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Vencedor da primeira São Silvestre, Alfredo Gomes ganha livro sobre suas conquistas

Neto de escravos, nas primeiras décadas do século 20, um negro defendendo as cores de um clube formado por italianos em São Paulo surpreendia a classe esportista brasileira. Alfredo Gomes despontava como um dos maiores nomes do atletismo nacional e logo cravou sua carreira como a principal da época. O paulista foi, então, entrando na [?]
08:15 | Dez. 07, 2018
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Neto de escravos, nas primeiras décadas do século 20, um negro defendendo as cores de um clube formado por italianos em São Paulo surpreendia a classe esportista brasileira. Alfredo Gomes despontava como um dos maiores nomes do atletismo nacional e logo cravou sua carreira como a principal da época. O paulista foi, então, entrando na história do esporte como o primeiro negro a representar o Brasil em Jogos Olímpicos e o vencedor da primeira São Silvestre, em 1925.

A grande trajetória de Alfredo é motivo de orgulho para a família e para o Clube Esperia, um dos mais tradicionais e antigos da cidade de São Paulo e foi a inspiração para o neto mais velho, Antônio Carlos de Paula, colocar a história do avô em palavras, no livro Vida, Vitórias e Conquistas. Em evento na sede do clube, nesta quinta-feira (6), família, amigos e admiradores de Alfredo se reuniram para prestigiar o lançamento do livro que é, sobretudo, uma homenagem ao atleta, segundo o próprio Antônio. ?A ideia surgiu em 2015, depois que meu primo correu a São Silvestre para homenagear o nosso avô. E como eu sou um pouco mais preguiçoso, tive que fazer uma homenagem da minha forma, já que é mais fácil falar e escrever do que correr?, disse o autor do livro.

Junto com o primo Walter Gomes, os dois fizeram vasta pesquisa sobre os feitos do avô, contando com lembranças da família, e acervos da Gazeta Esportiva  e do Clube Esperia. Durante a curadoria, Antônio se surpreendeu ainda mais com as descobertas sobre a cidade de São Paulo, mas também confirmou como a história do campeão merecia ser contada. ?A própria história dele é pura inspiração, um neto de escravos, na década de 20, quando o preconceito era muito pior que hoje e ainda foi aceito num clube criado por italianos. E todas as conquistas que ele conseguiu. Então tudo nele é inspiração?, disse orgulhoso.

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As conquista de Alfredo, no entanto, não ganham só as páginas dos livros de seu neto. Além da homenagem no livro, que rendeu muita emoção à toda família no lançamento, os troféus que o brasileiro conquistou estarão expostos ao público no museu que o Clube Esperia pretende abrir em 2019. No ano em que completa 120, o clube espera abrir um museu com todo seu acervo, um dos maiores do Brasil, com fotos, troféus, medalhas e objetos que fizeram parte da construção do patrimônio Esperia e que contará com uma grande parte do acervo de Alfredo . O presidente do clube, Osmar Monteiro revela que a ideia é que seja uma grande homenagem à algumas modalidades que fazem parte da raiz do clube.

?Nós temos um acervo muito grande e resolvemos, com uma equipe especializada, criar o museu do remo do Rio Tietê. Então nós estamos construindo esse museu, já montando para ser o memorial do clube Esperia, onde vai estar incluído o atletismo, basquete, vôlei, todos os esportes que tiveram participação e têm uma história para contar. Pretendemos que tudo fique pronto no próximo ano?, disse o presidente.

Diante do grande legado de Alfredo e da sua história de superação, o atleta é uma inspiração por ter tido uma origem humilde e, em tempos de muito preconceito, fez do Esperia, que lhe acolheu, sua casa. Mais de um século depois de seu começo de carreira, são muitas as crianças que buscam chances como a de Alfredo para tentar uma carreira no esporte e em memória da história que traçou junto a atletas que vieram da periferia, o Esperia resgatou sua força no atletismo há alguns anos através de projetos com crianças de escolas públicas.

?A gente percebe que o atletismo já tem por característica mobilizar atletas de comunidades, da periferia. E aqui temos um projeto, desde 2013, junto com o Comitê Brasileiro de Cubes, que resgatou a formação de atletas aqui dentro. Na base temos mais de 50 atletas, onde a maioria vem de escolas públicas, onde fazemos um trabalho junto com a Secretaria de Educação Municipal, quando recebemos aqui no clube, competições dessas escolas?, disse o gerente esportivo, Ari Mello.

São cinco anos em que clube e a família Gomes caminha junto para tentar honrar e retomar a força do nome e das conquistas de Alfredo Gomes. O livro, o museu e a constante memória fazem parte do projeto de reaver a história de superação e de sucesso do porta-bandeira brasileiro dos Jogos Olímpicos de 1924, em Paris.

 

 

 

Gazeta Esportiva

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