Phelps se dedica à propagação da saúde mental após deixar as piscinas

Aposentado, o ex-nadador americano Michael Phelps, esportista com mais títulos olímpicos, viaja pelo mundo todo para falar da condição mental dos atletas

O agora ex-nadador Michael Phelps, atleta com o maior número de títulos olímpicos, viaja pelo mundo para falar sobre a condição mental dos atletas. Para o americano, a nova missão é "muito mais importante do que ganhar uma medalha de ouro", destacou em entrevista à AFP, em Paris.

Aos 37 anos, a lenda da natação mundial afirma que possui novos objetivos. "Preferia ter a oportunidade de salvar uma vida do que ganhar uma nova medalha de ouro". O ex-atleta já havia tornado público que lutou contra a depressão durante boa parte do seu auge nas piscinas.

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Hoje, ele diz que, após muitos atletas olímpicos se suicidarem, não deseja perder mais ninguém para a doença. Ainda enquanto disputava os Jogos Olímpicos de Atenas, Phelps começou a sofrer com a depressão.

Na ocasião, ele ganhou oito medalhas, seis delas de ouro, dando início a uma trajetória lendária, que terminou nos Jogos do Rio em 2016. No total, foram 28 medalhas, sendo 23 douradas.

"Disputar competições era o que eu mais gostava. Era um tubarão, sentia o sangue na água e continuava", lembra. Phelps temia confessar que sofria com a saúde mental, temia ser "um sinal de fraqueza, que poderia dar uma vantagem aos adversários". O recordista olímpico revela que chegou a perder a vontade de viver durante o processo.

Atualmente, Phelps está envolvido na produção do documentário 'O Peso do Ouro', que trata sobre a saúde mental dos atletas. O americano demonstra total apoio à tenista japonesa Naomi Osaka e à ginasta Simone Biles, depois de ambas reconhecerem o sofrimento com o problema.

"Eu aplaudo a Naomi. Ela expressou o que vivia nas redes sociais, com suas próprias palavras. Não é uma coisa fácil de fazer", disse. Phelps também falou sobre a situação de sua compatriota. "Quando vemos o que aconteceu com Simone Biles, que teve que suportar tudo isso durante um dos momentos mais importantes de sua carreira", acrescenta o ex-nadador.

Para o ex-atleta, a sua experiência de vida e a situação de Naomi e Biles mostram que os problemas com a saúde mental chegam em momentos inesperados. "Precisamos de pessoas preparadas para que possamos nos abrir e dividir experiências, para derrubar esses muros, essas barreiras que a gente constrói", avalia.

Pai de três filhos, Phelps tem uma vida "que não para nunca", ao lado de sua esposa, Nicole."Viajo ao redor do mundo, trabalhando com patrocinadores e dando palestras motivacionais", conta. "Nicole pode explicar que há dias em que me levanto e me sinto muito bem, e, no dia seguinte, me levanto e é completamente diferente".

Além de suas palestras, Phelps diz que ainda busca vias para encontrar a sua autenticidade. "Eu nado. Construímos uma sala de esportes na nossa garagem e estou escrevendo um diário".Temos várias ferramentas que eu posso usar e tudo isso é possível graças ao trabalho que fizemos para chegar a este ponto", disse.

Phelps se aposentou em 2016 e, sobre a opção de se tornar treinador, Phelps não deixou espaço para dúvidas dizendo que "não existe nenhuma possibilidade" de seguir os passos de seu antigo técnico, Bob Bowman.

O que ele não descarta é ter um papel na equipe americana ou na Federação Internacional de Natação (Fina). Apesar de estar longe das piscinas, Phelps acompanha o esporte e se declara a favor de uma "categoria aberta" para nadadores e nadadoras transgênero.

"Acho que deveria haver três categorias: homens, mulheres e trans, para dar a todos as mesmas oportunidades de competir", finaliza.

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