Com Chamusca pressionado, Fortaleza reencontra Ceni, agora no Flamengo

Será o primeiro encontro entre o Leão e seu histórico ex-técnico, que foi recentemente para o Rubro-Negro Carioca

16:50 | Dez. 24, 2020

Por: Gabriel Lopes
Marcelo Chamusca está pressionado no comando do Fortaleza (foto: Aurelio Alves)

O último compromisso do Fortaleza em 2020 será cheio de tensões. No sábado, 26, o Leão recebe o Flamengo-RJ na Arena Castelão às 19 horas, pela 27ª rodada do Campeonato Brasileiro. Mais que o confronto com o atual campeão brasileiro e da Libertadores, o confronto marcará o reencontro do Leão com seu ex-técnico, Rogério Ceni, que deixou o Tricolor para comandar o Rubro-Negro Carioca em novembro.

O reencontro tem ainda um ingrediente extra. Atual treinador do Tricolor, Marcelo Chamusca não conseguiu emplacar bons jogos e tem a sombra de Ceni, considerado por muitos o maior técnico da história do Fortaleza, como parâmetro de comparação.

Chamusca estreou contra o São Paulo, poucos dias após a saída de Ceni. Apesar de ter jogado bem, o Leão perdeu em casa para o Tricolor Paulista. Na sequência, o Fortaleza teve dois jogos seguidos no Rio de Janeiro, contra Vasco e Botafogo. O time cearense foi superior aos adversários nos dois embates e voltou para casa com quatro pontos somados.

Contudo, quando a tabela se desenhava favorável para o Tricolor do Pici, com uma série de jogos contra oponentes da parte de baixo da tabela, a maioria deles atuando no Castelão, veio a queda de rendimento. Os comandados de Chamusca empataram com o lanterna Goiás em casa e ficaram na igualdade diante do Corinthians-SP, também no Castelão, em jogos de pouca criatividade da equipe no setor ofensivo e um breve domínio pouco efetivo.

Nos dois confrontos seguintes, contra o Red Bull Bragantino-SP, fora de casa, e no Clássico-Rei ante o Ceará, além da inoperância do ataque, o sistema defensivo, até então principal virtude do Fortaleza na competição (chegou a ter a melhor defesa do Brasileirão), sucumbiu. O Leão sofreu quatro gols nesses dois jogos, que terminaram com derrotas, além de ter proporcionado várias chances claras para os adversários marcarem.

O descontentamento da torcida com o rendimento da equipe, além de manifestações nas redes sociais, culminou em um protesto presencial, quando um grupo de torcedores adentrou a sede do clube para "conversar" com jogadores, comissão técnica e diretoria, cobrando “raça e vontade” dos atletas.

Ao todo, Marcelo Chamusca, em sete jogos à frente do Leão em 2020, conquistou somente uma vitória, empatou três vezes e perdeu outras três, aproveitamento de 28% dos pontos. O time marcou seis gols e sofreu nove. São quatro jogos seguidos sem triunfos no Campeonato Brasileiro e o Fortaleza está agora apenas dois pontos acima do Vasco, primeiro clube dentro da zona de rebaixamento e que tem uma partida a menos.

Do lado “inimigo” no sábado, Ceni também teve um início turbulento no Flamengo. Logo de cara, duas eliminações em competições importantes, na Copa do Brasil, para o São Paulo, e na Libertadores, para o Racing-ARG.

Porém, no Campeonato Brasileiro, os comandados de Ceni vivem bom momento, com quatro vitórias seguidas na competição. A última delas, diante do Bahia, contou com uma virada emocionante, pois o Rubro-Negro Carioca jogava com um homem a menos desde o primeiro tempo, sofreu a virada, mas retomou a liderança no placar.

O Flamengo é o principal concorrente do São Paulo, atual líder do Brasileirão, com cinco pontos a mais que os cariocas — com um jogo a mais.

O embate entre Ceni e Fortaleza é bastante perigoso para o cargo de Chamusca. Um resultado negativo, somado a uma atuação aquém do esperado, pode causar a saída do recém-chegado comandante tricolor.

A comparação com Rogério, que foi bicampeão cearense, campeão do Nordeste, vencedor da Série B e que classificou o Leão à Copa Sul-Americana pela primeira vez, tudo em menos de três anos, pode ser um agravante emocional na decisão sobre quem deve continuar no cargo de técnico do Tricolor do Pici para 2021.