Do alcoolismo ao topo: como o caratê transformou a vida de Robson Luiz

Atleta cearense de 47 anos superou as agruras da vida e encontrou no esporte uma válvula de escape para viver um novo momento

O esporte é uma ferramenta poderosa de inclusão social, transformação de vida e superação. Histórias de pessoas que enfrentaram grandes desafios até encontrarem nas práticas esportivas um motivo para acreditar e seguir em frente são comuns.

O cearense Robson Luiz é um desses exemplos. Ao longo de sua trajetória, o carateca precisou superar inúmeros obstáculos. O mais difícil deles foi o alcoolismo. Paralelamente, havia o caratê, que inicialmente era apenas uma distração.

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Em pouco tempo, contudo, o esporte se tornou essencial em sua vida, servindo como um refúgio para lidar com as dificuldades. "Tive um problema no joelho esquerdo, depois na coluna. Veio a pandemia, peguei Covid... Foi então que pensei: preciso fazer alguma coisa."

"Todo mundo me associava à bebida. Durante muitos anos, até 2023, o álcool esteve presente na minha rotina. Eu praticava esporte apenas como lazer", afirmou. "Quando decidi parar de beber, foi por uma questão psicológica. Estava afetando minha família. A partir daí, o esporte deixou de ser passatempo e se tornou uma escolha de vida."

A motivação para se dedicar às artes marciais era clara: renascer. Robson, no entanto, foi além. Ele se comprometeu a se tornar um atleta profissional e a ser o melhor naquilo que fazia. E conseguiu. "O alcoolismo foi minha maior motivação. Eu já praticava caratê por gosto, mas resolvi me dedicar de verdade e ser um atleta", explicou.

"Em 2023, treinei intensamente. Precisei interromper os treinos por três meses para realizar uma cirurgia na coluna. Quando voltei, decidi que queria competir no (Campeonato) Brasileiro. Meu professor reconheceu meu potencial, focou nos treinos e participei do (Campeonato) Cearense. Depois, segui para o Brasileiro", relembrou.

Apesar da humildade evidenciada na voz, Robson brilhou. Em sua estreia em uma competição nacional, conquistou o lugar mais alto do pódio em duas categorias, em torneio realizado na cidade de Natal (RN), entre os dias 21 e 24 de novembro.

"Fui apenas para competir e tive a enorme surpresa de vencer em primeiro lugar no kata sequência de movimentos, com técnicas de ataque e defesa usadas no caratê  e no kumitê A arte do combate, em duelos individuais com pontuação por golpes  (combate). Foi uma alegria indescritível. Eu não acreditava em mim, e muitas pessoas também não acreditavam. Hoje, vivo em harmonia, especialmente com minha família", declarou.

A idade, de 47 anos, nunca foi um obstáculo, embora ele reconheça que enfrenta preconceitos, principalmente quando se fala em apoio financeiro para competições.

"É complicado. Primeiro, pela falta de patrocínio. Competições de alto rendimento exigem investimentos. Quando digo que sou atleta, muitos olham com indiferença por causa da minha idade. Mas pratico esportes há muitos anos", desabafou.

Essa visão é compartilhada por seu sensei Mestre, em japonês , Ossian Leite. Para o professor, nunca é tarde para começar. "Qualquer idade é válida para iniciar no esporte. O caratê é uma prática repetitiva que, com o tempo, aprimora o corpo por meio de exercícios físicos intensos", destacou.

O ano de 2025 está começando e traz novos desafios. O Ceará sediará dois importantes campeonatos de caratê: o Campeonato Brasileiro e o Campeonato Pan-Americano. Robson já provou que nem problemas com álcool, nem cirurgias, nem a idade são capazes de deter sua determinação.

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