Retrospectiva 2023: Fortaleza conquista penta inédito, vice da Sula e novo G-10 da Série A

O Tricolor do Pici acumulou mais feitos históricos para o Nordeste e segue se consolidando no cenário nacional. Finalista da Sula, o Leão também se mostrou para a América do Sul como uma nova potência

Pentacampeonato cearense, final da Copa Sul-Americana e G-10 na Série A: o ano de 2023 do Fortaleza foi de momentos marcantes e históricos. O Tricolor do Pici finalizou mais uma temporada em alta, com objetivos cumpridos e cada vez mais consolidado no cenário nacional do futebol.

Fruto de um trabalho interno competente, o Leão se firmou como o primeiro clube nordestino a superar a marca de cinco anos consecutivos na Série A e se tornou o primeiro da região a disputar uma decisão da Sul-Americana. Fora dos campos, o time do Pici se fortaleceu com a adoção do modelo de gestão da SAF (Sociedade Anônima do Futebol).

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Estreias sem sustos no Cearense e na Copa do Nordeste

Com mais uma participação na Libertadores garantida, desta vez a partir da fase preliminar, o Fortaleza não poupou esforços no mercado da bola para tornar o elenco ainda mais qualificado. A experiência negativa em 2022, quando montou um grupo enxuto e sofreu para administrar a alta quantidade de competições que tinha no calendário, serviu de aprendizado.

Com o elenco reforçado e uma boa base de remanescentes, Vojvoda iniciou a temporada em janeiro com desafios no Campeonato Cearense e na Copa do Nordeste. O principal foco, entretanto, estava voltado para a pré-Libertadores, que começaria em fevereiro e seria de suma importância para as pretensões do clube no ano.

O Leão conseguiu administrar bem os primeiros compromissos no Estadual e estreou com vitória tranquila sobre o Iguatu, no Presidente Vargas, por 2 a 0. Pikachu, que reaparecia após retornar do futebol japonês, consagrou-se como principal destaque, sendo responsável por um gol e uma assistência.

No Nordestão, a estreia também aconteceu com triunfo. No PV, diante do Campinense, o Leão venceu com gols de Hércules e Silvio Romero, um em cada tempo.

Quedas na pré-Libertadores e no Nordestão

Confortável no Cearense e na Copa do Nordeste, o Fortaleza focou totalmente na pré-Libertadores a partir de fevereiro. Para ingressar na fase de grupos, o Tricolor teria que avançar em duas fases preliminares. O primeiro desafio aconteceu contra o Deportivo Maldonado, do Uruguai, rival que o Leão não encontrou grandes problemas para superar.

O duelo que abriu a disputa entre as equipes ocorreu no dia 23 de fevereiro, no Estádio Estádio Domingo Burgueño, no Uruguai, e o placar permaneceu empatado até o fim, cenário interessante para o Leão, já que teria a vantagem de decidir a classificação em casa.

E não deu outra. Com mais de 50 mil torcedores na Arena Castelão, o Fortaleza goleou o Maldonado por 4 a 0 e avançou para enfrentar o Cerro Porteño, do Paraguai, em duelo valendo classificação à fase de grupos da Libertadores — o perdedor, por outro lado, garantiria participação na Sul-Americana.

Após sete dias da vitória sobre o Maldonado, o Fortaleza voltou ao Castelão, novamente com mais de 40 mil tricolores presentes, para encarar o Cerro Porteño-PAR, adversário mais forte e tradicional que o anterior. O Leão pressionou, teve pênalti desperdiçado e um jogador a mais, porém não conseguiu evitar a derrota por 1 a 0.

A situação para o jogo da volta, então, ficou complicada. No Estádio General Pablo Rojas, no Paraguai, o Fortaleza foi superado pelo Cerro por 2 a 1 e se despediu na terceira fase eliminatória. O placar agregado ficou em 3 a 1 para os paraguaios. Apesar do adeus à Libertadores, o Leão foi contemplado com uma vaga na Copa Sul-Americana, torneio em que fez história.

 

Com o sorteio dos grupos da Sul-Americana ainda para acontecer, o Fortaleza voltou o foco total para a Copa do Nordeste, pela qual teria o Ferroviário como rival nas quartas de final. O Clássico das Cores acabou sendo decidido com uma goleada por 4 a 0 do Leão, em jogo único.

Garantido na semifinal do Nordestão, o Tricolor do Pici teve um novo rival local no certame: o Ceará. Em jogo eletrizante e de Castelão dividido nas arquibancada, o Tricolor, que era o então campeão, amargou a derrota por 3 a 2 e, consequentemente, a eliminação.

Do pé de Calebe, o histórico pentacampeonato cearense

Sem grandes surpresas na competição, Fortaleza e Ceará chegaram à final do Campeonato Cearense após eliminar Ferroviário e Iguatu, respectivamente. A decisão movimentou uma enorme expectativa entre os torcedores, afinal, era a oportunidade do Leão conquistar um pentacampeonato estadual inédito na sua história, enquanto para o Vovô havia o desafio de evitá-lo.

Sem sucesso nos primeiros clássicos do ano, em que foi derrotado três vezes, Vojvoda mudou a estratégia para a final do Cearense. A ideia surgiu efeito e, dentro de campo, o Tricolor conseguiu dominar o rival alvinegro. Abriu 2 a 0 no placar e sofreu pouco defensivamente ao longo do jogo. Um lance capital já nos acréscimos, que resultou em um pênalti para o Ceará, diminuiu a vantagem para o jogo decisivo e criou um cenário mais perigoso.

No segundo confronto, o Fortaleza viu um Ceará avassalador abrir 2 a 0 no marcador, contexto que dava o título para o Vovô. Mas antes da ida dos times ao intervalo, Moisés, em jogada individual, sofreu pênalti. Gol de Lucero e tudo igual no placar agregado: 2 a 2. O resultado se manteve inalterado até os acréscimos do segundo tempo, quando a partida se encaminhava para ser decidida nas penalidades máximas.

Foi então que surgiu Calebe, dentro da grande área, que em linda jogada, girou e acertou o ângulo de Richard. O gol do título e do pentacampeonato inédito para o Leão. O 46º título cearense do Fortaleza colocou o clube como o maior vencedor da competição, superando o Ceará, que acumula 45 taças.

Desempenho tímido na Copa do Brasil

Por ser uma das equipes brasileiras que disputou a Libertadores em 2023, o Fortaleza ingressou na Copa do Brasil a partir da terceira fase, mas não conseguiu ir muito longe no torneio nacional. O Águia de Marabá-PA, primeiro adversário do Leão, não gerou dificuldades: 8 a 1 no agregado.

Nas oitavas de final, o sorteio colocou o Tricolor contra o Palmeiras, rival de peso. Apesar da expectativa de que o time cearense pudesse fazer um duelo equilibrado, a primeira partida foi um balde de água fria. Em São Paulo, o Verdão venceu por 3 a 0 e encaminhou a classificação. No Castelão, pelo confronto da volta, o Fortaleza até tentou buscar, mas a vitória por 1 a 0 foi insuficiente para evitar a eliminação.

A campanha mágica na Sul-Americana

A campanha protagonizada pelo Fortaleza na Sul-Americana foi repleta de feitos históricos. Sorteado no Grupo H, com San Lorenzo (ARG), Palestino (CHI) e Estudiantes de Mérida (VEN), o Tricolor do Pici foi dominante na chave e avançou como primeiro lugar, com cinco vitórias e uma derrota.

No mata-mata, o Leão superou o tradicional Libertad-PAR nas oitavas de final, o América-MG nas quartas e o Corinthians na semi. Dos três confrontos, o time paraguaio foi quem mais causou dificuldades para os comandados de Vojvoda. Pela primeira vez um clube do Nordeste disputaria a final da Sul-Americana.

Para a grande decisão, claro, a mobilização da torcida e do clube foram imensos. O jogo valendo a taça continental contra a LDU-EQU aconteceu no dia 28 de outubro, no Estádio Domingo Burgueño, no Uruguai, local onde o Leão disputou a segunda fase da pré-Libertadores no início do ano.

Diante do momento histórico, centenas de tricolores viajaram para o país vizinho, das mais diferentes formas. Dias dentro de ônibus, avião, torcedores cearenses que moram em outros países. Teve até gente fazendo o percurso de Fortaleza para Punta Del Este de moto.

A expectativa dos cearenses era alta, assim como a confiança no título. Do outro lado, a tradicional LDU, conhecida no continente por ser carrasco de clubes brasileiros em finais. Pelas ruas de Punta del Este, pessoas trajadas com camisas do Fortaleza eram vistas com uma enorme frequência.

Na disputa dentro de campo, o Tricolor teve muitas possibilidades para vencer. Saiu na frente do placar durante os 90 minutos e criou situações em que poderia ter ampliado. Sofreu o empate e viu a decisão ir para os pênaltis. Nela, entre acertos e erros nas cobranças, Pedro Augusto teve a bola do jogo. Bastava fazer para conquistar o título, mas o goleiro equatoriano se sobressaiu.

No fim, com o pênalti desperdiçado por Brítez nas alternadas, o título ficou com a LDU. O vice-campeonato, entretanto, não apagou a incrível campanha do Fortaleza na Sul-Americana. O sentimento local, embora de tristeza, também foi de orgulho.

 

Os altos e baixos no Campeonato Brasileiro

O desempenho do Fortaleza na Série A de 2023 foi oscilante. Entre ótimos e péssimos momentos, a equipe comandada por Vojvoda finalizou a competição no 10º lugar, com 54 pontos — 15 vitórias, 14 derrotas e nove empates —, posição que garantiu o Leão na Copa Sul-Americana do próximo ano.

Na campanha, o Leão iniciou com força total, vencendo jogos e figurando no topo da tabela, onde conseguiu se manter entre os seis primeiros por um recorte interessante da competição. Na reta final do torneio, quando precisou dividir o foco com a disputa da Copa Sul-Americana, o clube oscilou no Brasileirão e encarou um longo jejum de vitórias.

Foram nove jogos consecutivos sem triunfos na Série A, sequência que foi encerrada apenas na 36ª rodada, contra o RB Bragantino, fora de casa. Com a permanência na elite garantida, o Tricolor quebrou mais um recorde histórico: o de ser o primeiro nordestino a disputar a primeira divisão por seis anos seguidos.

Fora dos gramados, Fortaleza avançou para virar SAF

Para se manter competitivo no mercado, os dirigentes do Fortaleza passaram a estudar a implementação do modelo de gestão da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) no clube. A proposta, explicada com detalhes para conselheiros e sócios-torcedores antes da votação na Assembleia Geral, foi bem aceita pelos tricolores.

No dia 23 de setembro de 2023, a agremiação do Pici se tornou a mais nova Sociedade Anônima do Futebol (SAF), após votação realizada no Centro de Excelência Alcides Santos. Dos torcedores presentes no pleito, 95,14% foram a favor da mudança de modelo de gestão. O "braço" responsável pelo futebol será chamado de Fortaleza EC SAF, após conclusão de trâmites burocráticos.

Marcelo Paz, presidente do Fortaleza nos últimos anos, renunciou ao cargo em dezembro para passar a atuar como CEO da SAF do Leão. Alex Santiago assumiu o cargo de mandatário da associação.

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