Presidente do Ceará rechaça culpa após reprovação de Novo Estatuto

Além do mandatário, o presidente do conselho, Herbet Santos, também se posicionou

12:15 | Set. 05, 2024

Por: Rangel Diniz
João Paulo Silva falou sobre momento do clube (foto: Marcelo Vidal/Ceará SC)

Após a votação que resultou em uma nova reprovação do anteprojeto do estatuto social do Ceará, na noite desta quarta-feira, 4, em Carlos de Alencar Pinto, o presidente do clube, João Paulo Silva, falou com exclusividade ao Esportes O POVO. O mandatário justificou o que levou os conselheiros a votarem contra, apontou má condução por parte do Conselho Deliberativo e discorreu sobre o processo até a votação.

Também em contato com a reportagem, o presidente do Conselho Deliberativo, Herbet Santos, se posicionou, apontando novamente uma quebra de compromisso por parte do mandatário alvinegro. Herbet indicou ainda que "o texto seria aprovado por unanimidade" e que "não havia necessidade de apresentação de novas emendas", se referindo a assembleia anterior, realizada para definição do rito.

No momento de votação do anteprojeto, dos 297 conselheiros aptos, 87 marcaram presença na reunião, sendo 75 votantes para "não" e 11 para "sim". Houve ainda um voto nulo. Para o presidente do time, o quórum baixo partiu justamente de um movimento conjunto dos conselheiros.

Sobre o resultado, o João Paulo falou que o resultado "é uma decisão do conselho", afirmando: "Às vezes, ficam jogando como se isso fosse uma responsabilidade minha. Isso não pode cair no meu colo. Eu sou só uma pessoa que tem um posicionamento, mas isso é uma decisão do conselho".

"Eu acho que foi conduzido de forma errada. Essa questão foi empurrada 'de goela abaixo'. Eles [os conselheiros] resolveram se juntar e não votar", completou o presidente João Paulo Silva, reafirmando que o processo, desde a assembleia de definição do rito, como princpial motivo da grande ausência dos votantes na noite da reunião extraordinária.

Segundo ele, vários conselheiros queriam que o torcedor tivessem poder de voto, assim como ele também queria, mas disse: "O processo foi empurrado de uma forma que ninguém gostou. Como a situação tem a maioria, acabou não passando. Só isso", disse após ser questinado sobre o principal motivo da reprovação, posto que existia uma união entre partes para aprovar o voto do torcedor, assim, não seria a maior questão.

O momento ocorreu com votação integral, nominal e secreta. Vale lembrar que o último projeto de Estatuto Social promovido foi aprovado no Conselho Deliberativo, assim como o atual projeto, mas rejeitado em Assembleia Geral no dia dia 17 de junho. Na ocasião, a votação contou com clima tenso.

Complicações que iniciaram na votação do rito da Assembleia

"Fizeram um requerimento, assinado por 58 conselheiros para convocar um assembleia para a definição do rito da votação do estatuto", disse o presidente na última fala à reportagem.

Contudo, ainda que o anteprojeto de estatuto tenha sido formulado pela Comissão Estatutária Provisória por ato conjunto dos presidentes da Diretoria Executiva e do Conselho Deliberativo, o presidente do conselho, Hebert Santos, fez um posicionamento exclusivo ao Esportes O POVO, anteriormente, indicando que o presidente "não cumpriu com a palavra" no momento da definição".

“Não estive presente na assembleia. Tinha um consenso firmado pelos dois lados. João Paulo não cumpriu a palavra. Eu não concordo com a decisão tomada contra o estatuto do clube, mas o conselho deliberativo vai cumprir a decisão da assembleia. O projeto do novo estatuto está pronto com a previsão do voto do sócio torcedor já para 2024 e a responsabilidade da aprovação está nas mãos do presidente da executiva”, detalhou.

À época, o diretor cultural do Ceará, Anacleto Figueiredo, saiu em defesa do procedimento de decisão do rito de votação: "Quem optou por não ir, não pode agora querer reclamar do que foi decidido, pois a oportunidade de se contrapor era na assembleia, que é o ambiente democrático de decisão do clube. Que fique claro: não houve, da nossa parte, nenhuma decisão que contrarie o estatuto. O art. 5º, IV do estatuto prevê o quórum de 2/3 para aprovação de alteração estatutária, mas eles querem mudar na marra e na marra não vão conseguir. Há um estatuto que tem que ser respeitado".

Possibilidade de votos do torcedores

Ao ser questinado sobre a possibilidade de uma medida que viabilize o voto do torcedor, João Paulo indicou que seria a favor, mas deixou claro que seria difícil de acontecer, de forma quase impossível: "É uma discussão que tem que ser melhor conduzida entre os conselheiros, ampliando esse assunto, mas creio que para este ano já não seja mais possível".

Sobre o resultado da assembleia, o mandatário disse que não pode ser culpado de maneira integral, tendo o poder de um único voto: "Acho que é muito fácil. Ficam me culpando, jogando a responsabilidade em mim. A decisão não é minha, eu estou apenas como um dos que tem voto".

No primeiro processo, 112 votaram contra e 104 a favor. Com o resultado, emendas como voto dos sócios-torcedores para presidente, possibilidade de transformação em SAF e remuneração para a diretoria executiva foram vetadas. O presidente João Paulo Silva, naquele momento, se posiocionou contra os pontos do estatuto proposto.