Alex Santiago adota tom de despedida e decide deixar a presidência do Fortaleza
Dirigente alega desgaste interno no departamento de futebol e vai renunciar após sete meses no cargo. Mandatário já comunicou pessoas próximas e sinalizou decisão em publicação nas redes sociais
07:00 | Jul. 10, 2024
Presidente do Fortaleza desde dezembro do ano passado, o advogado Alex Santiago não ocupará mais o principal cargo da diretoria executiva da associação. O Esportes O POVO apurou que o dirigente adotou tom de despedida nas últimas horas, já comunicou pessoas próximas acerca da saída e renunciará ao cargo em breve.
O desgaste e o isolamento interno, sobretudo no departamento de futebol, em que voltou a atuar há poucos meses, são apontados como principais motivos para deixar o Tricolor. O mandatário entendia que ele e o executivo Bruno Costa exerciam funções semelhantes em muitos momentos, sobretudo no mercado da bola, o que gerava ruídos na relação.
A carta de renúncia de Alex deve ser entregue ao Conselho Deliberativo até a próxima quinta-feira, 11. Houve pedidos para que o dirigente apenas se licenciasse e depois retornasse ao posto, o que não deve ocorrer. O 1º vice-presidente, Gama Filho, assumirá o cargo principal — o outro vice é Cláudio Maurício.
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Na última terça-feira, 9, Alex indicou a decisão ao postar no Instagram uma frase do ex-jogador e ex-treinador Alfredo Di Stefano, maior ídolo da história do Real Madrid: "Todas as despedidas são tristes, mas um dia há que sair... E isso custa, e isso dói, especialmente quando ali estava o melhor da sua vida", publicou, em espanhol.
No período como diretor de futebol, vice-presidente e presidente, o dirigente conquistou três títulos do Campeonato Cearense, dois da Copa do Nordeste e participou das campanhas na Libertadores e do vice-campeonato na Sul-Americana.
Poliglota, o advogado ganhou notoriedade ao indicar e negociar a contratação do técnico Juan Pablo Vojvoda, além de ter trazido outros jogadores estrangeiros, como Lucero.
Procurado pelo Esportes O POVO na noite de terça, Alex Santiago não respondeu os contatos, a exemplo do CEO da SAF, Marcelo Paz. Caso eles se manifestem, a matéria será atualizada.
Os bastidores da renúncia
A publicação nas redes sociais externou o que já havia sido informado a dirigentes, funcionários — incluindo a comissão técnica de Juan Pablo Vojvoda — e conselheiros do Tricolor. Houve tentativa de mobilização para a permanência do mandatário, que deixou claro que se tratava de uma decisão irreversível, ao contrário do que ocorrera semanas antes, em que ele foi convencido a continuar no cargo pelo CEO da SAF, Marcelo Paz.
A relação entre os dois, aliás, é o ponto central da escolha de Alex Santiago, que foi assessor da presidência, diretor de futebol e vice-presidente de Paz. O atual presidente sempre apontou o hoje CEO como principal referência como dirigente de futebol e o equiparava a Alcides Santos, fundador do clube, na história do futebol cearense em termos de relevância.
No entanto, desde a separação entre associação e SAF, a parceria teve ruídos. O trio que comanda a diretoria executiva se dissipou em postos diferentes para o novo modelo de gestão: Paz foi contratado como CEO, Geraldo Luciano virou presidente do Conselho de Administração e Alex Santiago assumiu a presidência do Leão. Geraldo foi o primeiro a discordar de algumas medidas, e Alex tentou intermediar soluções, mas sem sucesso: o empresário deixou o cargo em pouco tempo.
Depois, o mandatário quem se sentiu escanteado, sobretudo a partir da chegada do executivo de futebol Bruno Costa. Com a saída de Sérgio Papellin, antigo executivo da pasta, para o Remo, o entendimento era de que Alex continuaria à frente das ações, dando maior espaço para Marcelo Boeck, assessor executivo de futebol. Porém, Paz contratou Bruno, e Alex se afastou do futebol, dedicando-se as outras modalidades, como futsal e basquete.
Depois do vice-campeonato no Campeonato Cearense e uma questionada primeira fase na Copa do Nordeste, o Conselho de Administração da SAF entendeu que era necessário haver mudanças no departamento de futebol, principalmente para a disputa da Série A. O presidente, então, foi convidado por Marcelo Paz para voltar a atuar no setor e, na janela nacional, atuou diretamente na contratação do volante Emmanuel Martínez, por exemplo.
Mesmo durante o período mais distante das decisões, Alex tinha trânsito livre no departamento de futebol, sendo presença constante na sala da comissão técnica e do setor de análise de desempenho e mercado. De volta à pasta, intensificou os trabalhos e retomou metodologias utilizadas anteriormente. Nem tudo, porém, encaixava-se na estrutura montada por Bruno Costa, o que gerava saia-justa para alguns funcionários.