Retorno ao Estado, elenco e metas: Francisco Diá projeta trabalho no Ferroviário

Ex-Icasa, novo comandante do Tubarão comemora volta ao futebol cearense e comenta sobre reformulação do elenco coral para a temporada 2021

Anunciado na última quinta-feira, 17, o técnico Francisco Diá já inicia os trabalhos no Ferroviário no próximo dia 26 visando a temporada 2021. Em entrevista ao programa As Frias do Sérgio, da Rádio O POVO CBN, neste sábado, 19, o novo treinador coral falou sobre o retorno ao futebol cearense, a filosofia de trabalho e a reformulação do grupo de jogadores.

O comandante potiguar passou pelo Icasa entre 2012 e 2013. Em Juazeiro do Norte, trabalhou com Artur Boin, à época investidor do Verdão e atualmente diretor de futebol do Tubarão da Barra. A relação com o dirigente e a vitrine do futebol local fizeram o treinador aceitar o convite.

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"Tenho uma amizade muito grande com o Artur Boin, com o qual eu trabalhei e sei da seriedade dele. Tive a oportunidade de trabalhar com ele no Icasa. E o ABC passou por uma turbulência muito grande desde a pandemia da Copa do Nordeste, em que a gente perdeu 11 jogadores, sete titulares, e não tivemos peças de reposição. Passa por um momento difícil. E o futebol cearense é uma vitrine. Eu trabalhei e gostei daí. O Ferroviário é um time que dá uma bom infraestrutura para trabalhar. Começou fazendo uma boa Série C e não teve êxito no acesso. O Marcelo (Vilar) estava fazendo um grande trabalho, mas depois perdeu peças. E é mais por essa amizade que a gente tem com o Artur Boim e todos que fazem o Ferroviário, estou de volta ao futebol cearense", explicou.

No próximo ano, o clube coral tem a Taça Fares Lopes, o Campeonato Cearense e a Série C do Brasileiro no calendário. O torneio estadual é o primeiro desafio e dá vaga ao campeão na Copa do Brasil, mas Diá não esconde o maior desejo do clube.

"A preferência do Ferroviário agora é a Fares Lopes. Claro que o pensamento, o sonho do Ferroviário é ter o acesso à Série B do Campeonato Brasileiro, mas o pensamento de imediato é conquistar a Fares Lopes, que dá uma vaga para a Copa do Brasil. Isso é importante. É claro que sabemos que vamos encontrar muita dificuldade, até porque o Ferroviário perdeu uma base sólida, inclusive dois jogadores que eu tinha indicado para o Artur: o Willian Lira e o Wellington Rato. O Ferroviário perdeu muito com a saída do Rato e agora com a perda de Willian. Então, tem que fazer uma remontagem com jogadores", ponderou.

Confira outros trechos da entrevista

Início do trabalho

"Estou chegando aí (em Fortaleza) na segunda-feira para me reunir com o presidente, o diretor de futebol e a minha comissão. O meu pensamento é montar um time competitivo, um time forte para a Fares Lopes e fazer uma base para o Campeonato Cearense e a própria Série C. Eu já tive a oportunidade de disputar a Série C outras vezes, então aquele jogador que tiver capacidade é importante já fazer um contrato mais longo"

Volta ao futebol cearense

"Houve sim, tanto dele (Artur Boin) quanto do Felipe Boin, seu filho. Eles me procuraram. Eu já tinha tido outros convites para voltar ao futebol cearense, mas estava fazendo um trabalho muito bom na equipe do Sampaio Corrêa, onde eu tive um título e o acesso, não foi possível naquela oportunidade. Quando estava aqui em Natal, já tinha tido a oportunidade na saída de Marcelo, no ano passado, mas eu estava trabalhando e queria cumprir meu contrato, ser campeão estadual. Eu tinha tido até outras propostas de outros clubes, mas dei preferência a esse trabalho. O pensamento do Ferroviário é fazer uma boa Fares Lopes e fazer um bom Cearense para, consequentemente, fazer um trabalho para tentar o acesso na Série C"

Perfil do elenco

"A gente tem que montar de acordo com a capacidade financeira. Eu já disputei várias vezes a Série C. O perfil do jogador é esse, mas é difícil no mercado a questão salarial. O ABC tem um calendário bom com a Copa do Nordeste, e isso facilita para o atleta. Na Fares Lopes, vamos ter essa dificuldade porque hoje ainda está em andamento o Campeonato Brasileiro. Então, tem que fazer uma garimpagem na Série D. Vi muitos bons jogadores. A chave que a gente disputou na primeira fase não era tão forte, mas viu jogadores que têm condição de fazer uma Fares Lopes"

Participação em contratações

"Eu tenho facilidade. Nas equipes em que eu passei, eu tive facilidade de montagem. Eu não sou contra gerente de futebol, acho que tem que trabalhar, mas quem tem que contratar é o treinador. Tem que dar os nomes, mas o treinador sabe o perfil. Foi assim no Sampaio, foi assim no Icasa, na época eu dispensei uns 20 a 30 jogadores e trouxe dois, três da própria Fares Lopes. No Sampaio, a gente reduziu a folha de pagamento e trouxe alguns jogadores que conhecia, como o Fernando Sobral, o Marlon. O Luiz Otávio, quando eu fui buscar para o Sampaio, estava jogando a Segunda Divisão no Rio de Janeiro. Acredito que fique mais fácil a gente dando os nomes, o presidente pode fazer a pesquisa, mas eu costumo indicar os atletas. Foi uma das coisas que eu pedi foi essa prioridade. Gerente de futebol faz os acertos financeiros, e o treinador que tem que indicar os jogadores, porque quem vai perder o cargo depois é o treinador. Vai cair o pau em cima dele"

Objetivo na Fares Lopes

"O primeiro passo na Fares Lopes é conquistar o título. É claro que você não pode montar uma equipe com salários em um patamar mais alto como na Série C, até porque é mais difícil contratar agora com competições em andamento. O primeiro passo é a Fares Lopes com um elenco mais enxuto, mas que tem obrigação do título"

Pré-temporada curta

"É um desafio muito grande. Eu sou acostumado com desafio. Depois que eu escapei daquela degola com o Sampaio, a gente é acostumado com esse tipo de desafio. É pouco tempo para trabalhar, gostaria de ter uma pré-temporada mais longa. A apresentação vai ser dia 26, vamos ter de 13 a 14 dias para trabalhar. É pouco tempo. Por isso é importante trazer jogadores que tenham atuado agora. Jogadores que estejam parados há dois, três meses fica difícil. Eu e a diretoria estamos tentando fazer escolhas de jogadores que atuaram, principalmente, na Série C e alguns na D com ritmo de jogo. Claro que é um desafio muito grande e pouco tempo de trabalho"

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