Radicada no Ceará, Ingridd Alves é bicampeã mundial de jiu-jitsu: "Sonho"

Atleta alcançou pela segunda vez o título do World Pro, Campeonato Mundial da modalidade, nessa sexta-feira, 10

16:06 | Nov. 13, 2023

Por: Gabriela Almeida
Ingridd Alves comemora vitória no Campeonato Mundial de jiu-jitsu (foto: Divulgação)

Ingridd Alves segue fazendo história no jiu-jitsu. A piauiense, que conheceu o esporte quando morava em Fortaleza, conquistou pela segunda vez o título do World Pro, que é o Campeonato Mundial da modalidade. Ao Esportes O POVO, atleta abriu o coração sobre o bicampeonato da divisão faixa marrom e preta feminina até 70kg, vencido na última sexta-feira, 10.

Além disso, no Jiu-Jitsu Awards, equivalente ao Oscar da modalidade, Ingridd foi agraciada com dois troféus, nas categorias “melhor faixa preta feminina” e “melhor atleta da América do Sul”.

A primeira vez que a desportista ganhou o Mundial foi em 2021, levando para casa o cinturão mais cobiçado, uma medalha e premiação em dólar. No ano seguinte, ela se destacou novamente, mas conquistou, na ocasião, a insígnia de bronze.

O segundo título veio na semana passada, como compensação aos esforços da atleta, que precisou de muita resiliência para chegar à final e vencer a britânica Nia Blackman, sua adversária. Com uma confiança inabalada, Ingridd diz nunca ter subestimado o potencial da oponente e revela o que fez para se manter concentrada.

"Se ela chegou até a final assim como eu, tem os seus méritos. De todo modo, eu estava bem atenta e focada para o grande dia. Para entrar em um bom estado de concentração, costumo escutar repetidas vezes no fone de ouvido músicas que me trazem bons sentimentos e vibram boas energias", revelou.

O ritual deu certo, já que a piauiense saiu vitoriosa da luta e levou para casa o segundo cinturão do mundial. Olhando para trajetória entre o primeiro e o segundo título, ela diz ter se sentido pressionada.

"Mais difícil do que chegar ao topo é se manter lá. Senti uma certa pressão, parecia até que eu tinha um alvo nas costas. Eu não consegui repetir o feito em 2022. (...) Percebi que precisava elevar o meu nível de jiu-jitsu, além de dar mais atenção à preparação física e ao acompanhamento psicológico. Dessa forma, fui capaz de conquistar um novo cinturão. (...) Estou revivendo a realização de um sonho", relatou a piauiense. 

Conquistar o sonho também teve uma sensação de alívio para Ingridd Alves. Visualmente, ele foi expressado por meio de lágrimas. 

"Precisei dar a volta por cima após o revés que sofri ano passado e agora meu coração está transbordando de felicidade. Todo esforço que fiz nos últimos meses valeu a pena. A primeira coisa que pensei foi na liberdade que irei desfrutar nos próximos dias, com dietas e treinos menos rigorosos, como uma 'semiférias'", brinca a atleta. 

É com essa visão bem-humorada, a propósito, que ela enxerga o futuro, ao pensar sobre os próximos sonhos que deseja alcançar e confessar que deseja ser tricampeã. "Os meus troféus e cinturões ficam na sala de casa, numa estante que, assim como coração de mãe, sempre cabe mais um”. 

Relação com a cidade de Fortaleza

A trajetória de Ingridd como atleta parte da de Fortaleza. Isso porque a atleta, que hoje tem 28 anos, veio morar na capital cearense quando tinha apenas 19. Foi em uma escola da cidade onde ela começou a praticar o jiu-jitsu, sendo uma das responsáveis por fortalecer o esporte na região.

"Experimentei a falta de apoio ao esporte profissional já dentro da minha própria casa. Na melhor das intenções, meus pais não aceitaram esta escolha por classificarem o jiu-jítsu como algo 'sem futuro'. Essa falta de apoio se repetiu em outras tantas portas fechadas que tive que encarar. Mesmo aos trancos e barrancos, mantenho a máxima disposição para construir meu legado desde que caí de paraquedas numa academia fundo de quintal, que sequer bebedouro tinha, mas onde me formei com muita honra da faixa branca à preta", relembra.

Ingridd Alves atualmente reside em São Paulo, mas nunca esqueceu de onde veio e nem por onde passou. "Minhas origens nordestinas estão entranhadas em mim. Morei em Fortaleza por sete anos e sempre vou honrar essa terra, por ter me acolhido e me apresentado o jiu-jitsu" .