De olho no top-10 do UFC, cearense Iasmin Lucindo faz maior luta da carreira

A lutadora tem um rol de 21 combates, sendo 16 vitórias, cinco derrotas e nenhum empate. Iasmin vem de três triunfos consecutivos nas suas últimas aparições

A lutadora cearense Iasmin Lucindo escreverá, mais uma vez, uma página importante da sua trajetória dentro do mundo das artes marciais. Neste sábado, 5, a atleta subirá ao octógono mais famoso do mundo a partir das 21 horas, na edição de número 307 do UFC, contra a gaúcha Marina Rodriguez, em Salt Lake City, em Utah, no Estados Unidos.

Na 14ª colocação do ranking do peso palha do UFC, a cria do Genibaú, bairro da periferia de Fortaleza, vê o duelo diante da rival brasileira (Nº 6) como uma chance de chegar ao top-10 da categoria.

É + que streaming. É arte, cultura e história.

+ filmes, séries e documentários

+ reportagens interativas

+ colunistas exclusivos

"A gente nunca sabe como o UFC vai agir. Eu vou ser sincera: fiquei surpreendida que casaram minha luta com Marina. Eu esperava um top-10, sim, mas 8ª, por ali", diz a cearense em entrevista exclusiva ao Esportes O POVO.

"Tem meninas que fazem quatro lutas e demoram a entrar no ranking. Depende muito do resultado da luta, de como você está e isso vai determinar seu caminho. Se será mais longo ou demorado. É sempre inesperado", completou.

Iasmin soma 21 combates na carreira. Foram 16 vitórias — oito por nocaute, três por finalização e cinco por pontos — e cinco derrotas. Em ascensão na maior organização de MMA do mundo, ela chega para lutar contra Marina Rodriguez após três vitórias consecutivas no Ultimate.

Por outro lado, a gaúcha vive momento de oscilação com apenas uma vitória nas últimas quatro lutas. "Cada luta é uma luta. Eu coloco isso na minha cabeça. Eu pego adversárias diferentes, histórias diferentes. Eu não foco no resultado das minhas adversárias, eu foco mais na técnica, no perigo que ela me oferece e nas qualidades que ela tem", pontuou.

"Marina está numa fase ruim, mas isso não diminui a história. E é uma grande striker (trocadora), mas isso é bom, porque eu gosto da porrada, e isso me deixa muito empolgada", finalizou.

Apesar do contexto decisivo, chance de entrar no top-10 e maior luta da carreira, Iasmin se mostra tranquila para o combate. "Eu estou preparada em relação à ansiedade. Estou bastante de boa. Eu trabalhei muito, me dediquei bastante. Não foi 50%, foi 100%. Eu sei a atleta que a Marina Rodriguez é. Ela é um top-6, tem uma história. Eu vou estar frente à frente, e eu sabia que tinha que estar bem preparada."

"Eu gosto de desafios, gosto de algo que me tira da zona de conforto, e ela (Marina) está fazendo isso comigo, mas eu gosto disso", avaliou.

Busca por autodefesa e inspiração em Amanda Nunes

A história de Iasmin Lucindo é inspiração e motivação para todos aqueles que almejam chegar longe na carreira profissional. No papo com o Esportes O POVO, a jovem mostrou maturidade ao relembrar e tratar do inicio da trajetória no MMA.

"O começo da minha carreira foi em Fortaleza. Eu comecei num projeto no Genibaú, que foi muito marcante para mim. Eu tive contato com arte marcial por conta desse projeto e aí comecei a me descobrir. Eu sempre falo sobre a importância do projeto, porque isso tira crianças da rua, do lado ruim. A comunidade tem lado bom e ruim, e o lado bom é esse, que as pessoas trabalham pelo projeto", pontuou.

A história dela é comum entre jovens nascidos em comunidades espelhados pelo Brasil. Questionada sobre o desenvolvimento de projetos sociais como os quais ela participou, ela afirmou que eles podem ser importantes na vida dos jovens. "Falta um olhar diferente para a comunidade. Às vezes as pessoas só olham como perigo, como se só tivesse coisa ruim, mas na comunidade tem coisas boas. Por exemplo, pessoas que não têm ajuda nenhuma, mas trabalham para tirar as pessoas das ruas."

Para além de se tornar uma atleta, entrar para o universo das lutas foi uma válvula de escape. Ela relata que testemunhou a violência doméstica em casa e buscou as artes marciais, inicialmente, para se defender. "No começo da minha carreira, eu entrei para me defender, minha família sofreu violência doméstica, e eu não queria isso para minha vida. Eu acredito que não fui a única criança que passou por isso."

"O esporte foi a maneira que eu encontrei de expressar o que eu tinha por dentro, o medo que eu sentia de alguém bater na minha mãe, nas minhas tias", relembrou.

A inspiração de Iasmin para tudo isso, além de vir de casa, vem também do próprio MMA. Mais precisamente de Amanda Nunes, uma das principais lutadores brasileiras e mundiais. A cearense conta como foi conhecê-la. "Ela é minha primeira inspiração no mundo da luta. Quando eu vi aquela mulher lutando eu pensei que queria ser 10% dela".

"Chega uma fase que ficamos cansando, mas quando eu vi ela, pensei o quão ela é inteligente. Eu a conheci pessoalmente, foi treinar na minha academia, estava na minha estreia. Ver o modo que ela fala da história dela. Um dia eu vou ter um lado igual", enfatizou. 

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente

Os cookies nos ajudam a administrar este site. Ao usar nosso site, você concorda com nosso uso de cookies. Política de privacidade

Aceitar