Ceará e Fortaleza aprovam mudança sobre organizadas no Castelão e citam prejuízos "milionários"
O prejuízo ocasionado pela quebra de cadeiras na praça esportiva foi uma das justificativas para embasar a retirada dos assentos no setor da torcida organizada. Em 2022, mais de 10 mil cadeiras foram quebradas no CastelãoPrejuízos milionários com cadeiras quebradas, questão de segurança, inspiração em outros estádios brasileiros e jeito diferente de torcer. O Esportes O POVO conversou com os presidentes de Ceará e Fortaleza para entender os bastidores da decisão que culminou na realocação das organizadas de ambos os clubes no Castelão, que a partir de setembro terão de se concentrar no setor inferior — local onde os assentos serão retirados.
+ Setor inferior e sem cadeiras: torcidas organizadas mudarão de local no Castelão
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Na última segunda-feira, 17, o Esportes O POVO antecipou a determinação do Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE), por medida de segurança, para que as torcidas organizadas de Ceará e Fortaleza ocupassem os setores inferiores da Arena Castelão ao invés da superior, onde tradicionalmente ficam.
No local, serão retiradas, ao todo, 5.900 cadeiras. Serão implementadas ainda barras de ferros entre as fileiras a fim de manter a separação e evitar "avalanches".
“O Ministério Público conversou com os dois clubes para saber qual era a ideia em conjunto de Ceará e Fortaleza. A gente achou uma boa, conversamos também internamente. Juntamente com a Arena, decidimos acatar a decisão”, explicou João Paulo, mandatário do Ceará.
Marcelo Paz, presidente do Fortaleza, se aprofundou mais sobre o tema e relembrou que as torcidas organizadas possuem uma “forma diferente de assistir futebol no estádio”. O mandatário ainda citou, como exemplo, algumas arenas pelo Brasil onde determinados setores tiveram suas cadeiras retiradas.
“Primeiro é preciso dizer que o torcedor organizado tem uma forma diferente de assistir futebol no estádio. Ele assiste o jogo em pé, cantando, com bandeiras e pulando o tempo todo. Isso é meio incompatível com lugares com cadeiras. Digo isso baseado em observações de estádios do mundo inteiro”, introduziu.
“Na Arena Corinthians, toda parte atrás dos gols, onde ficam as organizadas, na Arena do Grêmio, a mesma coisa, Bayern de Munich, do mesmo jeito. No Castelão, não é possível retirar as cadeiras de cima por questões de segurança. O Corpo de Bombeiros, por segurança e de forma correta, não permite que se tire as cadeiras de cima. Então tirar as de baixo é uma solução”, concluiu.
Em 2022, cadeiras quebradas no Castelão resultaram em prejuízo de R$ 4,2 milhões
Na última temporada, a Arena Castelão foi responsável por sediar 73 partidas. Deste número de jogos, o saldo final de cadeiras quebradas ultrapassou a margem de 10 mil, o que representou um prejuízo de cerca de R$ 4,2 milhões para Ceará e Fortaleza, que são responsáveis por qualquer ato de vandalismo na praça esportiva.
Na época, Rogério Pinheiro, secretário de Esportes do Governo do Estado do Ceará, não detalhou quanto desse montante foi de Ceará ou Fortaleza, as duas equipes que mais sediaram partidas como mandante no estádio. Sobre o tema, Marcelo Paz enfatizou os danos financeiros para defender a retirada das cadeiras.
“O índice de cadeiras quebradas é altíssimo no setor de organizada, porque eles realmente torcem de maneira diferente. Prejuízos milionários para os clubes. Eu entendo que é uma medida acertada, foi conversado entre todos os autores para tomar essa decisão, que não tem nada de absurdo ou de inventar moda. No Brasil inteiro, o setor de organizada é sem cadeira”, explicou.