Bicampeão mundial de surfe, Filipinho abre o jogo sobre depressão e pausa na carreira

Segundo o atleta, ele enfrenta a doença há cinco anos. "Fiz força para me tratar. Hoje estou bem, vendo meus filhos crescerem e estou maduro para entender a situação", disse o surfista ao portal nacional ge

Mesmo um craque internacional, bicampeão mundial de surfe, está sujeito a problemas de saúde mental. Em entrevista ao ge, Filipe Toledo, o Filipinho, falou sobre a pausa em sua carreira neste ano, apontando a depressão, contra a qual luta há cinco anos, como causa. O atleta falou ainda sobre os tabus que o tratamento da doença encontra no meio esportivo.

Campeão mundial do Circuito Mundial de Surfe (WSL) em 2022 e 2023, Filipe se afastou da competição no início de 2024. O atleta admite que “fez força” para buscar ajuda médica e que o tempo mais próximo aos filhos contribui para sua melhora. Segundo ele, no próximo ano, ele retoma as disputas.

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“Muitas vezes eu não queria falar (sobre o assunto), não queria fazer terapia, só queria ficar em casa, mas fiz força para me tratar. Hoje estou bem, vendo os meus filhos crescerem e estou maduro para entender toda essa situação”, afirmou ele, ao ge.

Citando outros casos dentro do desporto, o surfista lista a atitude da ginasta Simone Biles, heptacampeã olímpica, em desistir de várias provas no Jogos de Tóquio-2020 por conta de sua saúde mental como um “divisor de águas” nas questões pessoais para outros esportistas.

“Essa decisão que ela teve marcou muito o mundo do esporte. Acho que esse assunto chegou a todo planeta. Todo mundo viu alguma matéria, foto ou vídeo falando da questão dela. E acho que isso só gerou forças para outros atletas entenderem a situação, o quão grave ela é, e tomarem uma atitude”, admite.

Muito ligado a sua família, Filipe acredita que a união entre estar com as pessoas que mais ama e ter um bom profissional da área clínica ao seu lado é imprescindível nos tratamentos.

“Ter a família por perto, as pessoas que você ama e, obviamente, é imprescindível o trabalho de um profissional. Você acaba passando por esse processo de uma forma um pouco mais leve. A coisa vem, passa e você vê a evolução mais rápido também”, adiciona.

Toledo também entrou no tema redes sociais e falou sobre o lado positivo e negativo do mundo virtual para um atleta. “Hoje em dia você vai fechar contrato com uma marca e a primeira coisa que eles pedem é uma análise do Instagram, das métricas, de onde é o público, das porcentagens... Então é muito importante para a gente, tanto que de qualquer lugar do mundo você se comunica com o seu público”, introduz.

“Mas tem o seu lado ruim também, né? Há muita gente que não pensa no que pode causar na pessoa que está do outro lado da tela. Então, se você não souber filtrar e não estiver com uma cabeça boa para isso, é muito complicado. Tem muitos atletas e famosos que não conseguem lidar com isso, com pessoas que vão lá só para falar besteira. E é difícil”, pontua.

Segundo Filipinho, ele tem acompanhamento específico de um profissional para ajudá-lo e atribui maior “leveza” na rotina como um “método terapeutico”

“Tenho feito um trabalho com um profissional. Só de não ter essa cobrança de ter que passar, de disputar vaga, de brigar para estar nas finais. Só de não ter isso, de saber que vou acordar e só vou ter que levar os meus filhos à escola, é algo que me dá tranquilidade. Tenho feito o meu treino, tenho me mantido ativo e isso tudo me ajuda nesse processo.”

Sobre o retorno ao campeonato mundial, o brasileiro afirma que “aquele Filipe passivo, tranquilo já era” e que o “Filipe mais agressivo do meu início no Circuito” será visto no mar e nas ondas da próxima temporada.

 

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