Olimpíada de Tóquio começaria nesta sexta; atletas cearenses que estariam nos Jogos lamentam

Pandemia adia Jogos Olímpicos de Tóquio para 2021. Realização depende do controle do novo coronavírus no mundo todo

No dia 7 de setembro de 2013, o Dia da Independência do Brasil, o Comitê Olímpico Internacional escolheu Tóquio (JAP) para sediar as Olimpíadas de 2020. Os japoneses, que desbancaram Madri (ESP) e Istambul (TUR), iriam realizar o segundo Jogos Olímpicos de sua história, a primeira havia sido em 1964, quando o país mostrou ao mundo a reconstrução após a crise causada pela Segunda Guerra Mundial.

O tão sonhado 2020 chegou, um ano que deveria trazer um dos maiores espetáculos do esporte mundial. Entretanto, as Olimpíadas, que estavam previstas para começar dia 24 de julho e encerrar 9 de agosto deste ano, foram adiadas em um ano, com isso, deverá ocorrer somente entre 23 de julho e 8 de agosto de 2021. Com os primeiros casos registrados em Wuhan, na China, em dezembro de 2019, o novo coronavírus se alastrou pelo mundo todo e obrigou o COI e as autoridades japoneses a anunciarem o adiamento dos Jogos Olímpicos.

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Após muita contestação dos atletas e federações, Olimpíadas e Paralimpíadas foram oficialmente canceladas no dia 24 de março, dois dias - 22 de março - após o presidente do COI, Thomas Bach, afirmar, em nota oficial, que uma decisão final seria tomada pelos organizadores da competição em até um mês. Cerca de uma semana depois, foi anunciada a nova data: 23 de julho a 8 de agosto do próximo ano.

Sonho adiado

Disputar as Olimpíadas é um sonho para qualquer atleta, e, com o anúncio do adiamento, a frustração foi inevitável, como conta a cearense Rebecca Silva, 23, atleta do vôlei de praia, que já está garantida para representar o Brasil nas Olimpíadas de Tóquio. Ao lado de Ana Patrícia, a cearense é uma das duplas mais promissoras do país.

 

Pandemia impactou continuidade do principal torneio de vôlei de praia no Brasil
Pandemia impactou continuidade do principal torneio de vôlei de praia no Brasil (Foto: Wander Roberto/CBV )

“É uma decisão muito difícil para todos. Estávamos vivendo o sonho da nossa primeira Olimpíada e de repente tudo mudou. Mas o adiamento foi, sem dúvidas, a melhor decisão. É um alívio já estar classificada, pois sabemos que quando houver a competição, estaremos lá. Então isso nos dá uma certa tranquilidade”, conta Rebecca.

Rebecca também fala que, mesmo confinada com a família, pensa todos os dias na disputa das Olimpíadas. Outra atleta do Estado que já garantiu classificação é triatleta Vittoria Lopes, 24, e diferente da conterrânea cearense do vôlei de praia, já consegue realizar treinos próximo do ideal. Morando em Boulder, no estado do Colorado, nos Estados Unidos, houve um afrouxamento das atividades em diversas regiões norte-americanas.

FORTALEZA, CE, BRASIL, 03.12.2019: Vittória Lopes, triatleta.academia Hedla Lopes. (Fotos: Fabio Lima/O POVO)
FORTALEZA, CE, BRASIL, 03.12.2019: Vittória Lopes, triatleta.academia Hedla Lopes. (Fotos: Fabio Lima/O POVO) (Foto: FÁBIO LIMA/O POVO)

“Por aqui, podemos fazer a bicicleta e a corrida nas ruas, usando máscaras. Já nas piscinas, é possível fazer treino agendado com duração de uma hora, entretanto, é permitido somente uma pessoa por raia. Então, hoje, já tenho umas opções de treino. Ainda não é na intensidade ideal para se preparar aos Jogos Olímpicos, mas reconheço que estou em uma situação melhor a vários companheiros, que ainda não conseguem nem sair de casa com segurança”, ressalta Vittoria.

Radicado no Ceará, o nadador Luiz Altamir iria disputar o Troféu Maria Lenk no último mês de abril. A competição seria crucial para o atleta garantir vaga nas Olimpíadas de Tóquio. O torneio nacional foi adiado e ainda não tem uma nova data para ocorrer. Apesar do cenário de indefinição, ele mantém uma rotina de treinos mesmo com o isolamento: “Ainda continuo com uma rotina de exercícios físicos em isolamento, mantendo contato com meu técnico, nutricionista e fisioterapeuta. Sigo tentando manter a forma física mesmo com esse momento que estamos vivendo”.

FORTALEZA, CE, BRASIL, 27-12-2019: Treinamento do nadador Luiz Altamir com as crianças do Projeto Nadando na Frente, no Ideal Club, Meireles. (BÁRBARA MOIRA/ O POVO)
FORTALEZA, CE, BRASIL, 27-12-2019: Treinamento do nadador Luiz Altamir com as crianças do Projeto Nadando na Frente, no Ideal Club, Meireles. (BÁRBARA MOIRA/ O POVO) (Foto: BÁRBARA MOIRA)

Luiz Altamir busca sua segunda participação nos Jogos Olímpicos, a estreia nas piscinas ocorreu no Rio de Janeiro, quatro anos atrás. Com somente 20 anos, ele era um dos atletas mais jovens da delegação brasileira.

Indefinição

O presidente do Comitê Organizador da Olimpíada de Tóquio 2020, Yoshiro Mori, afirmou que caso a pandemia do novo coronavírus não esteja controlada até 2021, os Jogos Olímpicos serão descartados, ou seja, não será mais realizado.

O COI ainda evita discutir os próximos rumos desta história, mas nenhuma possibilidade pode ser descartada, visto que o ideal para a realização seria uma situação estável em todo mundo.

No final de maio, o Japão suspendeu o estado de emergência, o que traz uma esperança para o futuro. O Campeonato Japonês, por exemplo, retornou em 4 de julho. Desde 11 de julho, os jogos podem ter presença de público com duas restrições: 50% da capacidade do estádio e no máximo 5 mil pessoas.

O cenário pode ser promissor, mas é preciso aguardar como os outros países irão combater à pandemia. A segurança dos atletas, funcionários e público deve ser o fator preponderante para garantir a realização dos Jogos Olímpicos em 2021.

Entre julho e dezembro deste ano, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) enviará uma delegação com 200 atletas para treinamentos na Europa. Como a situação ainda não está controlada no Brasil, o Comitê entende ser mais seguro treinar fora do país.

 

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