Após nova punição ao Crato, Paz faz questionamentos sobre o presidente do TJDF

Dirigente recordou episódio de 2015 e afirmou que Fred Bandeira "quis tirar o Fortaleza do campeonato" e agora conduz processo para "melar tetracampeonato". Alex Santiago, vice-presidente do Tricolor, disse que há irregularidades no processo

20:52 | Mai. 09, 2022

Por: Brenno Rebouças
Marcelo Paz e Alex Santiago concederam coletiva nesta segunda-feira, 9 (foto: Reprodução/TV Leão)

O Fortaleza se posicionou quanto à reforma da pena imposta ao Crato por parte do Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol (TJDF-CE), em julgamento realizado na manhã desta segunda-feira, 9.

Os auditores do Pleno decidiram dar WO em todas as partidas do time do Cariri, que já havia sido excluído, mas tinha tido apenas quatro jogos anulados. Com a mudança, a classificação da primeira fase do Estadual precisa mudar e há consequência para todo o restante do certame.

Na prática, isso não deve acontecer porque a Federação Cearense de Futebol e os quatro clubes semifinalistas (Fortaleza, Ferroviário, Iguatu e Caucaia) vão recorrer ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), portanto, será necessário aguardar a decisão da instância superior para saber o que vai acontecer.

Em coletiva concedida na tarde desta segunda, o presidente do Fortaleza, Marcelo Paz, e o vice-presidente e diretor de futebol, Alex Santiago, abordaram o assunto. Enquanto o segundo foi mais técnico, explicando o porquê do Tricolor entender que a decisão do TJDF é equivocada, o primeiro fez questionamentos a respeito do presidente da instituição, Fred Bandeira.

"O Fred Bandeira, que quis tirar o Fortaleza do campeonato (cearense) em 2015, é quem está conduzindo (o processo referido), para querer melar o nosso tetracampeonato. Por que o Fred Bandeira foi indicado pelo Sindicato dos Árbitros? Queria que vocês pesquisassem isso aí. Qual foi a benfeitoria que ele fez para o Sindicato dos Árbitros? E todo mundo sabia que ele foi indicado para ser presidente. E por que o auditor que mudou o voto hoje deve ser o próximo presidente do Tribunal? Queria que vocês pesquisassem isso aí", disse Paz. O auditor a quem ele se refere é Luciano Bezerra, que foi relator do processo que excluiu o Crato do Estadual de 2022.

Procurado pelo Esportes O POVO, Bandeira se manifestou. "É lamentável a postura de um dirigente de um clube de Série A e que está na Libertadores adotar esse tipo de atitude, atacando não só a minha pessoa, mas ao Tribunal como um todo. Deveria ter mais respeito e ter cuidado, para que não sofra consequências por esse tipo de ataque. Me limito a comentar o que o presidente Marcelo Paz falou, dizendo que foi feita a devida justiça sim, os votos foram aplicados [...] Em 2015 eu era procurador de justiça, fiz apenas uma denúncia, não fui eu que julguei. Nosso julgamento hoje foi pautado no contraditório e ampla defesa. Ataque pessoal não é atitude de dirigente que se preze, de dirigente que deveria ser grande, coisa que o Marcelo Paz se mostra pequeno. Lamentáveis os comentários, tenho certeza que ele fez isso de cabeça quente e deve repensar as atitudes. No mais, a insatisfação deve ser perseguida nas instâncias superiores", respondeu o presidente do TJDF, ressaltando que o Pleno é composto por nove auditores e que ele não vota sozinho.

Quanto à indicação por parte do Sindicato dos Árbitros, Bandeira disse que Paz deveria perguntar ao Sindicato e lembrou que na primeira gestão foi indicado pelos clubes, não contando apenas com o voto do Fortaleza.

Entendimento do Fortaleza

Alex Santiago, que representa os quatro clubes semifinalistas do Campeonato Cearense, elencou motivos, disse que as supostas manipulações de resultados na competição devem ser “muito bem apuradas, mas da maneira correta, por meio dos instrumentos jurídicos corretos e punir as pessoas corretas”. O citou alguns pontos que considera estranhos em todo o processo.

“O Maracanã e o Icasa, tomando ciência do primeiro WO aplicado, em Ferroviário x Crato, na última rodada da fase de classificação, curiosamente não apresentaram denúncia naquele momento, que em tese seria o ideal [...] É curioso também entender o porquê aquilo aconteceu naquele momento (os dois clubes se manifestarem depois do término da segunda fase) [...] e aí depois nós temos um problema que é a suspensão do campeonato antes das semifinais", enumerou, afirmando também que não constam as custas corretas no processo.

O ponto que Santiago colocou como mais importante, porém, foi o instrumento pelo excluiu o Crato da competição. “Foi uma petição assinada por dois clubes, chamada medida inominada, não foi uma ação movida pela Procuradoria, que é quem tem competência para poder impor uma punição de exclusão. Essa peça (medida inominada) jamais excluiu algum clube de uma competição, mas excluiu o Crato", disse.

Por fim, o dirigente tricolor tranquilizou a torcida do clube. "Estamos seguros mesmo de que, certamente, a justiça vai dar a resposta correta. Título conquistado dentro de campo não se tira e o Fortaleza é tetracampeão cearense", garantiu.