Análise: Vojvoda acerta na estratégia, mas Fortaleza peca nas oportunidades

O Esportes O POVO analisou a estratégia quase perfeita de Juan Pablo Vojvoda na primeira etapa e o que não funcionou para o time parar de criar chances de gol nos 45 minutos finais

A derrota do Fortaleza para o Corinthians por 1 a 0 pelo Brasileirão deixou um gosto amargo para a torcida tricolor, que viu o time criar oportunidades de abrir o placar, principalmente no primeiro tempo, e acabou sendo superado na Neo Química Arena com gol contra de Matheus Jussa, logo no início da segunda etapa.

Apesar de ter sido dominante no primeiro tempo, o Leão do Pici não teve o mesmo ímpeto para incomodar o Alvinegro após sair atrás no marcador e acumulou outro revés no Brasileirão. O Esportes O POVO analisou a estratégia quase perfeita de Juan Pablo Vojvoda na primeira etapa e o que não funcionou para o time parar de criar chances de gol nos 45 minutos finais.

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A estratégia de Vojvoda

Contra um adversário superior tecnicamente, Vojvoda permaneceu com o sistema tático com três zagueiros e dois alas, mas apostou reforçar a marcação no meio-campo, colocando Matheus Jussa, Felipe e Hércules na trinca de volantes.

A disposição tática entre Fortaleza e Corinthians no primeiro tempo.
A disposição tática entre Fortaleza e Corinthians no primeiro tempo. (Foto: Pedro Mairton)

A estratégia era ganhar superioridade numérica no meio-campo, anulando o jogo do Corinthians por esse setor e apostando no jogo reativo a partir da bola recuperada e transição ofensiva em velocidade.

Com três volantes no meio somado a três defensores, Vojvoda não temeu em adiantar as linhas, uma vez que a forte marcação impedia o time do Corinthians em trocar passes pela região central do campo, e induzia a equipe paulista a realizar bolas longas ou tentar sair tocando pelas laterais, que era facilmente anulado pelos encaixes precisos de Pikachu e Juninho Capixaba.

Com a bola, a equipe apostava nos três meias defensivos para liberar as investidas de Pikachu e Juninho Capixaba, que constantemente avançavam pelo lado do campo porque eram cobertos por um dos companheiros.

Além disso, Tinga também desempenhou importante função na fase ofensiva da equipe. Por possuir características de bom passe e infiltração, o zagueiro tinha liberdade de avançar como um lateral-direito e criava ainda mais superioridade numérica ao Fortaleza pelo lado do campo.

O Fortaleza, dessa forma, impedia o Corinthians a trocar passes pelo meio, devido ao grande número de volantes, e também pelas laterais, uma vez que o espaço deixado para o avanço dos alas na marcação era protegido pelas trincas na defesa e no meio-campo.

O Fortaleza adiantou as linhas e encaixou a marcação na saída de bola do Corinthians, impedindo progressões pelo meio e pelas laterais.
O Fortaleza adiantou as linhas e encaixou a marcação na saída de bola do Corinthians, impedindo progressões pelo meio e pelas laterais. (Foto: Pedro Mairton)

Isso explica o porquê da superioridade do Fortaleza sobre o adversário no primeiro tempo. Foram 12 finalizações do Tricolor contra uma do Alvinegro, segundo o FootStats, e a maioria dos chutes se originaram em bolas recuperadas que resultaram em contra-ataques em velocidade.

O que deu de errado no segundo tempo

No segundo tempo, o Corinthians fez uma alteração importante que mudou a dinâmica da partida: a substituição de Renato Augusto pelo zagueiro Raul Gustavo.

Com a mudança, o Corinthians espelhou o sistema tático do Fortaleza, com dois volantes protegendo a linha de cinco defensiva alvinegra.

Com um zagueiro a mais, Raul Gustavo, o Corinthians ganhou mais uma opção na saída de bola, e permitiu aos alas, Rafael Ramos e Lucas Pitón, a adiantarem-se e impedirem a aproximação de Yago Pikachu e Juninho Capixaba.
Com um zagueiro a mais, Raul Gustavo, o Corinthians ganhou mais uma opção na saída de bola, e permitiu aos alas, Rafael Ramos e Lucas Pitón, a adiantarem-se e impedirem a aproximação de Yago Pikachu e Juninho Capixaba. (Foto: Pedro Mairton)

Com o início de segundo tempo equilibrado, o Fortaleza viu o Corinthians ganhar consistência defensiva pelo meio e criou amplitude para os dois alas, Rafael Ramos e Lucas Pitón, além de Roger Guedes e Willian, que criavam espaços a partir de movimentações.

Com isso, o Corinthians tinha uma vantagem em relação ao Fortaleza: um homem de criatividade, Willian, protegido por dois volantes, Maycon e Du Queiroz.

Com os dois laterais do Corinthians se transformando em alas, Juninho Capixaba e Yago Pikachu não avançaram tanto as linhas como faziam no primeiro tempo. Essa mudança anulava também na criatividade do time com a bola no pé, uma vez que esses dois jogadores tinham liberdade para criar nos primeiros 45 minutos, enquanto no segundo tempo precisavam se manter presos na posição para não gerarem espaços para Lucas Pitón e Rafael Ramos.

Com o gol contra de Jussa ainda no início da etapa final, a estratégia do Fortaleza foi por água a baixo. Isso porque a proposta da equipe era reativa, e mesmo com a anulação de Yago Pikachu e Juninho Capixava pelas laterais, o time de Vojvoda poderia apostar na bola recuperada no meio-campo e partir para o contra-ataque.

Em desvantagem, o Fortaleza se viu obrigado a propor mais o jogo se quisesse buscar o empate e sacrificou Felipe para dar lugar a Lucas Lima para ser este homem de criação. A alteração, porém, retirou de campo um dos homens que poderia manter a pegada na marcação e, ao mesmo tempo, auxiliar na criatividade do time, uma vez que Hércules e Jussa não têm essas características do camisa 15, que foi o atleta tricolor com mais passes certos no primeiro tempo, com 24, mais do que os respectivos companheiros somados, que juntos realizaram 23.

E confortável no placar, o Corinthians explorou os espaços deixados pelo Fortaleza e administrou o ímpeto ofensivo do Tricolor no segundo tempo. Para efeito de comparação, o Leão finalizou apenas quatro vezes na etapa final, três vezes menos que nos primeiros 45 minutos, sendo apenas um chute ao alvo.

Caso abrisse o placar em algumas das oportunidades criadas no primeiro tempo, o Fortaleza estaria mais confortável em jogar com os três volantes e poderia permanecer na estratégia de roubar as bolas no meio-campo para atacar nos contra-ataques.

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