Tinga relembra desespero após atentado e cita situação de guerra: "Estado de choque"

O lateral e capitão do Tricolor enfatizou que o elenco está decidido a não jogar futebol enquanto todos os feridos não estiverem recuperados

15:35 | Fev. 22, 2024

Por: Mateus Moura
FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL, 22-02-2024: Delegação do Fortaleza chega ao aeroporto logo apos um atentado depois do jogo contra o Sport em Recife dentro do onibus. (Foto: Samuel Setubal/ O Povo) (foto: Samuel Setubal)

Ainda em estado de choque, Tinga, capitão e ídolo do Fortaleza, relembrou ao desembarcar na capital cearense o momento de terror vivido no ônibus que levava a delegação do time de volta para Recife após a partida contra o Sport, pela Copa do Nordeste, na Arena de Pernambuco.

O lateral disse que ficou desesperado ao ouvir os gritos e ver o sangue de seus companheiros que foram atingidos por pedras e bombas arremessadas por criminosos trajados com camisas da torcida organizada do Sport. Tinga ainda ressaltou que o time, como um todo, está decidido a não jogar futebol enquanto todos os feridos não estiverem totalmente recuperados.

“Era pra ter sido muito pior. Graças a Deus, só cinco pessoas ficaram feridas, nada tão grave. Era pra ter sido pior. Pelo tamanho das pedras, das bombas. Não foi apenas uma, foram várias. Não aconteceu nada comigo, mas ver meus companheiros gritando… Depois do que aconteceu, o ônibus seguiu, não dava pra parar. E aí veio o desespero, o choque. Isso tem que acabar. Nós, jogadores, somos trabalhadores. Temos familiares e filhos. Eu não penso em jogar agora. Nosso time está decidido a não jogar. Vamos esperar todo mundo se recuperar. Foi uma covardia”

A tentativa de homicídio sofrida pela delegação do Fortaleza foi descrita por Tinga como uma “situação de guerra”. A cena de terror no ônibus condiz com a fala do lateral. Em imagens divulgadas pelos jogadores e pelo clube, ficou perceptível diversos estilhaços de vidro e sangue espalhados na parte interna do veículo.

“A gente chegou agora, não dormiu. Estamos em estado de choque. Não acreditamos o que aconteceu com a gente. Vemos atentados contra outra pessoas, ficamos tristes, mas quando acontece com a gente, é outra situação. Ali foi terrível. Uma situação de guerra mesmo. Companheiros sangrando, com estilhaços de vidro. Não estou pensando em futebol. Quero ir pra casa, aproveitar minha família e minha filha. Quero que meus companheiros se recuperem primeiro para depois fazermos algo”, comentou no salão de desembarque do Aeroporto Pinto Martins.

Tinga cobra medidas severas antes que uma tragédia aconteça

Ainda em sua fala, Tinga ponderou que, apesar da manifestação do Sport, é preciso que atitudes mais severas sejam tomadas, sobretudo com a torcida organizada do clube pernambucano. Para o jogador, é preciso punir agora para evitar uma tragédia maior no futuro, e isso inclui o Brasil como um todo, não apenas o caso vivido pelo Fortaleza na última quarta, 21.

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“O Sport fez tudo que falou, e eu respeito, mas eu acho que se eles não punirem o que a torcida fez, a torcida uniformizada, vai ser cada vez pior. Já falamos com as torcidas organizadas daqui para não cometerem o mesmo erro, de fazer algo semelhante por ter acontecido com a gente. Não é só no futebol que isso está acontecendo, é em vários lugares do nosso Brasil. Está chegando em um ponto que só vai melhorar se acontecer uma fatalidade, uma morte. Temos que punir agora”, disse.