Jabulani, Copa do Mundo e tênis: as conexões de Cid Moreira com o esporte
"Jabulaaaani" e "Ah não, Mick Jagger", jargões de Cid Moreira na Copa do Mundo da África do Sul, em 2010, marcaram a carreira do jornalista
15:50 | Out. 03, 2024
Dono de uma das vozes mais marcantes da televisão brasileira, Cid Moreira faleceu aos 97 anos na manhã desta quinta-feira, 3. Criador de jargões que marcaram a Copa do Mundo da África do Sul, o jornalista era mais adepto ao tênis do que do futebol.
É difícil ouvir a palavra "Jabulani", nome da bola do Mundial da África do Sul, e não lembrar da voz marcante de Cid Moreira. O jargão icônico do jornalista, repetida inúmeras vezes pela TV Globo durante a Copa de 2010, repercutiu bastante na época e marcou a carreira do profissional.
"Eu nem sabia o que era (Jabulani). Não imaginava que fosse repercutir tanto. Parece que está fazendo sucesso na internet também", admitiu o jornalista em uma entrevista.
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Além de fazer da bola um dos personagens mais lembrados do Mundial na África do Sul, o torneio também deu a Moreira a chance de cravar outro bordão inesquecível. Para os mais supersticiosos, nada era pior do que ouvir sua voz grave reverberando o nome de Mick Jagger.
Naquele torneio, o vocalista dos Rolling Stones ganhou status de pé frio. Nos jogos em que ele comparecia ao estádio, a seleção no qual recebia a torcida do astro do rock perdia. Desta forma, ele foi considerado o "culpado" pelas eliminações da Inglaterra, dos Estados Unidos, do Brasil e da Argentina.
A eliminação dos brasileiros para a Holanda deu início ao jargão “Ah não, Mick Jagger”, que seria outra marca registrada da cobertura da TV Globo naquele mundial na voz marcante de Cid Moreira.
Na competição seguinte, em terras brasileiras, bonecos do cantor com camisa dos adversários da seleção canarinho foram vistos com frequência nos estádios.
O ex-âncora do Jornal Nacional era assumidamente torcedor do Botafogo, mas frequentava a Vila Belmiro para ver Pelé jogar. Em 1974 deu voz ao documentário Futebol Total, um filme que imortalizou os grandes momentos da Copa do Mundo da Alemanha.
Entusiasta do tênis
Apesar de ter parte de sua vasta trajetória marcada a jargões associados ao futebol, o esporte favorito de Cid Moreira era o tênis. Fã declarado da modalidade, defendia sua prática em quase todas as entrevistas que concedia, falando que abandonou a atividade somente aos 89 anos de idade.
Foi devido a uma partida de tênis que Cid teve que apresentar uma edição do Jornal Nacional de bermuda e paletó. Por causa de um imprevisto, o jornalista chegou muito próximo ao horário do telejornal e não conseguiu se arrumar completamente.
"Caiu uma chuva imensa, a estrada fechou e precisei voltar por outro caminho", contou ele em entrevista.
O esporte também funcionou como meio de aproximação com a sua esposa. "Ela era repórter da revista Caras e a conheci em um torneio de tênis. Ganhei o primeiro set e no segundo ela apareceu. Vi aquela moça de cabelão balançando e perdi o jogo", revelou o jornalista no programa Altas Horas.
Cid Moreira morreu aos 97, vítima de insuficiência renal crônica agudizada, distúrbio eletrolítico e falência múltipla de órgãos. Ele deixa uma esposa e dois filhos.