"Os torcedores são maltratados": os relatos dos problemas no Castelão em Fortaleza x Cuiabá

Em nota, o Fortaleza reforçou que irá procurar os Órgãos de Segurança para buscar alternativas que facilitem e melhorem a experiência dos torcedores em jogos do clube na Arena Castelão

Filas gigantes, torcedores fora do estádio com a bola rolando, aparente superlotação no setor norte, banheiros sujos e inutilizáveis, além de estrutura danificada na arquibancada. Estes foram alguns dos relatos de torcedores do Fortaleza ao Esportes O POVO sobre o que vivenciaram para assistir o jogo entre o Leão do Pici e Cuiabá, no último domingo, 16, na Arena Castelão.

Foram várias as denúncias feitas por torcedores em redes sociais, com vídeos e fotos de um cenário caótico, sobretudo do lado de fora da praça esportiva, onde uma enorme fila se formou no setor norte. Sob o forte sol fortalezense, dezenas de tricolores só conseguiram entrar para assistir a partida muitos minutos após o jogo já ter sido iniciado.

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A dificuldade para ingressar na Arena Castelão ocorreu pelo fato de ter somente um portão liberado no setor norte. Segundo os torcedores, na parte do estacionamento, onde é feita uma revista antes do acesso para a esplanada, o problema foi o mesmo: uma única entrada disponível. Consequentemente, com uma hora antes do início do embate dentro de campo, enormes filas já estavam se formando.

“Havia uma fila muito grande, pessoas furando a fila. As pessoas que deveriam orientar e direcionar, não estavam sabendo fazer isso. Eu acabei passando 30 minutos na fila, perdi o início do jogo. Já foi estressante passar pela revista e quando chegamos em cima, na esplanada, que dá acesso para as catracas, tinha uma fila gigantesca, enorme, onde eles deixavam 'x' pessoas passarem e seguravam o resto da galera. Um processo muito demorado, todo mundo perdeu o começo do jogo”, contou uma torcedora ao Esportes O POVO, que preferiu não se identificar.

Ainda segundo a torcedora, não foi a primeira vez que ela presenciou esse tipo de situação, mas o caso do último domingo foi “gritante”. Para ela, muitas pessoas recorrem às opções mais caras de ingresso para ter acesso a premium e especial, local onde a realidade é completamente diferente dos demais setores do estádio.

“É muito fácil dizer ‘entrem cedo’. Você chegar uma hora, 45 minutos antes do jogo, não é tarde. Você demorar 45 minutos para conseguir entrar no estádio não é apenas por ter muito público, é porque está mal organizado. O Fortaleza fez promoção para o setor norte e sul, então, tendo um grande público e sabendo disso, é muita irresponsabilidade não abrir todos os portões e ainda fazer essa operação de jogo ser tão problemática. É o tipo de coisa que afasta o torcedor do estádio. Os torcedores são maltratados”, concluiu.

Aparente superlotação no setor norte e estrutura física defasada

Hugo de Paula, 31, viveu de perto todo as dificuldades para assistir o jogo do Fortaleza. De acordo com relato do torcedor, em determinado momento, quando a partida já estava acontecendo e a fila seguia muito grande, os ingressos passaram a não ser mais computados na catraca pelos funcionários que estavam na organização. “Quem era sócio colocava o cartão, mas os ingressos estavam sendo rasgados e liberando a entrada”, disse.

Dentro da Arena Castelão, Hugo não conseguiu encontrar sequer uma cadeira para sentar no setor norte. “Aparentemente, havia mais pessoas do que assentos disponíveis”, contou. A solução veio somente no intervalo do confronto, quando os torcedores desceram para os bares e, assim, cadeiras foram liberadas.

A experiência de João Pedro, 22, também não foi positiva. Além da questão da fila, pelo qual precisou enfrentar do lado de fora, dentro do Castelão o torcedor encarou outros desafios, sobretudo de questões estruturais e de logística. Segundo ele, no setor norte, onde ficou, “existem fileiras quase inteiras de cadeiras danificadas em que é impossível até de sentar, pois elas perderam a sustentação no concreto”.

Outro ponto de reclamação de João Pedro foi sobre o estado dos banheiros da praça esportiva. Segundo ele, a “situação é deplorável”. “Os banheiros estão imundos, o setor está completamente sujo e quebrado, inclusive me arrependi de não ter feito mais fotos e vídeos para expor”, contou. Em outras partes do Castelão, as queixas foram as mesmas.

Próximo ao término do primeiro tempo, João Pedro começou a passar mal e decidiu, juntamente com seu pai, ir embora mais cedo do estádio. A partir disso, um novo problema surgiu.

“Durante o jogo, eu passei mal e tive que sair mais cedo. Passei mal por conta própria, os acontecimentos do Castelão não tiveram relação com isso. Então enquanto andava para a saída mais próxima de mim, que estava literalmente ao nosso lado, meu pai chamou o segurança e pediu gentilmente para que eles liberassem a saída, pois a gente só queria ir embora. Dessa vez o cara foi mais grosseiro e falou que não ia liberar, que tínhamos que dar a volta para outra saída”, relatou.

Em meio a impossibilidade de deixar o Castelão pela saída mais fácil, João Pedro e seu pai tiveram que encarar um novo percurso. “O complicado é que o setor já estava super lotado, e a própria grade que eles colocaram impediam da gente descer até a parte mais vaga que é aquele primeiro corredor da arquibancada, então tivemos que passar pela fileira de cadeiras, que já estavam tortas devido os danos. Praticamente não tinha espaço para pisar no chão pois estava muito estreito”, disse.

Fortaleza emite nota oficial

Em nota, o Fortaleza reforçou que irá procurar os Órgãos de Segurança para buscar alternativas que facilitem a entrada dos torcedores. Confira o comunicado na íntegra:

835 profissionais estavam envolvidos na operação de jogo, distribuídos nas funções de segurança, limpeza, acesso e orientação dos torcedores. O número é superior a qualquer evento do mesmo porte;

Um contingente de 25 mil torcedores adentrou o estádio nos 30 minutos que antecederam o início da partida. A concentração de um grande número de pessoas nos portões de acesso ocasiona, invariavelmente, a formação de filas. Por isso, o clube sempre pede que o torcedor entre o mais cedo possível na Arena Castelão.

Ainda assim, o Fortaleza vai procurar os Órgãos de Segurança para buscar alternativas que facilitem a entrada dos torcedores. Acreditamos que, se todas as partes envolvidas na operação de jogo cooperarem entre si, poderemos oferecer uma melhor experiência para o torcedor.

Secretaria do Esporte se pronuncia

Em contato com o Esportes O POVO, a Secretaria do Esporte (Sesporte) enfatizou, sobre os problemas relatados nos banheiros, que a Arena Castelão conta com uma equipe de limpeza e manutenção hidráulica de prevenção.

A entidade reforçou, ainda, que os clubes são responsáveis pela limpeza e manutenção dos banheiros.

Sobre a situação da arquibancada, foi dito que R$ 4,5 milhões foram investidos em assentos e que os times também são responsáveis por custear os danos causados em cadeiras quebradas por seus torcedores.

Confira a nota da Sesporte na íntegra:

A Secretaria do Esporte (Sesporte) informa que a Arena Castelão conta com equipe de limpeza e manutenção hidráulica de prevenção nos banheiros. Todas as descargas passaram, no início do ano, por revisão e todo o sistema a vácuo está funcionando. Lembramos que os clubes são responsáveis pela limpeza e manutenção dos banheiros.

A Sesporte está sempre em contato com os clubes para conscientizar os torcedores para não quebrarem as cadeiras. Quanto aos assentos que faltam no equipamento, a Secretaria está entrando em licitação para adquirir novos itens. Lembramos que a Sesporte aplicou R$ 4,5 milhões em assentos na arquibancada e que também os clubes são responsáveis por custearem os danos causados em cadeiras quebradas por seus torcedores.

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