Sem previsão de público nos estádios, Fortaleza prepara revisão no orçamento

Após projetar R$ 12,9 milhões em receitas com bilheteria em 2021, Tricolor adequa números ao cenário de pandemia e levará novo documento para votação dos conselheiros

20:23 | Abr. 12, 2021

Estádios brasileiros seguem sem presença de público em meio à pandemia de Covid-19 (foto: Aurelio Alves)

Elaborado no final do ano passado, o orçamento do Fortaleza para 2021 passa por revisão e terá números inferiores nas receitas com bilheteria e sócio torcedor em relação à projeção inicial, apurou o Esportes O POVO. Sem previsão de público nos estádios na temporada, o clube decidiu realizar a mudança no documento e levará para votação no Conselho Deliberativo nas próximas semanas.

Em dezembro de 2020, a diretoria do Leão divulgou os números estimados para este ano, com receita recorde e previsão superavitária. Havia a projeção de faturamento com bilheteria nos jogos em meio à pandemia de Covid-19, com a perspectiva de que houvesse a liberação de torcedores a partir do primeiro trimestre, o que não se concretizou.

Ainda com as arquibancadas vazias nas partidas - o que deve perdurar por mais alguns meses -, o Tricolor decidiu realizar revisão no orçamento para adequar ao cenário atual. O clube estimava que ganharia R$ 12,9 milhões com bilheteria e R$ 14,4 milhões com o programa de sócio torcedor, o que geraria um total de R$ 27,3 milhões.

"Nós fizemos o planejamento em novembro, porque era uma peça que a gente tinha que entregar ao Conselho Deliberativo em dezembro, faz parte do regimento do clube. E, em novembro, o cenário de Covid era diferente, era um cenário que estava tendo uma queda, e a gente tinha, realmente, uma perspectiva de que o público voltasse no ano de 2021. Mas o orçamento pode ser alterado e certamente vai ser alterado, porque eu, particulamente, não tenho perspectiva de público tão cedo em 2021. Porque é vacina, segunda dose da vacina, imunização de rebanho, tranquilidade para as pessoas poderem ir ao estádio... O futebol é a maior manifestação coletiva que existe, vão 50, 60 mil pessoas a um jogo. Em um show vão 10 mil, 5 mil. O futebol é a maior, então, talvez, seja a que mais vai demorar", explicou o presidente Marcelo Paz em entrevista à TV Leão, em live realizada no mês de janeiro.

Com a alteração nos números, o Fortaleza terá uma queda na projeção de receitas para a temporada. Em contrapartida, outros fatores podem compensar as perdas, como a negociação de jogadores. Nos primeiros meses do ano, o Leão já faturou mais de R$ 3 milhões e almeja ultrapassar a meta anual de R$ 7,5 milhões.

"O jogo do Fortaleza hoje tem bilheteria, camarote, fan fest, ativações comerciais, o telão, uma série de coisas que a gente evoluiu no match day, tem o setor para crianças. Tudo isso gerava receita. Então, a gente vai ter que zerar isso e, infelizmente, o sócio torcedor também cai muito. Infelizmente, quando não tem público, o sócio cai. São receitas que não vão ter em 2021, e a gente vai ter que adequar o orçamento e, mais do que isso, adequar à realidade. E o clube que não fizer isso vai ter dificuldade", alertou o mandatário do clube.

Após realizar a revisão, a diretoria do Fortaleza deve encaminhar o novo orçamento ao Conselho Deliberativo e ao Conselho Fiscal. O documento será votado em reunião pelos conselheiros para aprovação, o que deve ocorrer ainda este mês. No mesmo encontro, a propósito, deverá ser apreciado o balanço financeiro de 2020.