Paz cita histórico antirracista do Fortaleza e se solidariza com jogadores do CSA

Presidente do Tricolor destaca que clube "jamais vai tolerar" racismo após denúncia de Douglas e Thales, jogadores do CSA, e pede que suposto agressor se identifique

Além da nota oficial publicada pelo clube no último sábado, 18, o presidente do Fortaleza, Marcelo Paz, também se pronunciou em vídeo nas redes sociais sobre a injúria racial que torcedores tricolores teriam cometido contra os zagueiros Douglas e Thales, do CSA, na partida de sexta-feira, 17, no PV, pela Copa do Nordeste. O dirigente repudiou o episódio, relembrou o histórico antirracista da agremiação e se solidarizou com os jogadores.

O relato dos atletas é de que no intervalo da partida, em aquecimento no gramado, teriam ouvido ofensas de "cabelo de vassoura". O caso foi reportado à Polícia Militar e ao coordenador da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) na partida, Marcos Augusto Costa. No entanto, não houve testemunhas e nem o suposto agressor foi identificado.

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Ao final do jogo, Douglas e Thales foram a uma delegacia de Fortaleza para registar boletim de ocorrência. O fato também foi relatado na súmula do duelo. O clube alagoano publicou nota prestando apoio aos zagueiros. O Tricolor também se manifestou afirmando que seguirá em busca dos supostos responsáveis, discurso reforçado pelo mandatário.

"A gente jamais vai tolerar, achar normal, que é comum. Futebol não é ambiente para isso, não é ambiente para desrespeito, para racismo, discriminação, qualquer coisa que vá ferir a dignidade humana, chatear ou agredir alguém. Não houve confirmação da acusação, embora a gente entenda a boa-fé do jogador do CSA. Entendo, respeito e me solidarizo a eles, que se sentiram vítimas da situação", disse Marcelo Paz, em vídeo divulgado nas redes sociais.

"Porque não é só repudiar o racismo, é ser antirracista, realmente ter uma atitude proativa, de jamais tolerar esse tipo de situação, porque futebol é alegria, entretenimento. O CSA é um clube amigo, irmão, nordestino como a gente, de muitas batalhas juntos. Conheço a direção do clube, temos uma ótima relação com essa instituição, e a gente não quer jamais que um episódio como esse, isolado, causado por alguém, fique como uma marca nessa relação entre Fortaleza e CSA. Deixo toda minha solidariedade aos atletas do CSA, entendo a colocação deles, e o Fortaleza sempre vai ser ativo, operante e contra qualquer tipo de discriminação dentro e fora do futebol", destacou em outro trecho do pronunciamento.

O presidente do Leão ainda recordou a postura do clube nos últimos anos sobre o tema. Em dezembro de 2020, antes da partida contra o Corinthians, pela Série A, atletas negros entraram em campo com a camisa da campanha Alvos do Racismo, em que o símbolo estava estampado nas costas, fazendo alusão à agressão contra os negros.

No ano passado, torcedores fizeram mosaico no jogo contra o River Plate, no Castelão, pela Libertadores, que dizia "stop racism" após episódio de discriminação de um torcedor argentino no jogo de ida.

"E o Fortaleza, historicamente, é um clube que combate esse tipo de situação preventivamente. No ano de 2020, nós tivemos uma campanha premiada que se chamava Alvos do Racismo, em que atletas negros entraram com a camisa do Fortaleza como se fosse um alvo nas costas e falaram sobre situações que sofreram ao longo da vida. Em 2022, fizemos um mosaico — vindo do nosso torcedor, o torcedor do Fortaleza também combate esse tipo de situação — em virtude dos episódios que houve na Argentina, no jogo contra o River Plate. Fizemos uma campanha sobre isso, um mosaico que rodou o mundo inteiro, e o Fortaleza é um clube que jamais vai tolerar", garantiu Marcelo Paz.

Confira a íntegra do pronunciamento do presidente do Fortaleza:

"É um tema muito chato, que a gente repudia veementemente. O assunto chegou até mim, especificamente, durante o jogo, no intervalo. De imediato, a gente pediu que apurasse. Nosso diretor jurídico, Germano (Palácio), foi ver a situação, pessoal de operação de jogo também, Thiago, Regis (Aguiar). Fomos falar com o comandante da Polícia, capitão André, com a arbitragem, para mostrar que o Fortaleza jamais será omisso nesse tipo de situação.

A gente jamais vai tolerar, achar normal, que é comum. Futebol não é ambiente para isso, não é ambiente para desrespeito, para racismo, discriminação, qualquer coisa que vá ferir a dignidade humana, chatear ou agredir alguém. Não houve confirmação da acusação, embora a gente entenda a boa-fé do jogador do CSA. Entendo, respeito e me solidarizo a eles, que se sentiram vítimas da situação.

E o Fortaleza, historicamente, é um clube que combate esse tipo de situação preventivamente. No ano de 2020, nós tivemos uma campanha premiada que se chamava Alvos do Racismo, em que atletas negros entraram com a camisa do Fortaleza como se fosse um alvo nas costas e falaram sobre situações que sofreram ao longo da vida. Em 2022, fizemos um mosaico — vindo do nosso torcedor, o torcedor do Fortaleza também combate esse tipo de situação — em virtude dos episódios que houve na Argentina, no jogo contra o River Plate. Fizemos uma campanha sobre isso, um mosaico que rodou o mundo inteiro, e o Fortaleza é um clube que jamais vai tolerar.

Peço que, inclusive, que o agressor, em se confirmando a agressão — e eu volto a dizer, acredito na boa-fé dos jogadores do CSA —, que o agressor se apresente, mostre que errou, reconheça, peça desculpas e que jamais ninguém dentro do Fortaleza, em um estádio de futebol em que a gente esteja jogando, tolere esse tipo de situação. Se ver alguém fazendo isso, avise, puna, oriente, faça o procedimento correto. Porque não é só repudiar o racismo, é ser antirracista, realmente ter uma atitude proativa, de jamais tolerar esse tipo de situação, porque futebol é alegria, entretenimento.

O CSA é um clube amigo, irmão, nordestino como a gente, de muitas batalhas juntos. Conheço a direção do clube, temos uma ótima relação com essa instituição, e a gente não quer jamais que um episódio como esse, isolado, causado por alguém, fique como uma marca nessa relação entre Fortaleza e CSA. Deixo toda minha solidariedade aos atletas do CSA, entendo a colocação deles, e o Fortaleza sempre vai ser ativo, operante e contra qualquer tipo de discriminação dentro e fora do futebol"

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