mary Dalva Proença foi a única representante nas Olimpíadas de Melbourne, na Austrália.

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