Criança de instituto no Bom Jardim é medalhista em torneio de Capoeira na Caucaia

Yuri Damasceno levou 3º lugar no 2º Torneio Aberto de Capoeira; jovem destacou-se entre os competidores do Ceará e reforça potencial transformador do esporte na comunidade

O aluno do Instituto Katiana Pena (IKP) Yuri Damasceno, de 11 anos, conquistou o terceiro lugar na categoria infantil 2 no Torneio Aberto de Capoeira, ocorrido no Sesc Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza. Considerado um dos maiores torneios do Ceará, o evento reuniu atletas de todo o Estado no último dia 19 de outubro.

Para Katiana Pena, diretora-geral do IKP, a conquista é motivo de orgulho não apenas para a iniciativa, mas para a comunidade do entorno. “Nos orgulhamos muito de mostrar para a sociedade que a favela tem um grande potencial, e os jovens comprovam isso diariamente. Apesar de todos os desafios, conquistas como essa são exemplos da transformação que uma oportunidade pode trazer para a vida deles", pontua Katiana.

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Cleidiana Dantas, treinadora, o acompanha há dois anos. Ao ser questionada sobre o motivo da vitória, explica: “Pedi para ele soltar o jogo. O importante era ser feliz e fazer o que já sabia. Quando falo jogo, é a prática".

A técnica destaca o atributo da capoeira como motor de desenvolvimento se praticado cedo. “Começam a conhecer o corpo e a descobrir até onde conseguem chegar. Aprendem no ritmo dos instrumentos, porque a capoeira é a única luta com música. Eles aprendem a tocar, a cantar e a dançar”, acrescenta.

Cristina Damasceno, mãe do campeão, conta que procurou a inserção do esporte na vida do filho, que escolheu a modalidade. “Queria que ele ocupasse a mente”, diz.

Desde os 8 anos, o garoto tem uma rotina intensa com aulas também de muay thai em outra organização. “O que ele mais gosta é de estar com os colegas e da ginga”, indica.

Um estudo da Universidade de São Paulo (USP) da pesquisadora Mariana Bracks Fonseca concluiu que “a ginga é tudo, é a própria capoeira. É a dança, é a movimentação do capoeirista, que vai para um lado, vai pro outro pra não se deixar atingir. É a enganação, serve para confundir, para enganar o adversário”. A tese de doutorado “Ginga: História e memória corporal na capoeira angola” foi publicada em 2018.

A família moradora do bairro Granja Lisboa sente orgulho da medalha conquistada. “Ficamos felizes. Ele sempre fala que quer continuar indo às aulas”, conta Cristina, que trabalha com encarte de mercados. Segundo ela, o pequeno quer seguir se profissionalizando na área. 

“É um pouco da nossa história, do nosso país, do nosso povo, de grande nome da nossa cultura. É uma ferramenta de transformação gigante cultural, histórica e musical. A capoeira é mágica”, celebra a treinadora. 

SOBRE O INSTITUTO

O Instituto Katiana Pena é uma Organização da Sociedade Civil dedicada ao combate à desigualdade social por meio da dança, arte, educação e esporte na região do Grande Bom Jardim. O programa de capoeira, ativo desde 2019, já alcançou 250 crianças e adolescentes, promovendo disciplina e desenvolvimento pessoal. 

ORIGEM DA CAPOEIRA E RECONHECIMENTO

Segundo o portal da Câmara dos Deputados, a capoeira surgiu durante o Brasil Império (1822 - 1889) como resposta a violência posta contra os escravizados advindos do continente africano. Por meio de golpes e de movimentos corporais, a luta permitia defesa das perseguições para capturar fugitivos.

De acordo com os dados da Câmara Legislativa do Distrito Federal, foi proibido em solo nacional até 1940, quando foi descriminalizado. Em 2014, a prática foi reconhecida como Patrimônio Imaterial da Humanidade pela Unesco (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura).

A roda de capoeira já havia sido reconhecida pelo Iphan como Patrimônio Cultural Brasileiro desde 2008.

No dia 5 de Julho, comemora-se o Dia Mundial da Capoeira. O Dia do Capoeirista foi instituído no calendário comemorativo do DF pela Lei 6.694/20, e é comemorado, anualmente, em 3 de agosto, sem oficialização.

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