"Bicos" em obras e mineração: Lourenço, destaque do Ceará, lembra início difícil no futebol
Volante de 27 anos concedeu entrevista exclusiva ao Esportes O POVO na última sexta-feira, 1º, em PorangabuçuUm dos destaques do Ceará na temporada, o meio-campista Lourenço concedeu entrevista exclusiva ao Esportes O POVO. Dentre vários assuntos comentados, o camisa 97 falou sobre seu início de carreira, que contou com "bicos" em obras como segunda renda e uma quase ida para a mineração.
Natural de Belo Horizonte (MG), João Paulo Lourenço cresceu em uma família apaixonada por futebol e desde muito cedo desejava se tornar jogador profissional. A trajetória, no entanto, não foi das mais fáceis. Ele, por exemplo, não passou por categorias de base, processo comum na vida da maioria dos atletas.
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"(Paixão pelo futebol) Vem de família, o futebol sempre esteve presente na minha vida. Mas, como eu morava numa cidade pequena, não tive tanta oportunidade, e as que tive, não fui aprovado. Comecei bem tarde no futebol. O 'certo' é começar com 14 ou 15 anos na base de um time, eu comecei com 17 para 18 já no profissional. Acho que isso me fez amadurecer um pouco mais rápido. Tudo foi no tempo de Deus", disse.
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Na sequência, o camisa 97 do Vovô revelou que tentou ter um segundo emprego na área da mineração para complementar a renda, mas seu irmão não autorizou. Segundo Lourenço, ele foi um dos seus maiores apoiadores.
"Até tentei, mas meu irmão não deixou. Ele é um dos caras que me apoiou muito e não me deixou desistir de ser jogador. Como na minha cidade tem muito emprego na área de mineração, eu cheguei a enviar currículos para trabalhar, mas meu irmão não deixou. Ele acreditava mais no meu sonho do que eu. Cheguei a fazer uns trabalhos na cidade mesmo, ajudava um amigo a fazer uma obra, mas nada fixo. Era mais para ter um dinheiro no fim de semana, para 'dar uma volta'", comentou o jogador alvinegro.
Convite do Ceará
Em outro momento da conversa, o volante contou como recebeu o convite do Ceará no fim de 2023, ano em que se destacou vestindo a camisa do Vila Nova. Para ele, o Vovô representou um desafio na carreira devido sua história e torcida.
"Quando acabou a temporada passada, tive a opção de ficar no Vila. Criei uma identidade lá, amigos, gosto muito do pessoal de lá [...] O Lucas (Drubscky) procurou meu empresário, eu até tinha outras opções, mas eu tinha jogado contra e nunca tinha visto aquilo em outros lugares, questão de torcida, Arena. Então eu decidi vim pelo desafio, pelo clube e pela camisa. É o primeiro clube que eu jogo que a torcida lota o estádio todo jogo", afirmou.
Cobrança de faltas
Responsável pela maioria dos lances de bola parada no Ceará, Lourenço contou como iniciou essa "especialização" e citou referências como os ex-jogadores Marquinhos e Juan, que dividiram vestiário com ele no Avaí.
"No Avaí tive experiências com alguns especialistas em bola parada, como Marquinhos e Juan. Eu sempre ficava olhando e treinando. Esses caras sempre me motivaram e me deram oportunidade. Ano passado comecei a treinar ainda mais e vou continuar treinando."
Versatilidade
Por fim, o jogador de 27 anos também analisou sua versatilidade em campo. Chamado de "motorzinho" por muitos torcedores, ele já jogou como lateral-direito, volante, meia e ponta durante sua carreira.
"Quando um atleta chega ao profissional, ele tem que cumprir algumas funções, por exemplo: 'Ah, um lateral está suspenso e vou precisar de alguém ali no treino', aí eu treinava. Já treinei de lateral, volante, meia, ponta. Basta você ter vontade e uma noção", disse.
Durante a resposta, ainda brincou com o fato de atuar como goleiro nos famosos "rachões" quando defendia o Vila Nova, mas disse que a prática não ocorre no Vovô.
"No começo não podia jogador de linha ir pro gol, então esse ano eu estou livre (risos). Deixo isso com o pessoal que entende mais do assunto", finalizou Lourenço.