Presidente da Federação Pernambucana condena atentado a ônibus do Fortaleza e cobra legislação dura

Evandro Carvalho diz que "bandidos" responsáveis pelo ataque "não deveriam estar à solta" e quer recompensa em disque-denúncia para identificar culpados

10:35 | Fev. 22, 2024

Por: Afonso Ribeiro
Ônibus do Fortaleza foi atacado com bombas e pedras a caminho do Recife (foto: Reprodução)

O presidente da Federação Pernambucana de Futebol (FPF), Evandro Carvalho, condenou o atentado com bombas e pedras contra o ônibus do Fortaleza, na madrugada desta quinta-feira, 22, cobrou leis mais duras para coibir a violência no futebol e sugeriu às autoridades de segurança pública do Estado que seja criado um disque-denúncia com recompensa para identificação dos responsáveis.

Após o empate em 1 a 1 com o Sport, pela Copa do Nordeste, dirigentes, comissão técnica e jogadores do Fortaleza saíram de São Lourenço da Mata, onde fica a Arena de Pernambuco, rumo ao Recife. No trajeto, o veículo foi atacado com bombas caseiras e muitas pedras, quebrando vários vidros e ferindo jogadores — João Ricardo, Gonzalo Escobar, Dudu, Lucas Sasha, Titi e Brítez.

 

"Primeiro, renovar a solidariedade de todos os pernambucanos de bem, das pessoas — não no sentido lato da palavra, genérico —, porque esses integrantes de torcidas (organizadas) não são pessoas, são animais, não deveriam estar à solta nas cidades, mas, infelizmente, essa legislação frouxa que nós temos, resultado de um parlamento de deputados e senadores que não têm coragem de aprovar projetos de lei duros, como a Colômbia e a Inglaterra fizeram", disse Evandro ao Esportes O POVO, em tom crítico.

O dirigente revelou que já procurou o poder público de Pernambuco e pediu a criação do disque-denúncia. A medida já foi tomada em 2014, quando Paulo Ricardo Gomes da Silva foi assassinado após ser atingido por um vaso sanitário próximo ao Estádio do Arruda, do Santa Cruz. Três homens foram presos e condenados em 2015: Waldir Pessoa Firmo Júnior (28 anos e nove meses de prisão), Luiz Cabral de Araújo Neto (25 anos de prisão) e Everton Filipe Santiago Santana (28 anos e seis meses de prisão).

"Agora, há cinco minutos, eu já tive contato com a SDS (Secretaria de Defesa Social de Pernambuco). Quando nós tivemos um homicídio aqui, há quatro, cinco anos... Nesses dez anos meus de presidência, nós tivemos uma ocorrência grave, que foi um homicídio ocorrido no entorno do Estádio do Arruda. Nós colocamos uma recompensa, se eu não me engano, na época, de R$ 10 mil pelo disque-denúncia e isso possibilitou a prisão dos três envolvidos. Os três foram levados a julgamento, em júri popular, foram condenados, pena média de 30 anos, e estão cumprindo essa reclusão em regime fechado. Eu quero lançar novamente — evidente que eu preciso da autorização do secretário de Segurança e do chefe de polícia — um disque-denúncia, colocando uma recompensa, para que isso possibilite a prisão, o mais rápido possível, desses marginais que perpetraram essa violência, esse atentado contra o ônibus", pontuou.

Cobrança por leis mais rígidas

Evandro Carvalho não escondeu a insatisfação com o cenário de violência entre torcidas no futebol brasileiro e afirmou que além de cobrar uma legislação mais rigorosa, defende que todos os jogos sejam com torcida única, como "medida de choque".

"Eu tenho uma posição muito radical com essa coisa de torcida. Primeiro, eu defendo torcida única em todos os jogos do Brasil, em todas as competições, por pelo menos um ano, como medida impactante, medida heterotópica, de choque, que possa, talvez, fazer com que o conjunto da torcida de bem se imponha sobre essas células de marginais que convivem com as torcidas e possa até, talvez, criar internamente um movimento contrário e dispersar essas células", explicou.

"Segunda medida, que eu já fiz três vezes, mas confesso que é uma desilusão muito grande com nossos deputados e senadores, que não têm coragem de aprovar leis, pelo menos uma lei, mas que seja dura, no modelo da Colômbia, que esse tipo de ocorrência seja enquadrado como crime contra a segurança nacional, com penas mínimas de seis anos, se não me engano. Nós não temos nada parecido com isso. Temos é lavratura de TCO (Termo Circunstancial de Ocorrência), levar bandido desse para assistir aula e tomar cafezinho na hora do jogo, essas bobagens que não servem para absolutamente nada. Nada, nada, nada", criticou.

O presidente da Federação Pernambucana prevê que os eventuais identificados ficarão presos por pouco tempo e, nos próximos dias, pretende ir a Brasília conversar com parlamentares, diante da repercussão do tema, sobre um projeto de lei.

"Vamos agir agora novamente, remediar, prender esse pessoal, que vai ficar muito pouco tempo preso, porque nossa legislação é mamão com açúcar, como a gente diz no Nordeste, mas eu não desisto. Nós temos que fazer alguma coisa dura. (...) Em Brasília, eu vou novamente fazer essa via crúcis de procurar deputado, falar de novo, vê se existe um consenso, uma tomada de posição, independente de partido ou Estado, para ver se eles tomam coragem de aprovar leis que endureçam o combate a esses bandidos", afirmou.