Em encontro com presidente do COI, tenista chinesa Peng Shuai nega agressão sexual

A atleta passou várias semanas sem aparecer em público após denunciar, em novembro do ano passado em uma rede social, que teve uma relação sexual forçada durante anos com um dirigente do regime chinês

09:46 | Fev. 07, 2022

Por: Gazeta Esportiva
Peng, uma das maiores estrelas do tênis da China, acusou um importante político de Pequim, o ex-vice-premiê Zhang Gaoli, de agressão sexual (foto: Greg WOOD / AFP)

A chinesa Peng Shuai informou, em uma entrevista do jornal esportivo L’Equipe, no sábado, 5, que se reuniu com o presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach. No encontro, a tenista negou ter sofrido uma agressão sexual.

“Em um jantar, pudemos conversar de forma agradável", disse a atleta. "Ele perguntou se eu pensava em voltar a competir, quais eram meus projetos, o que prevejo", explicou Peng.

A tenista de 36 anos "parecia em boa forma", segundo os jornalistas que conduziram a entrevista. Ela disse que "nunca desapareceu", depois que passou várias semanas sem aparecer em público após denunciar, em novembro do ano passado em uma rede social, que teve uma relação sexual forçada durante anos com um dirigente do regime chinês. Após a denúncia, a atleta apareceu apenas em alguns vídeos nos quais assistia eventos esportivos, o que não foi suficiente para dissipar os temores sobre sua total liberdade de movimentos.

"Simplesmente muitas pessoas, como meus amigos e pessoas do COI, me enviaram mensagens e foi impossível responder tantas. Mas com meus amigos próximos ainda estou em contato, falei com eles, respondi suas mensagens, e também com a WTA", acrescentou.

A Associação de Tênis Feminino (WTA) mantém uma postura firme de exigir explicações da China sobre a situação de Peng após a denúncia, que foi apagada da rede social chinesa Weibo. O desaparecimento provocou temores sobre sua situação, até que ela apareceu em uma conversa por videoconferência com Thomas Bach em 21 de novembro.

Na quinta-feira, dois dias antes do encontro de Bach e Peng, o COI afirmou que "apoiaria" a tenista se ela decidisse exigir a abertura de uma investigação sobre a denúncia de uma relação sexual forçada, mas Peng desmentiu.

"Agressão sexual? Eu nunca disse que alguém me fez sofrer qualquer agressão sexual", insistiu. "Minha vida tem sido como deveria ser: nada de especial. Primeiro eu gostaria que as pessoas realmente entendessem quem eu sou: sou uma garota normal, uma tenista perfeitamente comum. Às vezes estou calma, às vezes feliz, às vezes triste. Posso ficar muito estressada ou sob muita pressão. Todos os sentimentos e reações que as mulheres têm, eu também sinto", disse.

O COI confirmou em um comunicado que Bach e a ex-nadadora Kirsty Coventry, integrante da organização, se reuniram com Peng e destacaram que a tenista compareceria a vários eventos dos Jogos de Pequim. "Os três concordaram que qualquer comunicação sobre o conteúdo da reunião ficaria a critério (de Peng)", segundo o comunicado.

A entidade olímpica informou que o COI reiterou o convite para que ela visite a sede olímpica na Suíça. Na entrevista, a tenista anunciou o fim de sua carreira profissional, exceto, talvez, "em uma equipe de veteranas", afirmou com um sorriso.