"Cenas de guerra": os relatos do atentado contra o ônibus do Fortaleza

Veículo que transportava a delegação do Tricolor foi atacado com bombas caseiras e pedras por torcedores do Sport, o que resultou em seis jogadores feridos

06:00 | Fev. 22, 2024

Por: Afonso Ribeiro
Lateral-direito Dudu foi um dos feridos no ataque ao ônibus do Fortaleza (foto: Reprodução/Instagram)

O retorno da delegação do Fortaleza de São Lourenço da Mata, onde fica a Arena de Pernambuco, para Recife se tornou uma triste página no futebol brasileira em razão do episódio de violência de torcedores do Sport. O Esportes O POVO ouviu relatos de quem estava no ônibus, que foi atingido por bomba caseira e pedras, e foi testemunha da barbárie.

Após o empate em 1 a 1 com o Rubro-Negro, dirigentes, comissão técnica e jogadores do Tricolor saíram do estádio no início da madrugada desta quinta-feira, 22. O trajeto até a capital pernambucana dura em torno de 30 minutos, a depender das condições do trânsito. No entanto, cerca de dez minutos após a saída da Arena, o ônibus que conduzia a delegação cearense foi atacada por um grupo de torcedores na rodovia.

 

Bombas e muitas pedras foram atiradas contra o ônibus — ao mesmo tempo, de acordo com os presentes. O grande barulho de explosão foi o estopim para momentos de tensão em meio à fumaça e ao forte cheiro de pólvora, além de sangue pelos corredores.

Com atletas feridos (João Ricardo, Gonzalo Escobar, Dudu, Brítez, Lucas Sasha e Titi) e estilhaços por todo lado, os integrantes da delegação tentavam se comunicar e socorrer os companheiros junto ao médico Glay Maranhão. Escobar, por exemplo, foi atingido por uma pedra.

Alguns jogadores sacaram os celulares, a exemplo do CEO da SAF do clube, Marcelo Paz, para registrar em vídeos e fotos o episódio, descrito como "cena de guerra" por quem vivenciou. A parte superior de uma das laterais do veículo teve praticamente todos os vidros quebrados, o que dá a dimensão do ataque.

O ônibus seguiu para um hospital, onde todos passaram por atendimento médico. João Ricardo e Gonzalo Escobar passaram por suturas. O lateral-esquerdo argentino também foi submetido a tomografia na cabeça, já que foi atingido por uma pedra — em um dos vídeos, inclusive, aparecia bastante machucado.

Dirigentes do Sport foram até o hospital prestar apoio à delegação do Fortaleza. Em nota, o clube pernambucano repudiou o episódio, afirmou que "sempre irá abominar esse tipo de postura" e se colocou à disposição das autoridades para eventuais colaborações.

Confira o comunicado do Fortaleza sobre o estado dos atletas:

"O ônibus da delegação do Fortaleza, que embarcava atletas, comissão técnica, staff e diretoria, foi atacado por bombas e pedras por torcedores do Sport na saída da Arena de Pernambuco após o jogo pela Copa do Nordeste.

Após o ocorrido, a delegação foi levada rapidamente e diretamente ao hospital mais próximo de Recife.

Seis jogadores foram atingidos: o goleiro João Ricardo foi ferido com um corte no supercílio e o lateral-esquerdo Gonzalo Escobar sofreu uma pancada na cabeça, um corte na boca e um outro corte no supercílio. O lateral-direito Dudu, os zagueiros Titi e Brítez, e o volante Lucas Sasha foram feridos com estilhaços de vidro e tiverem que conter sangramentos.

João Ricardo e Gonzalo Escobar passaram por suturas, procedimento de recebimento de pontos cirúrgicos. O lateral-esquerdo também irá realizar exames de tomografia na cabeça, mas está bem e consciente. Os demais atletas passarão por cuidados médicos para a retirada de estilhaços de vidro pelo corpo.

Seguimos no aguardo de novas atualizações e, neste momento, estamos dando às devidas assistências aos componentes de toda delegação."

Confira a íntegra da nota do Sport:

"O Sport Club do Recife repudia veementemente os atos de violência praticados contra o ônibus da delegação do Fortaleza Esporte Clube na saída da Arena de Pernambuco após a partida desta quarta-feira.

Os absurdos atos de violência não condizem com a real conduta e comportamento da torcida rubro-negra, tampouco com os valores do Clube - que sempre irá abominar esse tipo de postura.

O presidente Yuri Romão, o executivo André Figueiredo, o coordenador técnico Ricardo Drubscky e a equipe médica do Clube já estão com delegação do time cearense, prestando apoio e todo o suporte necessário.

O Sport também já se colocou à disposição para ajudar na apuração dos fatos e as investigações, buscando identificar os envolvidos nesse ato criminoso."