Fortaleza: sete meses após audiências, CAS prepara sentença do caso Lucero

Tricolor e jogador recorreram à Corte Arbitral do Esporte após decisão de Câmara da Fifa que aplicou transfer ban de duas janelas ao clube e suspensão de quatro meses ao camisa 9

14:48 | Out. 08, 2024

Por: Afonso Ribeiro
Atacante Lucero no jogo Fortaleza x Corinthians, no Castelão, pelo Campeonato Brasileiro Série A 2024 (foto: Mateus Lotif/Fortaleza EC)

Em 8 de agosto de 2023, o Fortaleza e o argentino Juan Martín Lucero receberam a decisão da Câmara de Resolução de Disputas da Fifa que aplicou  do clube por duas janela de transferências e suspendeu o atacante por quatro meses. Depois de um ano e dois meses e três audiências realizadas, a Corte Arbitral do Esporte (CAS, na sigla em inglês) disse ao Esportes O POVO que prepara o veredito sobre o caso.

 

O imbróglio teve início a partir da ação do Colo-Colo, do Chile, contra o camisa 9, em que pedia punição de quatro a seis meses ao jogador e o pagamento de 2,1 milhões de dólares (cerca de R$ 10,6 milhões na cotação da época). Depois da decisão da entidade máxima do futebol, o Tribunal Arbitral do Esporte (TAS, na sigla em inglês) e a CAS foram acionados a partir dos recursos de Fortaleza e Lucero.

Por e-mail, o órgão informou ao Esportes O POVO que "a Sentença Arbitral está em preparação e será oportunamente comunicada às partes", ponderando que "não é possível indicar um prazo preciso".

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A CAS também explicou que há uma análise de confidencialidade no ato da notificação dos envolvidos, o que "significa que as partes poderão solicitar que a Sentença Arbitral, ou determinadas informações nela contidas, permaneçam confidenciais".

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Há quase sete meses, nos dias 14 e 15 de março deste ano, foram realizadas três audiências, envolvendo o Tricolor, o atacante, o Colo-Colo e a Fifa, com depoimentos dos envolvidos de forma presencial e virtual:

  • TAS 2023/A/9882: Juan Martín Lucero c. Club Colo Colo e Fifa
  • CAS 2023/A/9935: Fortaleza Esporte Clube v. Club Social y Deportivo Colo-Colo e Fifa
  • TAS 2023/A/9936: Club Social y Deportivo Colo-Colo c. Juan Martín Lucero e Fortaleza Esporte Clube

Em paralelo, o Fortaleza também chegou a discutir a possibilidade de acordo com o clube chileno para dar fim ao caso no TAS e na CAS — o que já era cogitado desde a decisão inicial da Fifa. Os cearenses pagariam 2 milhões de dólares (R$ 10,2 milhões na cotação da época) para encerrar a disputa, valor aprovado pelo Conselho de Administração da SAF.

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O tema, porém, é mantido sob sigilo pelos clubes e evitado pelos dirigentes em entrevistas. No entanto, o andamento do caso na Corte indica que não houve um consenso fora dos tribunais, já que o órgão precisaria ter sido notificado para arquivar o processo.

Em meio à questão judicial, o Leão renovou o contrato do artilheiro até o final de 2027 — anteriormente, o vínculo iria até dezembro de 2026. No total, em duas temporadas, Lucero soma 117 jogos, 47 gols e 12 assistências com a camisa tricolor, além de dois títulos: Campeonato Cearense (2023) e Copa do Nordeste (2024).

Relembre o caso Lucero

O Fortaleza anunciou a contratação de Juan Martín Lucero em 13 de janeiro de 2023, um dia depois de o argentino efetuar o pagamento de 1 milhão de dólares ao Colo-Colo para rescindir o vínculo com o clube chileno. Naquele momento, o Tricolor já entendia que tinha respaldo jurídico para concretizar a transferência.

O então presidente do Leão e hoje CEO da SAF, Marcelo Paz, afirmou à época que o clube não temia punição porque foi "negócio juridicamente seguro". Peça-chave na operação, o atual mandatário Alex Santiago garantiu que o Fortaleza estava "muito tranquilo, no sentido de entender que lidou com um atleta livre".

Lucero, em entrevista coletiva em novembro do ano passado, esquivou-se do tema e disse que "está tudo nas mãos dos meus advogados, da diretoria do Fortaleza".

O imbróglio jurídico teve início a partir da ação do Colo-Colo, clube que o centroavante defendia antes de chegar ao Pici. Os chilenos foram à Fifa com a alegação de que o camisa 9 não tinha uma justa causa para rescindir o contrato e que deve ser recompensado financeiramente, com o Leão sendo solidariamente responsável.

Em agosto do ano passado, no dia da partida contra o Libertad-PAR, pelas oitavas de final da Copa Sul-Americana, a Câmara de Resolução de Disputas da Fifa comunicou as punições ao Tricolor e ao argentino. Nove dias depois, o clube conseguiu um efeito suspensivo para El Gato, que voltou a atuar. Já em 13 de dezembro, a CAS suspendeu o transfer ban do Fortaleza até a sentença do caso.