Conheça as cearenses campeãs mundiais de handebol em cadeira de rodas pelo Brasil

Seleção brasileira foi campeã invicta com a equipe mista em Mundial disputado no Egito. Alunas do Cepid, Shirlei Moraes, Paula Lima e Aline Martins contam suas trajetórias no esporte

Representantes do Estado do Ceará, Shirlei Moraes, Paula Lima e Aline Martins foram campeãs mundiais de handebol em cadeira de rodas, no último mês de setembro. As três são alunas do Centro de Profissionalização Inclusiva para Pessoas com Deficiência (Cepid). Em entrevista ao Esportes O POVO, as paratletas falaram sobre suas trajetórias no esporte e as perspectivas de carreira.

Com uma equipe mista, a seleção brasileira de handebol em cadeira de rodas foi campeã invicta com seis vitórias em seis partidas disputadas. O título foi conquistado nos tiros livres diretos após o Brasil vencer o Egito por 3 a 0, com um time formado por seis homens e quatro mulheres.

É + que streaming. É arte, cultura e história.

+ filmes, séries e documentários

+ reportagens interativas

+ colunistas exclusivos

Esta foi a primeira edição do Mundial de Handebol de Cadeira de Rodas (HCR4) chancelada pela Federação Internacional de Handebol (IHF). A competição foi disputada no ginásio Dr. Hassan Moustafa Sports Hall, na cidade de Cairo, no Egito.

Conheça a trajetória das cearenses da seleção de handebol

Shirlei Moraes, de 32 anos, conta que conheceu o esporte após sofrer uma lesão por arma de fogo. A cearense de coração — nasceu em Porto Velho, Rondônia, e se mudou para o Ceará com 5 anos de idade — conta que começou no basquete até que se encontrou na prática do handebol.

“Conheci o esporte no hospital Sarah Kubitschek, em 2012, após sofrer uma lesão por arma de fogo em 2010 e ficar cadeirante. No início não tinha muito interesse, mas por insistência do meu fisioterapeuta comecei no basquete em cadeira de rodas. Passei cinco anos no basquete e só em 2018 conheci o handebol em cadeira de rodas por iniciativa do meu atual técnico de montar um time no Cepid. O esporte mudou minha vida e me fez renascer no momento onde eu não queria mais viver”, relata.

“O handebol mudou minha vida, minha renda, minha autoestima. Hoje tenho visibilidade, me sinto vista. O atletismo me fez renascer. Com as conquistas que o handebol me trouxe, entendi que posso, sim, ter minha independência, não só financeira, mas também a independência que me faz sair na rua de cabeça erguida, com minha autonomia”, reforça Shirlei, que também pratica atletismo.

Paula Lima, de 41 anos, começou sua trajetória no esporte ainda criança. A cearense destaca que conheceu a modalidade há um ano e com somente seis meses de treino já foi convocada para a seleção brasileira.

“Comecei no esporte desde criança. Fui atleta de handebol desde a adolescência até a universidade. Sou oficial do exército, ex-professora de educação física e de handebol do Colégio Militar de Fortaleza. Faço parte do quadro da arbitragem de handebol do nosso Estado e conheci o HCR (Handebol de Cadeira de Rodas) há um ano. Com seis meses de treinamento fui convocada para a seleção brasileira”, ressalta.

Paula fraturou uma vértebra lombar em 2009, durante treinamento militar, e precisou de cirurgia para inserir uma prótese e aços de titânio na coluna. A jogadora conta que o esporte a motivou após a lesão. “Passei por um processo de adaptação e o esporte nunca largou minha mão. Foi sempre o que me motivou a seguir sonhando em alcançar o mundo”, destaca.

Aline Martins, de 42 anos, conta que após sofrer uma lesão medular o esporte se tornou essencial em sua vida. Depois de praticar várias modalidades, encontrou no handebol satisfação pessoal e profissional.

“O esporte faz parte do meu dia-a-dia, inclui em minha vida logo que tive a lesão medular e passou a ser essencial para o meu viver. Eu ensinava e trabalhava com transporte escolar e, de repente, minha vida virou do avesso. Tive que reaprender a fazer coisas básicas, precisei me reinventar e o esporte foi muito importante nesse processo todo. Pratiquei diversos esportes até me encontrar no handebol, que tem me dado um retorno não só de satisfação pessoal, como também financeiro”, frisa.

Seleção brasileira foi campeão mundial de handebol em cadeira de rodas
Seleção brasileira foi campeão mundial de handebol em cadeira de rodas (Foto: Divulgação)

Perspectivas de carreira no handebol

As atletas se preparam para o Campeonato Brasileiro, que acontecerá no mês de dezembro, em Chapecó (SC). As jogadoras, que treinam no Cepid, comentaram sobre suas expectativas para a competição e carreira.

“Sonho com um handebol bem representado e respeitado, espero estar dentro da equipe fazendo história nesse esporte, que é tão prazeroso e importante pra mim. Me esforçarei para representá-lo sempre e estar preparada para enfrentar qualquer equipe adversária”, disse Aline.

Shirlei, um dos destaques do Mundial do Egito, diz que está focada para a disputa do Brasileiro. “Me destaquei bastante nesse Mundial, disputei com uma atleta da Holanda entre a melhor da competição, por ter mais experiência, ela ganhou. Minhas expectativas para o handebol são grandes, vou continuar treinando focada para continuar na seleção e nos próximos Mundiais, que virão no próximo ano. Agora, estamos visando o Campeonato Brasileiro”, ressalta.

Paula Lima lembra das conquistas de 2019 e do vice-campeonato em 2018. “Participamos do primeiro Campeonato Brasileiro, em Balneário Camboriú, em 2018, em que ficamos em 2º lugar. Em 2019, fomos campeãs do Campeonato Brasileiro. Com a pandemia, paramos de treinar e voltamos depois de um ano”, disse.

Sobre o Cepid

O Centro de Profissionalização Inclusiva para a Pessoa com Deficiência (Cepid) é um equipamento do Estado do Ceará vinculado à Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos (SPS). O objetivo do Cepid é promover ações voltadas à capacitação e profissionalização das pessoas com deficiência (PCD), além de viabilizar oportunidades de inserção no mercado de trabalho.

“O Cepid é muito mais que um equipamento do Estado para atender pessoas com deficiência, é um espaço de possibilidades. Seja nas aulas de natação, onde alunos que têm paralisia e deficiência física conquistam sua autonomia a cada nado, de uma ponta à outra da piscina, ou nas quadras, onde jovens e adultos nos dão lições de força e determinação para enfrentar os desafios que vão surgindo”, destaca Onélia Santana, titular da SPS.

“Estamos muito orgulhosos de contar com uma equipe de handebol tão competente e comprometida com o esporte. Acompanhamos de perto a dedicação das atletas e só podemos dizer que o Cepid tem muito orgulho de fazer parte da trajetória delas. Este equipamento é uma segunda casa para nossos atletas e aproveito para dizer a todas as pessoas com deficiência que estamos de portas abertas para recebê-las sempre”, acrescenta a coordenadora do Cepid, Regina Tahim.

Serviço

O Cepid está com vagas abertas para práticas de natação, basquete, handebol e tênis de mesa. As atividades são exclusivas para pessoas com deficiência. As inscrições podem ser feitas através deste link ou diretamente no Cepid, localizado na Avenida Senador Robert Kennedy, 128, Barra do Ceará, em Fortaleza.

As aulas são realizadas no Cepid. Dias de segunda e quinta-feira, de 9 horas às 12 horas, e em dias de segunda e quarta, nos horários de 13 horas às 16 horas. Os treinos de tênis de mesa acontecem às terças-feiras e quintas-feiras, das 14 horas às 17 horas. Os treinos de basquete ocorrem nos dias de segunda e quarta, das 8 horas às 12 horas e de handebol acontecem toda sexta-feira, das 13 horas às 17 horas.

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente

Tags

atletas cearenses handebol de cadeira de rodas paraesporte paratletas cearenses

Os cookies nos ajudam a administrar este site. Ao usar nosso site, você concorda com nosso uso de cookies. Política de privacidade

Aceitar